Em celebração aos 50 anos do Ilê Aiyê, a TV Bahia está preparando um documentário especial sobre o primeiro e maior grupo bloco afro do Brasil. O projeto estreia em novembro deste ano.
O jornalista Ricardo Ishmael foi enviado para acompanhar a turnê, registrar e documentar cada passo da banda, os deslocamentos, as interações e trocas culturais que o Ilê passará nos países que visitar.
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Em um primeiro momento, os registros foram feitos na cidade de Essaouira, no Marrocos, durante o festival de Scène Moulay Hassan. No evento, além do Ilê Aiyê, marcaram presença representantes dos povos Gnaoua; o bailarino de dança flamenca Nino de Los Reyes; e o grupo costa-marfinense Compagnie Dumanlé.
Ao iBahia, Ricardo Ishmael contou com exclusividade alguns bastidores do documentário e o que o público pode esperar ver no projeto. "Em princípio, nós garantimos o início da turnê, porque é simbólico que seja na África, mas as trativas continuam, para quem sabe, a gente volte [em outro momento]. [...] Vamos ter tempo, talvez, de voltar no fechamento da turnê, quase em agosto", conta.
Ainda segundo o jornalista, desde antes Carnaval a equipe da TV Bahia vem acompanhando o Ilê Aiyê de perto, registrando momentos importantes e simbólicos do cinquentenário do grupo.
O documentário vai falar sobre o momento atual do Ilê Aiyê como uma referência no mundo, mas também mergulhando na história do grupo, a partir de registros históricos dos arquivos.
"Começamos a gravar há bastante tempo, com a Noite da Beleza Negra, com a saída do Ilê, com os bastidores na Senzala do Barro Preto. Estamos colados com o Ilê desde antes do Carnaval. Para poder nesse cinquentenário falar do hoje, do momento atual, dessa turnê internacional, que de fato mostra como o Ilê é presente no mundo para além do Curuzu. Mas também mergulhando nos arquivos, em tudo que a gente tem do Ilê nesses 50 anos, e é muita coisa que a Rede Bahia tem", continua.
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O documentário, que ainda não teve o nome divulgado, está em fase de captação de imagens. Uma segunda etapa vai ocorrer em Salvador, com outras personalidades e estudiosos. "Então é a fase de captação de imagens e entrevistas, depois separação de tudo isso, decupagem e algumas outras gravações que vamos fazer em Salvador, com artistas também, outras personalidades, estudiosos, para o fechamento do documentário", conta ao iBahia.
Ricardo Ishmael fala sobre desafios do trabalho
Com 23 anos de TV Bahia, Ricardo Ishmael viajou para outro país a trabalho pela segunda vez. A primeira ocorreu em 2019, quando cobriu a canonização da Santa Dulce dos Pobres, que aconteceu no dia 13 de outubro de 2019, na Praça de São Pedro, no Vaticano, presidida pelo Papa Francisco.
Segundo o jornalista, o trabalho foi desafiador, em especial, devido à língua. "É um país de língua árabe, um país de língua muçulmana. Um país que ainda é resistente ao inglês, então a gente se comunica sobretudo em francês e na linguagem universal dos sorrisos e dos gestos. Embora seja um povo muito simpático, acolhedor, eles são muito primorosos com a sua língua. Então, temos aí a pequena barreira da língua, mas que não impede em nada o desempenho do trabalho", diz.
"É desafiador para mim, profissionalmente, mas também como pessoa. Eu sou viajante e gosto de me expor às culturas. Tem um ditado, que eu descobri no Marrocos, que traduzindo livremente para o português é: 'No Marrocos, vista-se como marroquino'. Nada mais é do que adapte-se a cultura, permita-se a essa cultura para que vocês possam explorar tudo o que o Marrocos tem a oferecer. Eu acho muito bonito isso e tem sido um aprendizado muito grande. Um aprendizado profissional, pela responsabilidade de você estar à frente de um produto documental, que é um filme que vai ficar para a posteridade, mas também uma gratidão muito grande", completa.
Nathália Amorim
Nathália Amorim
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