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Entrevista - Geoffrey Chambers

Atração da próxima edição do Reggae Power Festival, o anglo-jamaicano Geoffrey Chambers conversou com o iBahia sobre a diversidade de sua música, suas influências culturais e sua relação com a Bahia, onde reside hoje.

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06/12/2010 às 17:27 • Atualizada em 29/08/2022 às 14:04 - há XX semanas
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Do iBahia, por Camila Almeida

Atração da próxima edição do Reggae Power Festival, o anglo-jamaicano Geoffrey Chambers conversou com o iBahia sobre a diversidade de sua música, suas influências culturais e sua relação com a Bahia, onde reside hoje. Definitivamente um artista multifuncional - Chambers é também um premiado artista plástico e roteirista, o cantor fala sobre seus principais ídolos brasileiros e conta detalhes do seu novo projeto com o baiano Luiz Caldas. "Luiz é um músico único, além de criar um gênero sozinho, ele e muito dedicado e sensível", declara Chambers, que divide o palco com atrações como SOJA (Soldiers of Jah Army), Groundation e o jamaicano Max Romeo no próximo dia 7 de dezembro. Confira entrevista!

Ibahia - Você é um britânico descendente de jamaicanos, que já morou em vários lugares do mundo. Esse seu contato com diversas culturas influenciou de que forma sua produção musical? Geoffrey Chambers – Morar em vários lugares me ajudou a conhecer mais da minha herança, minha raça, meu sangue e me ajudou a compreender melhor as conexões humanas e a cultura de diferentes locais. Essa bagagem influencia e serve de apoio para o meu discurso, as letras que componho e até para as músicas que faço. Por isso, nas minhas canções, uma parte de refrão pode trazer um pouco da cor do rock dos Estados Unidos, mas também pode ser abrilhantado com uma fusão do Afrobeat da Nigéria e o Mblax do Senegal ou até mesmo vestido com Grime das ruas de Londres e, por que não, como o pagode da Bahia. Ibahia - Por qual ritmo do Brasil você se encantou mais e qual deles mais influenciou a sonoridade de sua música? GC - Gosto de muitos ritmos diferentes, o samba, a bossa nova, que me lembra a minha infância, mas a fusão entre rock, jazz e samba, típica dos anos 70 e 80, me agrada muito. Nomes como Airto, Azymuth, Flora Purim e Gilberto Gil. Dos ritmos mais contemporâneos, gosto do samba reggae e samba rock do Seu Jorge. Mas um ritmo brasileiro que nunca tinha ouvido falar lá fora e de que também gosto muito é o forró. É uma infinidade de boa música, por isso é difícil dizer qual mais me influenciou, mas nos meus discos, o que mais tem aparecido é o samba nas moogs e o axé e samba reggae na percussão. Apesar disso, acho que o clima brasileiro e baiano e a sociedade é o que realmente influencia. Morando no Lauro de Freitas, conversando com o povo e conhecendo suas esperanças, seus desejos, o seu dia-a-dia, isso me dá novas idéias. Ibahia - Você passou dez anos afastado da música. O que ocasionou esse hiato e o que te fez voltar a cantar? GC - Artisticamente, eu tive outras propostas. Antes eu era um artista comercial fazendo grandes produtos, depois virei artista plástico, para retomar uma parte da minha identidade. Foi uma experiência bacana. Fiz exposições, ganhei prêmios e cheguei a ser muito bem recebido entre colecionadores. Depois estudei cinema e escrevi roteiros para filmes e televisão. Em um Natal, estava sem novas idéias e resolvi então ir tentar cantar em algumas boates e deu certo. Na Bahia, por acaso encontrei alguém no dentista que estava montando uma banda e me pediu uma jam. A partir dali, tudo mudou. Como cantor, eu não cantava reggae desde a minha juventude e eu mesmo me surpreendi em como me senti bem, foi uma ‘reincorporação’. E ainda tenho esse sentimento, de me redescobrir, a cada ensaio e cada show. Ibahia - Por que você escolheu a Bahia e os músicos baianos para formar sua banda? Qual a diferença entre a formação anterior e a atual, essencialmente feminina? GC - Com o passar do tempo surgiram novas idéias, novos objetivos e influências do jazz com drum and bass, Garage e Grime, e uma toque maior da música urbana dos Estados Unidas, África, Europa e Austrália, resolvemos mudar um pouco. Não fazemos mais a base com guitarra, para uma performance mais solta e para que possamos explorar mais a voz. Da antiga formação, permanece apenas Maurício. Agora temos três mulheres maravilhosas no backing vocal, Camila, Jeane e Juliana, que emprestam sonoridade, sensibilidade e um espírito totalmente diferente à banda. Elas cantam muito e cheias de energia. Ter um coro feminino é realmente positivo. No baixo temos Marcos Calmon (antigo Morrão Fumegante e Remanescentes), as linhas e a forma que ele toca refletem o sangue do reggae baiano. Na bateria, Valdir Batera, que é, para mim, o melhor baterista do reggae no Brasil. Além de Maurício, nas guitarras temos Milano, grande músico. Os motores da banda agora são Ricardo e Tiago, dois tecladistas sem igual nas bases, moog e piano. Ibahia - Luiz Caldas é o novo músico baiano com o qual você vai gravar. Do que fala o trabalho de vocês? Como aconteceu esse encontro? GC - A idéia para fazer a música era uma aposta com Djalma Oliveira que achava que eu não ia conseguir. A participação de Luiz Caldas surgiu em uma partida de dominó, quando fomos apresentados por um amigo em comum. Descobri que ele era músico e, para brincar, eu cantei para ele 'Custe o que custar', de Roberto Carlos, sem saber que o Luiz é o pai do axé na Bahia. Luiz pirou e me disse que queria gravar essa música comigo. O resultado realmente reflete uma mistura de estilos e culturas. Luiz é um músico único, além de criar um gênero sozinho, ele e muito dedicado e sensível. Vou também aparecer no novo disco de reggae dele, que será um disco maravilhoso. Ibahia - Fale mais sobre o "Song of the ages", seu novo álbum. Qual a principal diferença entre ele e o Loveshine / By me? GC - Wesley Rangel, dono do WR/Bahia, me deu um conselho, dizendo que o disco é um registro do momento na sua vida. Loveshine era cheio de provas, eu pude cantar, compor, produzir e programar todo o disco. Eu, na verdade, dirigi toda a produção do disco. Loveshine/By me foi um presente que a Bahia me deu. Song of the ages é diferente. Eu não preciso provar nada e por isso é mais tranqüilo, além do que eu não tenho tantas demandas, não preciso fazer tudo. Minha tarefa foi respirar fundo a energia da Bahia, a potência de Yemanjá, a magia do Oxalá e passar essa energia transformadora e positiva. Song of the ages estará no Reggae Power Festival e, além disso, faremos show no Festival de Verão, e temos nosso projeto do Carnaval Espresso Reggae, que é novo lance do reggae. Um bloco independente que vai levar uma vibe bacana e diferente às ruas.

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