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Exposição 'A Casa do Rio Vermelho' foi inaugurada no último domingo (10) e segue em cartaz até 10 de setembro |
Cerca de 54 peças do acervo pessoal da família de Jorge Amado e Zélia Gattai integram a exposição 'A Casa do Rio vermelho', inaugurada no último domingo, dia 10 de agosto, data em que se comemoraria os 102 anos do escritor e que se celebrou o Dia dos Pais. Entre manuscritos originais, esculturas, vestuários e a peculiar coleção de sapos do artista, a mostra conta ainda com fotos exclusivas, objetos pessoais e a exclusiva escultura em formato de flor criada por Oscar Niemeyer e presenteada à Zélia no ano do falecimento de Jorge. Esta será a primeira vez que a peça será exposta ao público. Em cartaz até 10 de setembro, na Alameda das Grifes do Shopping Iguatemi, a exposição é uma iniciativa da família dos escritores, representada pelos netos João Jorge Amado e Maria João, e tem o intuito de divulgar a "Casa do Rio Vermelho", antiga residência de Jorge e Zélia, prevista para ser reaberta como memorial ainda neste ano. Além de espalhar totens com imagens do casal ao lado de ilustres amigos, como Vinicius de Moraes, Carybé, Dorival Caymmi, Wally Salomão, Grande Otelo, Tom Jobim e Roman Polanski, a mostra também recriou o espaço que o baiano usava para escrever e os bancos de azulejo do jardim.
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Segundo João Jorge, a escolha das peças expostas na mostra, que também estarão na Casa, respondeu a critérios representativos e afetivos. "Foi um trabalho tanto de representatividade quanto de memória afetiva. Olhamos para o acervo que tínhamos disponível e selecionamos coisas que eram muito emblemáticas na Casa, como o banco e os sapos, e outras que memórias fortes minhas e de Maria João, como a caixinha de costura de minha avó", conta. A curadoria da mostra é assinada pelos irmãos em parceria com a museóloga baiana, Ângela Pititinga. 'A Casa do Rio vermelho' tem visitação aberta ao público e pode ser conferida durante o horário de funcionamento do shopping.
Casa de Memórias Após 11 anos fechada, a "Casa do Rio Vermelho" finalmente será reaberta como memorial em homenagem à memória do casal de escritores Jorge Amado e Zélia Gattai. A inauguração estava prevista para acontecer no dia 2 de julho, data em que se comemora a Independência da Bahia e o aniversário de Zélia. Com o atraso das obras, no entanto, a reabertura da casa foi adiada e, embora ainda não haja data definitiva, é provável que seja realizada entre o final de setembro e início de outubro.
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Jorge Amado e Zéla Gattai no jardim de sua casa no Rio Vermelho |
"Para minha família é um momento de extrema alegria. A casa sempre foi um lugar de alegria, por isso nós a fechamos para a imprensa depois que ele morreu. Não queríamos que as pessoas vissem a casa vazia, triste", conta o neto de Jorge Amado. O horário de funcionamento e os dias de abertura do espaço ainda não foram estabelecidos. Quando o memorial for aberto também será cobrada uma taxa de entrada, cujo valor ainda não foi definido, mas provavelmente será R$ 20. O acordo de cessão do espaço foi assinado em janeiro deste ano, em cerimônia que reuniu, além de Paloma e João Amado, herdeiros dos escritores, o prefeito ACM Neto, a vice-prefeita Célia Sacramento, o secretário de Turismo e Cultura de Salvador, Guilherme Bellintani e Myriam Fraga, à frente da Fundação Casa de Jorge Amado. O projeto é uma parceria da Fundação com a Prefeitura de Salvador, que nos próximos 10 anos se responsabilizará pelo imóvel, com opção de renovação por mais uma década.
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Parede de azulejos pintados com temas de Candomblé na Praça Zélia Gattai, um dos ambientes da casa |
Localizada na Rua Alagoinhas, número 33, a "Casa do Rio Vermelho" abrigou o casal por 47 anos. No terreno de mil metros quadrados, comprado com o dinheiro da venda dos direitos de 'Gabriela Cravo e Canela', Jorge e Zélia cultivaram histórias, memórias e lembranças. Lá, além de abrigarem grande acervo de arte popular, os escritores recebiam amigos, artistas e intelectuais, e abriam as portas para admiradores desconhecidos de todos os cantos do Brasil e do mundo. Dois anos após a morte de Jorge Amado, em 2003, a família do romancista mudou-se de endereço. Decorada com pinturas de Carybé e repleta de símbolos do Candomblé, a residência serviu de refúgio para o romancista escrever obras como 'Dona Flor e Seus Dois Maridos' e 'Quincas Berro D'Água'. Foi nesse lugar tão especial que, poucos dias antes de completar 89 anos, Jorge faleceu. Conforme desejava, seu corpo foi cremado e as cinzas enterradas junto às raízes de uma velha mangueira, no jardim de sua casa, ao lado de um banco onde costumava descansar na companhia de Zélia. As cinzas da escritora, morta em 2008, também estão enterradas no lugar.
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As cinzas de Jorge e Zélia estão enterradas no jardim da residência do casal |
*Com supervisão e orientação de Márcia Luz