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ENTRETENIMENTO

Ateliê de Tomie Ohtake pode ser visto até fim de setembro

O acervo foi garimpado pelos curadores Agnaldo Farias e Paulo Miyada no ateliê da artista

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11/08/2013 às 16:19 • Atualizada em 31/08/2022 às 2:42 - há XX semanas
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Difícil para um cidadão comum urbano, com pressa de ir e vir, enxergar e entender como uma simples rebarba de papel pode inspirar uma obra de arte abstrata. Mas aos olhos acurados da quase centenária Tomie Ohtake, um pedaço de revista rasgado ganha forma e movimento em meio a cores vibrantes que causam encantamento. Esse é um dos tantos exemplos de esboços que foram parar em telas da reverenciada artista plástica e que poderão ser vistos, gratuitamente, na mostra intitulada Influxo das Formas no Instituto Tomie Ohtake, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 201 com entrada pela Rua Coropés, em Pinheiros, região oeste da capital paulista. A exposição faz parte dos vários eventos comemorativos dos cem anos de Tomie, a serem completados no próximo dia 21 de novembro. A mostra, dividida em duas salas, possibilita que os visitantes conheçam tanto projetos que somam quase 200 peças quanto 30 obras acabadas. Nela está parte da enorme quantidade de materiais e rascunhos manuseados por Tomie ao longo de seis décadas. Croquis, maquetes de esculturas e folhas de cadernos de desenho com colagens de recortes de revistas brasileiras e japonesas. Com esses picotes e o uso de cores, a artista criou em miniatura vários de seus quadros. Um dos trabalhos refere-se à experiência de fazer uma pintura a nanquim com os olhos vendados. Em outro, pode-se ver matrizes que acabaram não sendo cópias tão fiéis assim na reprodução em telas. O acervo foi garimpado pelos curadores Agnaldo Farias e Paulo Miyada no ateliê da artista, que começou a carreira aos 39 anos e, segundo Miyada, não tem a pretensão de ser uma retrospectiva, apesar de marcar os estilos adotados nas várias fases da evolução da artista. Embora tenha se naturalizado brasileira e vivido mais tempo no Brasil do que em sua cidade natal, Quioto, no Japão, Tomie deixa transparecer traços de influências do comportamento asiático, com valorização de detalhes e harmonia nas linhas curvas e retilíneas. Porém, ela mescla tudo isso com um jeito peculiar de desobedecer a precisão das figuras geométricas sob conceitos típicos do modernismo ocidental. “As obras dela são como letras de um poema ou de um conjunto de notas musicais”, compara o curador Paulo Miyada. Ele observa que, ao contrário do que possa parecer, o abstracionismo tão admirado em seus trabalhos não surgiu de meras pinceladas a esmo e sim de um estudo bem planejado em torno da definição das figuras intuídas. Myada lembra que às vésperas de completar 100 anos, Tomie combina “uma surpreendente calma com um intenso desejo de alcançar metas”. A idade avançada já impõem alguns limites físicos como o uso de cadeira de rodas. No entanto, a lucidez ainda lhe permite continuar criando. No momento, ela está empenhada em finalizar algumas obras que serão expostas até o final do ano.

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