Perto de completar 70 anos de idade (em maio), e aos 53 de carreira, Marco Nanini diz sentir-se numa Disneylândia ao entrar nos estúdios da novela “Deus salve o rei”, que estreia na faixa das 19h da Globo terça-feira, dia 9, no lugar de “Pega pega”.
— A qualidade da imagem é impressionante, o som é um escândalo, a novela terá muitos efeitos... — descreve Nanini, durante entrevista em sua casa, no Rio, usando short e camiseta.
O veterano, que voltou às novelas em 2016 com “Êta mundo bom!”, após viver por 14 anos o patriarca Lineu, na série “A grande família” (2001-2014), veste agora o pesado figurino do rei Augusto, um monarca justo, que se preocupa com o futuro do reino nas mãos de sua filha, a princesa Catarina (Bruna Marquezine), a vilã da história.
Ambientada na Idade Média, a novela do autor Daniel Adjafre, com direção artística de Fabrício Mamberti, se passa entre dois reinos vizinhos, Artena (governado por Augusto) e Montemor, liderado pela Rainha Crisélia (Rosamaria Murtinho).
Nanini estará nos primeiros 55 capítulos da trama e faz mistério sobre o futuro do rei. Após rodar o filme “Greta Garbo”, dirigido por Armando Praça, em Fortaleza, ele voltará aos sets ainda este ano, depois da novela, para fazer o novo longa de Arnaldo Jabor. Na entrevista a seguir, o ator conta como acompanhou a evolução das novelas e reflete sobre a passagem do tempo:
A novela se passa entre dois reinos abalados pelas escolhas de seus monarcas, mas traça um paralelo com nossa realidade. Você vê saída para a atual situação do Brasil?
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Qua qua quá! Nunca tive uma decepção tão grande na vida quanto agora com tanto ladrão. Meu Deus! Não sei se o fundo do poço é esse ou se estamos vivendo um estágio do fundo do poço. Mas alguma solução precisamos ter.
O que mais o interessou em “Deus salve o rei”?
Não é uma história realista e isso dá um frisson. Sem falar que é uma novela basicamente de jovens. Eu e Rosinha (Rosamaria Murtinho) entramos como um tempero. Gosto de conviver com a juventude, de ver os costumes. Os da novela são completamente plugados nas redes socais, trazem novidades.
Mas você não tem perfil nas redes...
Não. Ficaria louco. Já pensei em ter Facebook, Instagram, mas para quê? Só uso e-mail. WhatsApp raramente respondo. Meu dedo é grande, sou desastrado. Se escrever casa no celular, sai zupt. A Bruna (Marquezine) vê tudo no celular, até texto da novela. Tenho amigos que me contam o que acontece por lá, as notícias chegam filtradas.
Você já disse que “a TV suga e o teatro repõe”. Qual a parte mais interessante de estar numa novela hoje?
Gosto de fazer novela e pude acompanhar a evolução do gênero. Fiz no século passado e voltei a fazer neste século. Em “Deus salve o rei” a parte técnica foi ainda mais aprimorada. A qualidade da imagem é impressionante, o som é um escândalo, a novela terá muitos efeitos. É uma diversão, como se estivesse na Disneylândia.
O trabalho do ator mudou com tudo isso?
Nosso diretor tem cuidado com a interpretação, busca algo sem exagero. A novela tem muita trama e não dá para ficar aumentando o drama. Gosto quando o diretor propõe exercícios como esse. Fazer o de sempre é chato.
O rei Afonso não será um personagem cômico...
É estranho transformar personagem numa coisa que não é só para fazer piada. Você tem que servir à trama. Em “Êta mundo bom!”, fiz o Pancrácio, que usava vários disfarces... Com o Lineu foi uma experiência bem despojada, mas era mais realista.
Acha possível um retorno de “A grande família”?
Já deu. A gente não sabia mais para onde ir. Eu virei avô, depois seria tataravô e, se continuasse, seria um fantasma. Marcamos o dia de acabar. Foram 14 anos. Pessoas de idades diferentes me chamam de Lineu.
Quando um trabalho se torna penoso para o ator?
Teve uma vez, numa peça, que eu não me sentia de jeito nenhum dentro da equipe, e saí. Foi numa montagem de “A Mandrágora”, com Paulo José dirigindo. Não me dei bem com o personagem.
Já pensou em como vai ser completar 70 anos?
A vantagem de ficar velho é falar o que quiser, no máximo vão dizer: “Olha aquele doidinho, cuidado!”. Para mim, é um impacto muito grande completar 70 anos. Eu tinha 52 anos na virada do milênio, e o meu medo era não atravessar o século. Foi uma frustração, não aconteceu nada, foi chatíssimo (risos). Hoje não me sinto velho não. Estou bem à beça. Até mais calmo, em tese.
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Redação iBahia
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