Viola Davis fez um longo desabafo sobre opressão e sexualização de mulheres negras na TV e cinema, durante o painel que integrou nesta sexta-feira (3), no Festival Liberatum, em Salvador.
“Mulheres pretas têm sido sexualizadas na tela, vistas como complicadas e confusas”, ponderou.
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Com auditório lotado por centenas de pessoas, Viola discutiu sobre o tema "Contos da Afrodiáspora", com o marido e também ator Julius Tennon, a empresária Melanie Clark e atriz brasileira Taís Araujo.
"Você acaba percebendo que tudo o que te disseram sobre ser uma atriz negra é mentira. As limitações sobre as histórias, sobre o que as pessoas querem ver, eu chamo essas coisas de opressão internalizada. Quando o mundo diz para vocês que apenas uma certa parte da população, da história, é importante. Eu sempre acreditei que quando você faz algo como artista, que é honesto, as pessoas querem ver, e isso me empoderou", contou.
A estrela lembrou do papel de protagonismo que teve na série "How to Get Away with Murder", que acabou em 2020 mas é sucesso no mundo até hoje, para pontuar a importância de acreditar em si e no que produz.
"Quando eu fiz o papel de uma pansexual advogada, eu tinha 47 anos. Foi exposto em 37 países. Nós tínhamos que acreditar naquilo. Temos que acreditar que nós valemos muito, que nós temos valor".
Assim como a mãe da cantora Majur ponderou ao homenagear a filha, que também participou do Festival Liberatum, Viola apontou o amor como um instrumento transformador na luta contra a desigualdade.
"O amor significa coração, a história do seu coração, e você tem que ter coragem de mudar essa história para dar significado à sua vida. Se você colocar no papel, se você criar qualquer coisa, isso vai parar em um lugar que você nem imagina", explicou.
Protagonismo nas narrativas
Durante a discussão, Melanie Clark levou para o público um desdobramento de um posicionamento dado por Taís Araujo pouco antes do início do painel. Na ocasião, a atriz apontou a importância do protagonismo negro nas narrativas.
"Eu acho que, em geral, a mentalidade colonialista diz que as únicas histórias que importam são as dos conquistadores. E nós nos encontramos trabalhando em uma indústria que é guiada pela mesma mentalidade".
A empresa também apontou alguns avanços, como o filme "Mulher Rei", também protagonizado por Viola, e afirmou que leva muito tempo e dedicação para conseguir resultados como o longa.
"Eles não entendem o poder da diáspora, porque é algo amplo, diverso, rápido, e ainda é guiado pelo poder antigo dos ancestrais. Os conquistadores tentam destruir, mas eles não conseguem. Por isso estamos aqui", afirmou.
Programação
O Liberatum começou nesta sexta-feira e segue até a segunda-feira (6), no Centro de Convenções, que fica na orla da Boca do Rio, e em outros pontos da cidade. Ao longo dos dias, outras potências devem discutir temas como igualdade, diversidade e inclusão. Entre elas, a atriz Angela Bassett, que será homenageada com o prêmio de Pioneira Cultural.
O show gratuito de encerramento será realizado no próximo domingo (5), com apresentações do grupo estadunidense Ground Zero Blues, e de artistas baianos como Lazzo Matumbi, Ilê Ayiê, Orquestra Afrosinfônica, Luedji Luna e Márcio Vitor.
Alan Oliveira
Alan Oliveira
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