Se você tem uma empresa e quer divulgá-la nas redes sociais através de um influenciador digital, não se sinta tolhido pelos valores exorbitantes — de até R$ 100 mil num singelo post — que as celebridades cobram. Cada vez mais as marcas de pequeno e médio porte têm encontrado acessibilidade para entrar neste mundo com a popularidade e alcance dos microinfluencidores (até 30 mil seguidores) e de influenciadores comuns para estreitar a relação com os seus clientes.
E dá resultados. Mais de 84% das pessoas seguem a vida de influenciadores digitais e 76% dizem já terem mudado de opinião sobre alguma coisa
— como uma bebida ou um tipo de roupa. Os dados são da pesquisa #Hashtag Seguidores, realizada pelo Instituto de Estudos de Comportamentos e Consumo Diário de Campo entre março e maio e revelam, ainda, que 51% já foram apresentadas a produtos ou serviços por quem seguem em rede social e que 49% já realizaram uma compra por indicação de influenciador.
Como funciona
Na maioria das vezes é o influenciador quem procura a empresa. Contudo, uma peculiaridade deste mundo é que tudo é muito negociável. Um post pode custar de R$ 150 a R$ 3 mil. Outra variante é o formato (stories, feed, vídeo, presença em evento) e quantidade de publicações. Vai depender do número de seguidores, do engajamento e também se fala com o público-alvo.
Gustavo Mota, fundador da M8X e da We Do Logos, destaca que quanto mais nichado for este público-alvo, melhor, pois o que vale nesse mundo virtual é a qualidade do alcance e não meramente a quantidade.
— A parceria deles é uma construção que precisa de consistência. O conteúdo tem que ser relevante e a interação é a chave deste negócio.
Mota explica que há casos em que é feito apenas um post, mas, geralmente, fecha-se um combo com estes recursos para um período mais longo. Outra forma muito comum é a permuta em que empresas enviam seus produtos ou disponibilizam serviços para os influenciadores, que podem tanto apenas usar o presente como parte do seu dia a dia ou como fazer um vídeo ou postagem falando claramente dele.
Saber dosar a autenticidade e veracidade da vida que se leva com os patrocínios é o grande desafio dos influenciadores, aliás, pois é justamente o seu jeito de ser que o faz ganhar fama, seguidores e contratos. Por outro lado, a vida vigiada a todo tempo, se não for real, pode ser a sua derrocada.
— Recebemos pedido de um influenciador que queria se associar à marca mas estava envolvido num caso de agressão contra uma mulher. Dispensamos — conta Guilherme Ramos, gerente de marketing da academia Bodytech, que trabalha com influenciadores de todas as categorias.
Por isso, para escolher o embaixador da marca, o primeiro passo é conhecer os valores que este profissional passa em suas redes e a afinidade de estilo de vida. A pesquisa mostra que 57% dos internautas dizem que influenciadores que falam sobre as vidas pessoais despertam maior interesse.
— As pessoas esperam que os influenciadores inspirem, mas também que sejam próximos. O que importa é ouvir e acompanhar a vida daquela pessoa. Não só o que ela veste ou usa, mas como ela faz isso, como esses produtos e marcas se encaixam na vida dela — aponta Renata Del Caro, sócia da Diário de Campo Pesquisa.
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Ela faz uma ressalva sobre os ‘publis’ (a publicidade explícita nos posts ):
— Isso pode fugir do princípio de transparência e honestidade que se espera e fascina nas mídias sociais. Mesmo assim, a pesquisa identificou que, quando o vínculo com o influenciador é forte, os seguidores encaram o elogio como uma dica preciosa que se dá aos amigos.
Mais do que likes
A moeda de troca nas parcerias é sempre a hashtag e o alcance assertivo. Por isso, likes não bastam. Ramos conta que hoje há um sistema para mensurar não apenas as curtidas como também o engajamento, número de seguidores e acompanhar os últimos meses.
— Verificamos os locais com quem esta pessoa fala também e com quais outras marcas já tem parceria. Outro ponto é que não adianta ter um número altíssimo de seguidores se não for em engajamento orgânico — diz ele, citando o exemplo da DJ Camilla Brunetta .
— Ela tem uns 30 mil, mas fala diretamente com o público jovem que queremos, tem a ver com a nossa marca e viaja o Brasil todo. Isso é o que mais vale.
No caso da academia, ele conta que todos são permutas de seis meses, que podem ser renováveis, e em troca os influenciadores postam, pelo menos, dois posts por mês.
Camilla explica que os detalhes dos contratos são muito pontuais e tudo depende do interesse de cada um, desde que haja uma identidade. Por exemplo, uma marca muito forte raramente paga por conteúdo, entretanto, oferece produtos e o influenciador tem o seu nome associado a ela.
— Depende da marca, pois algumas me agregam também. Tem que ser bom para os dois lados sempre — acrescenta a dentista e influenciadora digital Renata Dias, que ganhou fama em um reallity show, passando de 20 mil para quase 300 mil seguidores.
Quem também fez parcerias com a Body Tech é advogada e maratonista Vanessa Fonseca. Ela começou a postar sobre suas corridas e o conteúdo atraiu a atenção de várias pessoas, hoje, 150 mil seguidores. Com o foco na carreira esportista e de influenciadora, entre patrocínios e postagens pagas, ganha mais do que no antigo ofício.
— O microinfluenciador está sendo reconhecido como fundamental para as marcas porque chega até ao público dele. São pessoas reais com histórias reais — pontua Jorge de Sá, ator que também se tornou um queridinho das redes sociais, hoje, com 112 mil seguidores, focando na mentoria esportiva.
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Redação iBahia
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