Hoje é dia de falar de finanças de 2019. É dia de falar do Gigante da Colina, o Vasco da Gama. O clube vem na tentativa de reestruturação da sua vida financeira e tentando resgatar seu papel no futebol brasileiro.
Clube com papel importante na inclusão do negro no futebol brasileiro, batendo de frente com o “sistema” da época, com títulos nacionais e internacionais e jogadores que marcaram época. Abaixo, página de jornal de 1924 com a resposta do clube à A.M.A.E
Falando da grana que entra, aqui já temos uma pista da variação forte de 2018 para 2019. A famosa Receita Não Recorrente não veio no mesmo volume do ano anterior quando o clube faturou muito com venda de direitos de atletas.
A venda de Paulinho, para o Bayern Leverkusen, rendeu ao Vasco cerca de R$ 77 mm em 2018. Em 2019, esse valor despenca para R$ 10 mm.
Aqui passamos pelas rendas de bilheterias. Embora revertesse o resultado negativo do ano passado, o Vasco só conseguiu ter R$ 1,1 mm de resultado em renda de jogos do ano de 2019. É um dado que não dá nem para comentar… É pífio para o tamanho do clube.
Mas o grande problema é outro: faturar R$ 204 mm não representa entrada de caixa nesse valor. Sabe quanto foi corroído por bloqueios, pagamentos de empréstimos, trabalhista e penhoras? Cerca de 82 mm. É muito dinheiro!
Passar rápido pelo Ctas à receber por uma curiosidade: O item (a) se referem a patrocínios pendentes de recebimento desde 2017. Caixa Ec Federal (R$ 6 mm), por não ter Certidão Negativa, e Havan (R$ 4,2 mm) são os principais.
E aqui começam as respostas por sucessivos atrasos salariais em 2019. Só de bloqueios e depósitos de ações (Cíveis, trabalhistas e fiscais) o clube teve cerca de R$ 27 mm retidos. É dinheiro imobilizado para pagar o que não foi pago lá atrás.
Chegamos ao passivo. O circulante tem cerca de R$ 288 mm de compromissos de curto prazo (até 12 meses) para ser liquidado. Isso é cerca de 40% de toda a dívida. Como fazer gestão de caixa com esse compromisso e aquele tamanho de faturamento do ano passado?
Note, no quadro acima, que o clube vai se financiando cada vez mais com Governo (Tributos e parcelamentos destes) e bancos. Dívida total aumentando inevitavelmente. É a bola de neve que acontece em diversos clubes.
Chegamos aos banqueiros dos clubes. BMG (muito próximo, pois já patrocina) e Safra colocando mais de R$ 77 mm de “dinheiro novo” no Vasco. Globo/Horizonte "tirando o pé do acelerador”e reduzindo mais de 30% da sua exposição.
Safra com vencimentos mais curtos, característica muito forte do banco. Emprestam até onde o “olho consegue alcançar". BMG estruturou FIDC (Fundo) que até 31/12 tinha R$ 18 mm (item vi). Esses fundos compram recebíveis, neste caso, direitos de tv.
E aqui o custo de carregamento (juros) dessa dívida bancária que foi de R$ 21,5 mm e também dos parcelamentos (R$ 10 mm). No líquido, saíram de R$ 16 mm para R$ 36 mm de despesas financeiras. Carregar dívida custa e não é pouco.
Chegamos ao DRE. Déficit de R$ 5 mm não é muito para um clube desse tamanho de orçamento. É muito para um clube com um passado que sobrecarrega (e até inviabiliza) o presente. Como o clube reagirá ao efeito da pandemia?
O clube manteve estáveis seus gastos com jogadores. Certamente o orçamento estava muito mais otimista em venda de direitos econômicos e outras linhas. Mas aí vem a realidade, essa cruel amiga, e nos mostra que não se planeja desta forma.
Em 2019, mais de 150 mil torcedores atenderam o chamado da Diretoria e se associaram em pouco mais de 1 mês. Poucas vezes se viu uma mobilização tão impressionante como essa no futebol.
O Gigante da Colina anda adormecido, mal tratado por politicagens e más gestões.
O clube, neste processo, contratou uma Big 4 (KPMG), aumentou transparência, além de outras ações relevantes de reestruturação.
A torcida - uma das maiores do país - espera receber em troca o tamanho do seu amor pelo clube. Nem mais, nem menos.
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Redação iBahia
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