"O homem que foi engolido pela cobra". Foi assim que, durante algum tempo, Eduardo Cardoso era reconhecido nas ruas após a morte trágica de seu personagem na primeira versão de "Pantanal", exibida em 1990.
Roberto, seu papel na novela, um dos filhos do vilão Tenório, morria ao ser devorado por uma sucuri — na atual, o personagem, vivido agora por Cauê Campos, terá destino diferente e será assassinado.
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"Você não sabe como eu ouvi essa frase, era o que mais falavam. A cena foi realmente muito marcante, com uma cobra de verdade, mas era uma jiboia. Contrataram um perito em cobras que jogou um gás para ela ficar tonta. Mesmo assim, quase fui mordido na gravação", lembra Eduardo, que tinha 17 anos na época.
Cidadão americano
Dos mais de 30 anos que se passaram da primeira versão, Eduardo Cardoso vive há 22 deles em Orlando, nos Estados Unidos, onde, já cidadão americano, trabalha como funcionário público numa empresa similar aos Correios no Brasil. Em seu segundo casamento e aos 48 anos recém-completados, ele é pai de quatro filhos. A mais velha, Maria, fruto de seu primeiro matrimônio, tem 24 anos.
"Vim para cá para tentar salvar um casamento, viver o sonho americano e fugir da violência do Rio. Tive uma arma apontada duas vezes na minha cabeça. Tinha minha carreira de ator no Brasil, mas resolvi mudar de país", conta.
'Cabeça boa para seguir em frente'
Dos 7 anos 22 anos, Eduardo Cardoso trabalhou como ator de TV e de teatro. Nos palcos, participou da montagem clássica de "O despertar da primavera", na década de 80, com Caio Junqueira, entre outros, no elenco. Na telinha, pôde ser visto em novelas como "Ti ti ti", "Hipertensão" e "Tieta", seu trabalho antes de "Pantanal".
"Fico até arrepiado em lembrar disso, de tantos atores importantes com os quais contracenei, como Carlos Eduardo Dolabella, Claudio Correa e Castro... Trago boas lembrança de 'Pantanal' também. Fui seis vezes para lá e cheguei a dividir o quarto com a Cristiana Oliveira, de quem fiquei próximo na época", diz Eduardo Cardoso, que sente saudade de trabalhar como ator:
"Quando você deixa de fazer as coisas, para de atuar, tem que ter a cabeça boa para seguir em frente ou você vai ficar frustrado. Meu sonho quando vim para cá era trabalhar com cinema, sempre tive vontade de trabalhar atrás das câmeras também. Pode ser que um dia, quem sabe, eu volte a atuar".
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Agência O Globo
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