
Em sua conta no Instagram, com mais de 9 mil seguidores, a confeiteira dedicou uma publicação inteira aos desafios da maternidade. Nos comentários, muitas mulheres se solidarizaram e se identificaram com as "dores de ser mãe". Quando o assunto é cobrança, Duda (como ela se identifica), diz que a pressão vem de vários lugares. "Eu tento me cobrar não me cobrar mais, mas é inevitável. A cobrança vem da família, da escola, é uma cobrança social que parece que a gente não faz o suficiente. Isso é terrível. Ninguém diz "onde está o pai dessa criança?" É sempre a mãe que tem que responder. Costumo dizer que sou minha maior carrasca. Tem uma cobrança social muito grande sobre a mulher, principalmente a mãe. Antes de ter filho, eu achava que precisaria me anular como mulher para ser uma boa mãe. E hoje sei que preciso ser uma mulher "realizada" para ser uma boa mãe", desabafa a empresária que é separada.
Para o psicólogo Alessandro Mariempietri, a expectativa em torno de uma maternidade perfeita é fruto de uma cultura machista. "Existe uma pressão social oriunda da cultura machista de que toda mulher seria, por um chamado biológico ou metafísico, vocacionada à maternidade. Esse já seria uma primeira prisão, uma vez que toda mulher em tese deveria dar conta da maternidade com qualidade e competência já que teria nascido para isso. Daí se há algo que não sai justo como o esperado toda a responsabilidade tende a recair sobre a mulher", disse.
O convívio com outras mães foi essencial para aliviar as tensões da experiência de ser mãe na vida de Duda. "Me cercar de outras mulheres empoderadas foi importante para eu desmistificar essa coisa da maternidade. Ser mãe não é para todo mundo, não é para toda mulher. Eu gostaria muito que as pessoas que tivessem me dito tudo que eu sei hoje. Não é fácil ser mãe, não é mágico. É muito difícil criar outro ser humano e ser responsável por ele", afirma. Atualmente, Duda vive com o filho e revela que mesmo passando muito tempo juntos, ela não abre mão de cultivar sua individualidade."Aproveito para ensinar a Chico que somos pessoas diferentes, que gostamos de programas de TV diferentes, e que a nossa individualidade precisa ser respeitada. Ele sabe que às vezes quero sair com as minhas amigas, e que esse é o meu momento", garante.
A experiência trouxe à empresária leveza e bom humor na hora de relativar o famoso 'peso' da maternidade. Questionada se houve arrependimento por ter se tornado mãe, Duda brinca. "Em vários momentos nesses quase 7 anos. É dado um peso enorme a maternidade, e a gente compra esse pacote pesado, tem horas que dá vontade de largar tudo e sair louca pela BR", sorri. No entanto, ela garante que ser mãe é também recompensador. "O que compensa é a relação de cumplicidade que estamos construindo, ver ele crescendo feliz não tem preço. Eu diria a outras mães que acredite apenas nelas mesmas. O tempo inteiro mães de primeira viagem ouvem coisas que as desqualificam, que tiram suas credibilidades. Se cobre menos, você faz o que é possível, se acolha, seja legal com você", aconselha outras mães. Separar expectativasA raiva foi um dos alertas para a terapeuta Elis Carvalho, de 33 anos, compreender a necessidade de autoacolhimento. "Costumava me achar culpada quando não tinha paciência com alguma coisa e aprendi a olhar para as situações difíceis, como indicadores do que está acontecendo comigo.Uma publicação compartilhada por Duda Lima - Confeitaria (@dudalimaconfeitaria) em 2 de Mai, 2018 às 4:34 PDT

Amor incondicional
Paixão é talvez um dos sentimentos mais recorrentes entre as respostas de Ada Assunção quando o assunto é maternidade. Mãe do pequeno Tom, de 1 anos e 2 meses, a bióloga revela que nunca se arrependeu da escolha de colocar uma criança no mundo. "Jamais! Agradeço todos os dias por ele ter me escolhido e não ter desistido de mim", enfatiza. Sobre as cobranças que sente a respeito da criação do filho, Ada diz que elas existem, mas tenta relativizar. "Me cobro saúde, me cobro disposição, me cobro mais presença, me cobro que ele não se machuque. O cobrar, o auto cobrar é diário e inevitável. Estou apenas fazendo o que posso pra que meu filhote esteja bem. Tenho tentado aprender pra que ele fique sempre bem e que eu possa respeitar o tempo dele. Acho que essa "exigência" é amor! É amor em querer sempre o melhor pra ele", afirma.

Mãe solo, Ada afirma que ainda não encontrou tempo para cultivar sua individualidade. "Talvez até os três anos dele seja o momento mesmo de dedicação. Trabalho das 8 às 17h. No horário de almoço vou em casa e além de (tentar) almoçar preciso dar uma arrumada na casa e ajeitar as coisas do outro dia. Às 18h pego ele na creche e vou pra casa e aí sou só dele...banho, comida, peitinho e sono", confessa feliz. A alegria
Durante a gravidez, a bióloga de 40 anos engordou 23 quilos, mas explica que apesar do susto com as mudanças do corpo, a decisão de amamentar tem valido a pena. "Relaxei total com o peso.Fiz 1 mês de hidro e algumas poucas aulas de Yoga, com minha doula Maiana Kokila. Logo depois do parto achei que ainda estava penha. O corpo não volta ao normal da noite pro dia como se mostra nas mídias e isso me assustou muito. Mas também acabei relaxando. Queria estar com saúde e leite. O corpo é sábio e sabe se readequar. Aos poucos as coisas foram se ajeitando. Tenho leite, filhote mama em livre demanda e isso é uma fase. Vai passar e sentirei saudades. Então é aproveitar", diz.
Entender que a maternidade é uma experiência singular ajuda a desconstruir o mito da mãe perfeita e devota. "Na atualidade há um patrulhamento severo sobre o papel da mulher na maternidade que em geral é feito por outras mães ou por uma comunidade que se sustenta num suposto saber científico sobre criar filhos. Essa cientificidade que invade a relação dos pais e filhos hoje tem feito com que o bom senso dê lugar a um compromisso com um padrão de perfeição supostamente existente. Isso é danoso para pais, mães e filhos", esclarece Marimpietri.
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Redação iBahia
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