Demorou mais de dez anos para “The Umbrella Academy” abrir caminho dos quadrinhos até o formato de série, cuja primeira temporada vai ao ar na Netflix no dia 15 de fevereiro. Para os criadores do grupo de super-heróis, o americano Gerard Way, vocalista da banda My Chemical Romance, e o desenhista brasileiro Gabriel Bá, coautor com o irmão Fábio Moon de graphic-novels premiadas como “Daytripper”, esse tempo todo de espera ajudou a criar condições para uma adaptação melhor.
A história dos seis irmãos superpoderosos que se reúnem após a morte do pai adotivo seria adaptada para o cinema, mas acabou sendo transformada em série por causa da dificuldade de condensar em uma única narrativa tantas tramas e subtramas:
— Com dez episódios, temos o espaço para contar nossa história com mais cuidado, desenvolver as tramas, os personagens e a relação entre eles. E, como acontece com outros filmes e séries de quadrinhos, o público está mais confortável com o gênero, eles o entendem, sabem como funciona. Estão prontos para encarar os nossos super-heróis estranhos — disse Bá, durante a Comic Con Experience, em São Paulo.
Bota estranho nisso. Eles formam uma família disfuncional, não se sentem muito à vontade quando estão juntos e suas capacidades são no mínimo bizarras. A número 3, Allison, torna realidade tudo o que fala — se mentir, aquilo que disse passa a ser verdade. O número 5, conhecido apenas como “O garoto”, tem a cara e o corpo de um menino de 10 anos, mas é muito mais velho que isso e pode viajar no tempo:
— O principal são os personagens, como eles se relacionam entre si e os problemas que têm em suas vidas “normais”. Por acaso eles são super-heróis, têm superpoderes e a missão de salvar o mundo. Não dá para esperar uma série de super-herói tradicional com esses caras. São pessoas estranhas que fazem parte de uma família disfuncional, com muitos problemas para lidar. O que deve criar uma identificação com o público —diz Bá.
'Um universo paralelo'
“The Umbrella Academy”, a série, começa no fim dos anos 1980, quando 43 bebês nascem simultaneamente de mulheres que não revelaram nenhum sinal de gravidez, e sem relação alguma entre elas. Sete das crianças são adotadas por Sir Reginald Hargreeves, um bilionário que cria a The Umbrella Academy e prepara seus “filhos” para salvar o mundo. Tudo ocorre conforme planejado, até uma crise familiar dispersá-los. Seis deles voltam a se reunir quando recebem a notícia da misteriosa morte do pai.
— Acho que eles foram muito reprimidos na infância, e que muito da sua trajetória repercutiu no modo como eles lidam com isso agora — avalia Ellen Page, que interpreta Vanya, a única dos sete que não tem um poder especial.
Tom Hopper, que faz o papel de Luther, o número 1 do grupo, explica que esses personagens são muito mais humanizados. E que suas fraquezas e falhas espelham o que vivemos hoje em dia:
— É um universo paralelo, não temos uma era digital. Mas as coisas que as pessoas estão passando hoje em dia, especialmente as crianças que entram na idade adulta muito cedo, certamente se relacionam com o mundo que vivemos. As pessoas enfrentam ansiedade, depressão e coisas que os seres humanos enfrentam no século 21 — completa o ator britânico.
Way, que cita entre suas influências os trabalhos de cineastas como Fritz Lang e Wes Anderson, e de quadrinistas como Grant Morrison (“Patrulha do Destino”) e Mike Mignola (“Hellboy”), diz que gostaria de ter colhido mais histórias para tornar o quadrinho mais diverso ainda:
— Mas ao continuar o trabalho na série, o bonito disso tudo é que podemos ampliar essa diversidade. É superimportante ver por meio do olhar do outro, estar no lugar do outro. Tentar, ao menos, criar empatia. Se conseguíssemos criar empatia com as outras pessoas, o mundo certamente seria muito melhor — completa o artista.
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Redação iBahia
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