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'Perdi trabalho por falta de seguidores', revela Bruno Fagundes

Mesmo com a agenda cheia, Bruno assume uma ponta de insegurança

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Redação iBahia

28/06/2018 às 19:52 • Atualizada em 31/08/2022 às 19:03 - há XX semanas
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Aos 29 anos, Bruno Fagundes — para usar uma metáfora futebolística, em tempos de Copa do Mundo — joga nas 11. Embora suas habilidades não tenham nada a ver com o futebol ou qualquer esporte. O ator, que estreou a primeira peça profissional aos 16, também produz e atua no teatro, toca piano, faz aula de canto “a vida toda” e ainda se arrisca nas artes plásticas. Além de pintar, começou a fazer esculturas recentemente.
— Sou inquieto, geminiano, ligado no 220 volts. No ano passado, fiz dois filmes (“Amigas de sorte” e Contra a parede”, ainda inéditos), duas peças e uma série. Dezembro chegou e eu estava cinza, opaco. Entendi que precisava parar — conta.
Desacelerou um pouco no começo do ano. Mas não por muito tempo. Após gravar, em 2017, a segunda temporada da série “3%”, da Netflix (disponível desde o fim de abril na plataforma de streaming), volta ao set no mês que vem para rodar a terceira temporada. As filmagens vão até setembro.
Na produção, interpreta André, irmão de Michele, a protagonista vivida por Bianca Comparato. O personagem não aparecia no primeiro ano da série, mas era muito citado. — As minhas cenas têm uma carga emocional muito forte. André foi preso e começa a segunda temporada numa solitária.
O papel na série veio após uma bateria de testes, em que concorreu com mais de 100 atores. — Numa produção da Netflix, tudo precisa ser aprovado em Los Angeles, e as decisões passam por mais de 40 pessoas.
Antes de atuar em “3%”, Bruno foi visto numa participação, no ano passado, em “Sense8”, outra série da Netflix. — Fiz teste para um personagem de “Sense8” que acabou ficando com um ator mais velho. Logo depois, recebi um convite de uma das criadoras da série, a diretora Lana Wachowski (responsável pela trilogia “Matrix”). Ela viu o teste e me chamou para uma participação. Quase caí no chão — conta.
EM PORTUGAL E NOS EUA
Apesar de breve, a passagem por “Sense8” repercutiu por aqui por conta de um beijo que o personagem de Bruno dava em outro homem. — Fui procurado para dar entrevistas por causa do beijo. Perguntavam se tive medo de gravar a cena. Medo eu tenho da corrupção, da violência — diz, rindo: — Ainda bem que as coisas estão mudando e tudo vem sendo encarado com mais naturalidade. Para mim, o mais importante foi ter feito uma série que botou minha cara no mundo. Recebi mensagens da Austrália e do Canadá.
Além dos compromissos com as gravações de “3%”, o ator está em turnê pelo Brasil com a peça “Baixa terapia”. Ele assina a produção junto com o pai, Antonio Fagundes, que também atua no espetáculo — ao lado da atual mulher, a atriz Alexandra Martins, e da ex, mãe de Bruno, Mara Carvalho. No final de julho, eles apresentarão a peça em três cidades dos Estados Unidos. No fim do ano, levarão a produção a Portugal.
Atuar com a família não é um problema para Bruno. — No teatro somos colegas de trabalho. Há uma romantização em torno de eu ser filho de atores. A gente não fica trocando experiências sobre a profissão. Tenho três irmãos e nenhum deles é ator. No meu caso, foi vocação. É um erro crasso tentar me comparar ao meu pai, que tem 69 anos de idade e mais tempo de profissão que eu tenho de vida.
A DOR E A DELÍCIA DA PROFISSÃO
Bruno começou a estudar teatro aos 13 e se orgulha em dizer que, desde os 16, nunca mais deixou os palcos. O ator esteve em cartaz em espetáculos como “Vermelho” (2012), “Tribos” (2013) — contracenou com o pai nestes dois —, e “Senhor das moscas” (2017).
— Mesmo quando fiz novela, não parei de fazer teatro.
A novela foi “Meu pedacinho de chão”, dirigida por Luiz Fernando Carvalho, e exibida pela Globo na faixa das 18h, em 2014. O processo de trabalho o fez entrar em contato “com a dor e a delícia” da profissão, como ele diz. — Sou um ator que cresceu fazendo teatro. E gravar 40 cenas diárias para uma novela não é fácil. Fora que existe toda uma pressão, mas foi também um amadurecimento.
Ele ainda teve de lidar com a frustração por não ter sido chamado para mais trabalhos na TV. — É um ambiente competitivo. Já me aconteceu de perder trabalho porque não tenho tantos seguidores no Instagram quanto determinada pessoa. Vários colegas meus passam por isso, faz parte do sistema de celebridade.
Mesmo com a agenda cheia, Bruno assume uma ponta de insegurança: — Todo ator tem que lidar com o olhar e a validação do outro. Você só é valorizado se receber convites ou for chamado para testes. Tenho medo de não trabalhar, de fracassar. Mas é uma insegurança saudável.

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