Como era a vida no Brasil entre as décadas de 1970 e 1980? Como vivam os brasileiros, da repressão às Diretas Já? É isso o que pretende mostrar a nova supersérie da Globo/TV Bahia, Os Dias Eram Assim, que estreia amanhã, às 22h15, com direção artística de Carlos Araújo e texto de Angela Chaves e Alessandra Poggi.
A trama gira em torno de dois jovens, a estudante de Letras Alice (Sophie Charlotte) e o residente em Medicina Renato (Renato Góes). Vindos de famílias antagônicas - ela nascida em ambiente conservador e ele criado com reflexão, amor e liberdade -, os dois se conhecem e se apaixonam em meio à euforia da Copa do Mundo de 1970, que contrasta com o auge da repressão militar.
Poderia ser uma história sobre o amor simples entre duas pessoas diferentes, não fosse o fato de Alice estar noiva de Vitor (Daniel Oliveira, marido de Sophie na vida real). Questionadora, ela vai se transformar em uma dor de cabeça para os pais - a socialite Kiki (Natália do Vale) e o poderoso Arnaldo (Antonio Calloni) - e também para a sogra Cora Dumonte (Susana Vieira), que vê no casamento do filho uma oportunidade de ascensão social.
Ou seja, não vai ser fácil para Renato vencer as barreiras impostas por essa poderosa família que vai fazer de tudo para impedir seu relacionamento com Alice. Até mesmo incriminar o rapaz por um ataque à construtora Amianto, empresa do pai de Alice que é conhecida por financiar a repressão e defender o governo militar. Assim, não há saída para Renato, senão se exilar no Chile, onde conhece a médica Rimena Garcia (Maria Casadevall).
Humanidade
“Os Dias Eram Assim nasceu da vontade de contar uma história de amor forte como o tempo e apesar do tempo. É também o desejo de falar de um período histórico pouco abordado na nossa teledramaturgia e que é bem recente”, resume a autora Angela Chaves. “Como seria começar uma história de amor ali, entre apaixonados de duas famílias opostas, separados contra a vontade? Como seria quando o casal protagonista se encontrasse, numa outra época, de mais liberdade?”, provoca.
A música Aos Nossos Filhos, composta por Ivan Lins e eternizada na voz de Elis Regina (1945-1982), cantada por Sophie Charlotte, Renato Góes, Gabriel Leone, Daniel de Oliveira e Maria Casadevall marca a trilha de abertura. O elenco conta, ainda, com Gabriel Leone, Cássia Kis, Caio Blat, Marcos Palmeira, Letícia Spiller e a baiana Cyria Coentro.
“Queria muito fazer novela de época, acho o máximo. Primeiro porque você tem que mergulhar naquele momento histórico: o que se ouviu, se dizia e pensava. E a outra é o prazer de mergulhar na música da época, na moda, na explosão cultural e de libertação que foi os anos 70. É superinteressante e rico”, diz a atriz Sophie Charlotte, 27 anos, brasileira nascida na Alemanha.
Para viver Alice, Sophie se inspirou na atriz Leila Diniz (1945-1972), nas cantoras Rita Lee e Elis Regina e “em todas as grandes mulheres que conseguiram, de alguma forma, se colocar e mostrar força e independência”. A atriz conta que a Alice, no início da trama, é uma jovem que está descobrindo quais são as questões dela, as bandeiras que quer levantar, ou não. “Mas com certeza é uma jovem livre, que busca a liberdade e o amor”, define Sophie.
Ator pernambucano que viveu a fase jovem do personagem Santo, na novela Velho Chico, Renato Góes conta que seu novo personagem é movido pelas histórias que estão ao redor dele e confessa que é um romântico à moda antiga. “Tem muita gente que não acredita mais que o amor tem que ser para sempre. Sou à moda antiga e acredito que o Renato e a Alice também. Fica claro que eles acreditam no amor”, entrega Renato.
O ator ressalta, ainda, a importância de se resgatar o contexto da ditadura militar, na série. “Muitas pessoas não viram a ditadura passar e isso é muito sério. O que a gente está colhendo hoje é fruto daquela época. Os personagens estão vivendo a época e não sabiam da importância que isso ia tomar”, pontua.
Sophie concorda e lembra que muita coisa mudou, desde o período retratado na série. “Mudou tanta coisa de lá para cá, mas eu gostaria que mais coisas tivessem mudado. Mas a série também é uma reflexão sobre isso: o quanto a gente conseguiu mudar, em termo de sociedade, de civilização, de humanidade”, reflete.
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Redação iBahia
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