“Da criação ao consumo final uma história de sucesso”. Com esse tema foi anunciada a palestra-entrevista com o estilista Alexandre Herchcovitch, no fórum de lojistas no Senac Rio Fashion Business, que acontece na Marina da Glória. Durante o papo, o estilista falou sobre processo produtivo, mercado externo, formação dos novos estilistas e muito mais, além disso, respondeu perguntas da plateia, formada por estudantes, fashionistas e admiradores do seu trabalho. Confira alguns trechos: Licenciamento de produtos: “Todos os produtos são criados pela minha equipe, que tem cinco pessoas no departamento de Estilo. Avaliamos o que é pertinente à marca. Começamos o trabalho e vemos o canal de distribuição” Criatividade: “Quando percebei que ia trabalhar com roupa, não estava preocupado com o estilo, mas em saber cortar, modelar e costurar. Era adolescente e estava no colegial. Quando aprendi tudo isso, aperfeiçoei meu estilo e fui colocando em prática o que a marca é hoje. Hoje o que me move continua sendo isso. Gosto de costurar, de modelar, de tecido, de construir. A dica é fazer o que nunca fez para chamar a atenção do público. O que me move hoje é fazer a roupa cada vez melhor, com acabamento” Faculdades de Moda: “Quando entrei na faculdade em 1990, existiam apenas três faculdades de moda no Brasil, hoje são mais de 80. A cada ano se formam muito mais pessoas e dessas 80% querem ser estilistas; o Brasil não tem como absorver tanto estilista. Enquanto os alunos estão fazendo faculdade, deveriam estudar as profissões que envolvem o mercado da moda, porque o estilista sozinho não é nada, precisa de assistentes, administradores. Aqueles que insistem na criação têm que se tornar profissionais mais completos. O desenho não é o mais importante.. Eu não avancei no desenho criativo, porque achei que ia perder tempo, queria me aperfeiçoar na técnica. Quando se desenha uma roupa, a modelista faz perguntas e você tem de responder. Para ser um bom estilista tem de saber como construir uma roupa. A faculdade tem de cumprir várias matérias e indica alguns caminhos, mas não todos. Aconselho, além da faculdade, arrumar tempo para fazer suas pesquisas, laboratórios e aprender a costurar. O problema é não saber tudo isso e querer ser estilista. Evolução profissional: “O importante é sempre buscar melhorar em todos os aspectos, ser bom e entender para quem se está fazendo o produto; não adianta fazer só aquilo que gosta. Meu consumidor hoje é o Brasil, então, não adianta fazer algo que não vá atender ele. Essa maturidade me faz sentir mais completo do que anos atrás. Só queria fazer o que eu acreditava e não dava chance para pessoas consumirem meu trabalho, que era muito hermético. Hoje faço roupas para todas as pessoas”. Mercado internacional: “Por ser uma marca bem aceita em vários países, acaba chamando atenção de algumas pessoas que ainda não tinham prestado atenção aqui no Brasil. Quando você resolve que sua marca vai vender no mundo inteiro, você não tem só a concorrência do Brasil, mas do mundo inteiro. É um trabalho muito intenso” Luxo: “O artigo de luxo é ligado à exclusividade. Luxo é uma palavra que está acontecendo hoje para tratar sobre artigos bem cuidados, mas esses não chegam a ser de luxo. Luxo é o que é feito à mão, em apenas dez peças no mundo inteiro. A palavra é empregada de forma equivocada”. Sustentabilidade: “Aqui no Brasil tudo é um pouco mais difícil. Vejo pessoas jogando lixo na rua, isso é um problema de educação. Na Alemanha (onde 80% das pessoas só usam produtos sustentáveis), essa preocupação começou no final da década de 70; no Brasil começou há uma década e tudo o que é sustentável é caro. Mas temos de dar o primeiro passo. Na nossa coleção, temos uma parte de tecido reciclado, mas não se encontra muito no Brasil. Acho que esse é um assunto que está entrando na cabeça das crianças, que estão estudando agora, mas estamos trabalhando para que daqui a 20 anos isso seja realidade. A Alemanha é um exemplo a se seguir, só que não tem nem comparação ao que está acontecendo aqui”. Moda: “É mais uma maneira de se comunicar. A roupa comunica muito, você consegue entender um pouco do que a pessoa é, olhando a roupa, as escolhas do guarda-roupa dizem muito” Elegância: “Não tem nada a ver com roupa, está ligada à educação, bom senso e ética” Foto: Alex Dantas * A jornalisa viajou a convite da organização do evento
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