Emicida faz desabafo após seu livro ser vandalizado em Salvador: 'Minha reação a isso é de tristeza'

Emicida usou as redes sociais nesta terça-feira (07) para fazer um longo desabafo após seu livro, "Amoras", sofrer intolerância religiosa em uma escola particular localizada em Salvador. O crime foi praticado pela mãe de um aluno do ensino fundamental que vandalizou a obra aplicando indicações de salmos bíblicos, e relatando que algumas informações sobre orixás eram “falsas”.

"Eu não sou muito de fazer isso, não, mas vou fazer porque isso aí tem se tornado mais frequente. É bom marcar uma posição aqui. Hoje pela manhã eu recebi um monte de mensagem me desejando força. Um monte de gente bacana dizendo que estava junto comigo nessa, me enviando boas energias e todo apoio.

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Inicialmente eu não entendi nada. Até que uma amiga me mandou um link com a matéria do g1. Não é a primeira vez que isso acontece, de verdade. Eu confesso para vocês que as minhas reações com relação a isso já foram várias.

No começo, um pouco mais imaturo, fiquei com raiva, levei para o pessoal, mas era maior do que uma questão pessoal. Então, depois eu fiquei triste, porque é de entristecer. Viver entre radicais que se propõem a proibir e vandalizar livros infantis. Livros. Sobretudo um tão inofensivo como esse, "Amoras", quer dizer, inofensivo para os não-racistas.

Hoje, minha reação a isso é de tristeza, não uma tristeza de derrota, o livro por si já é uma grande vitória, a repercussão dele fala por si, a tristeza que eu sinto é por essas pessoas que querem que a sua religião, no caso a cristã, protestante, conhecidos como evangélicos, seja respeitada e deve ser respeitada. Mas que não se predispõe por um segundo a respeitar outras formas de viver, de existir e de manifestar sua fé.

Deixemos essa pequenez sórdidas, aqueles que são barulhentos, mas são vazios. Muito obrigado pelas mensagens de apoio, pelo carinho, mas saibam que eu estou bem, estou tranquilo e tocando minha vidinha aqui, humildemente, trabalhando para que o passado fique de fato no passado", disse ele em um vídeo publicado no Instagram. Assista abaixo:

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Uma publicação compartilhada por Emicida (@emicida)

‘Amoras’ é indicado para crianças de cinco anos e conta a história de uma menina negra que está aprendendo a se reconhecer no mundo. Em conversas com seu pai, ela tem acesso a conhecimentos ligados às culturas e religiões diferentes, além de ser apresentada a grandes ícones das lutas dos povos negros, como Zumbi, Martin Luther King e Malcolm X.

Ao menos oito páginas da obra foram vandalizadas. Na primeira página do livro, o autor fala sobre Obatalá e o caracteriza como o “orixá que criou o mundo”. A mulher caracterizou a informação como falsa e citou o livro bíblico Gênesis.

O livro também traz ilustrações didáticas para caracterizar os orixás. Nelas, foram escritos textos como “essa imagem representa um ídolo” e que os orixás são “anjos caídos”. Veja as fotos abaixo: