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A banda Magníficos foi o grande destaque desta 6ª noite de folia junina no Pelourinho |
O São João oficialmente é só amanha (24), mas a festa no Pelourinho está a todo vapor desde a última quarta-feira. Após goleada do Brasil contra Camarões nesta segunda-feira, além das bandeirolas em verde e amarelo, o público também fez questão de colorir o Terreiro de Jesus com as cores da camisa da seleção canarinho. A banda Magníficos foi o grande destaque desta sexta noite de folia junina, que contou também com os shows da Bicho de Pé e do Bando Virado no Mói de Coentro. Mas a folia não agrada a todos. Alessandro Aragão esteve no Pelourinho pela segunda vez para aproveitar o São João na capital baiana, mas até a banda Magníficos subir ao palco, a insatisfação falava mais alto. "Está uma porcaria. Como é que pode acabar o jogo e não ter programação nenhuma? Acabou o jogo, começasse logo o evento", critica. Segundo baiano, que sempre passa o período junino em Salvador, a noite de quinta-feira foi ainda pior. "Não dava nem para andar".
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Juliana Ribeiro (quinta da esq. para dir.) curtindo o São João no Pelô com o grupo de amigos |
No mesmo grupo de amigos e familiares de Alessandro, Juliana Ribeiro não acha a quantidade de pessoas um problema. "A gente gosta de muvuca", brinca. Quanto ao tempo de espera entre uma atração e outra, diz: "a gente aproveita para colocar o papo em dia. Diversão quem faz é a gente". Apesar da alegria, Juliana ressalta a sensação de insegurança, especialmente na volta para casa. "A segurança está horrível, mesmo com a Copa do Mundo. A gente tem que ficar ligado, procurar sempre um policial para ficar próximo", conta.
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(Da dir. para esq.) Keila Vilaflor ao lado das amigas Simone Barbosa e Clarissa Ribeiro |
Keila Vilaflor, por sua vez, está bastante satisfeita com o policiamento do Centro Histórico e faz questão de sugerir a todos que deixem o medo de lado, corram para lá e aproveitem a festa. "Venham para o Pelourinho!", convida. Moradora do Imbuí, a soteropolitana afirma que a distância entre os bairros não atrapalha em nada o seu São João. Para ela, o preço da cerveja, três por R$ 5, as atrações e a animação do público são o ponto alto da noite. Do outro lado do Terreiro de Jesus, próximo ao famoso Cravinho, a gaúcha Lenira Pereira tentava aprender a dançar forró com Heitor Lucena, natural da Paraíba. Colegas de trabalho, a dupla estava com mais cinco amigos, todos da Marinha Mercante. Depois de saber que a Magníficos iria tocar no São João do Pelourinho, Heitor não pensou duas vezes em passar os festejos juninos na capital baiana. "Fomos ver o jogo na Fan Fest e viemos para cá acompanhar o forró. Nordestino que é nordestino tem que dançar um forró", diz animado. Lenira já esteve em Salvador outras vezes, mas esta é a primeira que aproveita o São João na capital. Segundo ela, a satisfação não poderia ser maior. "Por enquanto está ótimo, maravilhoso. Curtimos muito lá na Barra, tudo super bonito e bem organizado. A gente está gostando pra caramba", garante. Para esta terça-feira, última noite de São João no Pelô, fica a promessa de Heitor: "estaremos aqui de novo". O mestre Flávio José e as banda Colher de Pau e Forrozão, além de Renato Fechine, integram a programação do dia 24.
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(Da esq. para dir.) A gaúcha Lenira Pereira, o paraibano Heitor Lucena, Michelle Campanha, de São Paulo, Luis Torres, do Peru, Andreia Fernandes e Asafe Ferreira (camisa verde), ambos também da Paraíba, e John Paul, o outro peruano do animadíssimo grupo |
O peruano Luis Torres também aportou de navio em Salvador junto com os colegas. Mas o caso dele é diferente. A cada três meses ele alterna sua moradia entre a capital baiana e o seu país de origem, o Peru. Assim como a gaúcha Lenira, esta também é a primeira vez que Luis curte o São João em Salvador. "Eu não conhecia a festa. Espero que seja boa. Estou ansioso e celebrando a vitória do Brasil", exclamou.
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Embora ache os baianos bastante curiosos, Torstin (à esq.) diz não se incomodar com o assédio. Com Niklas (centro) e Larissa (dir.), está aproveitando bastante o São João e já experimentou vários licores |
Segundo a baiana de acarajé Maria da Penha, com a Copa do Mundo e o São João, o movimento aumentou bastante e não há do que reclamar. "Esses dias o movimento foi bom, deu para ganhar um trocado", pontua. Enquanto conversamos, os alemães Torstin Alex e Niklas Mussbach encostam no tabuleiro para comprarem acarajé. Como não falam português - nem a baiana, inglês, a esposa de Mussbach, a paulistana Larissa Schultze, fez o pedido. Após elogiar o comportamento dos fregueses, Penha diz que o idioma é a única dificuldade existente no que diz respeito ao atendimento de turistas estrangeiros, embora sempre conte com a ajuda de outras pessoas na hora de se comunicar. Dona da barraca Acarajé da Penha, Maria é filha da primeira baiana do Terreiro de Jesus e vende o famoso bolinho de feijão frito desde os 14 anos. Famosa no Pelourinho, já estampou seu rosto em diversas propagandas do governo do estado.
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Maria da Penha tem 58 anos e é baiana há mais de quatro décadas. Seu tabuleiro fica localizado em um privilegiado ponto do Terreiro de Jesus, próximo à Faculdade de Medicina |
Para o casal Fabiana Oliveira e Edicarlos Rodrigues, ambos naturais do município de Ibitiara, na Chapada Diamantina, a maior diferença entre o São João do interior e da capital é a estrutura oferecida ao público que prestigia o evento em Salvador. "A segurança aqui é maior. No interior tem muita briga e a polícia demora para chegar no local", observa Fabiana. De férias, o casal chegou à capital baiana nesta tarde e aproveitou para assistir ao jogo da seleção brasileira no telão montado no próprio Pelourinho. "A vibração de todo mundo comemorando foi bem legal", destacou Edicarlos. Jozy Xavier e Wesley Rocha também não são de Salvador, mas já moram na cidade há sete anos. Este é o segundo ano que o casal opta por curtir o São João no Pelourinho, mas são enfáticos ao destacar as diferenças entre passar o período junino na capital em cidades do interior da Bahia. "Lá é muito melhor. O ambiente é mais família, mais organizado e acolhedor. Você pode ficar bêbado e dormir no banco da praça sem problema", compara Wesley, referindo-se à sua cidade, Boninal.
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Jozy Xavier e Wesley Rocha na imagem à esquerda; Fabiana Oliveira e Edicarlos Rodrigues à direita |
"Já aqui a gente tem que se cuidar mais, ficar prevenido. Confusões, roubos... é preciso estar sempre atento, por ser uma capital e não se conhecer todas as pessoas como no interior", completa. Ainda assim, nem os cuidados e precauções necessárias diminuem a animação de Jozy. "Eu estou adorando. As bandas estão mais animadas, hoje é Magníficos que eu adoro e também já teve Aviões. Também está mais organizado", finalizou.
*Com supervisão e orientação de Márcia Luz