A ausência do Carnaval 2021, por causa da pandemia do novo coronavírus, pode ser definida em duas palavras: saudade e prejuízo. Anualmente, a festa injeta dinheiro em todos os setores da economia e gera vários postos de emprego, principalmente na capital baiana.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) e da Empresa Salvador Turismo (Saltur), a previsão para 2021 era ter uma movimentação econômica de R$ 1,8 bilhão e a abertura de mais de 200 mil postos de trabalhos temporários. Esse prejuízo cairá na conta de todos - catadores de latinha, cordeiros, taxistas, motoristas de aplicativo, donos de pousadas/hotéis, costureiras, seguranças, empresários de blocos e camarotes, artistas, entre outros.
O iBahia conversou com empresários de camarotes renomados para entender como eles estão se organizando diante dos impactos da pandemia. Além disso, durante a entrevista, Luciana VilasBoas (Salvador), Michel Cohen (Harém) e Sandro Ferreira (Nana) falaram de suas expectativas para o futuro do setor de entretenimento e do próprio Carnaval.
"A gente não esperava que o Carnaval de 2021 não aconteceria, porque ainda não conhecíamos a doença e nem os efeitos dela no ano passado. Então, a gente meio que se preparou para esse ano. Tinha todo um planejamento e os abadás já haviam começado a ser vendidos", explica Sandro Ferreira.
O gestor e sócio do camarote do Nana ainda pontua que foi preciso transferir o planejamento para o próximo ano, com a esperança das coisas se estabilizarem, e que conseguiu fazer uma reserva de capital para enfrentar a situação. "É um prejuízo inimaginável para todos os envolvidos no evento. Um ano sem receber salário e tendo os custos de sempre", avalia.
Luciana VilasBoas, diretora geral do camarote Salvador, conta que eles vivem situação semelhante e que também já tinham começado a vender abadás.
"Deixamos um planejamento pronto para este ano, mas não começamos a executar. Apostamos no pior cenário e reestruturamos a empresa em junho de 2020. Fizemos uma redução drástica dos custos, reduzimos a equipe na metade, mas mantivemos cargos chaves para manter a inteligência do negócio, sem perdas para a retomada. Honramos nossos compromissos e demos suporte para nossos funcionários", explica Luciana.
Já Michel Cohen, diretor do Harém, e sua equipe preferiu esperar os desdobramentos da pandemia para depois avaliar um possível planejamento e movimentações.
"Tivemos uma série de eventos programados ao longo do ano após o Carnaval de 2020 que precisaram ser abortados. A gente até pensou em alternativas para garantir a realização, mas não adiantou e optamos por aguardar a retomada. Estamos há um ano sem receita, a gente realmente tem pedido socorro", explica Michel.
Como fica os clientes dos camarotes com o cancelamento da festa?
Luciana VilasBoas e Sandro Ferreira contam que adotaram uma política de transparência e confiança com os clientes. Os que já haviam comprado os abadás puderam se ressarcidos do valor ou manter os acessos válidos para o próximo Carnaval.
Em ambos os casos, a maioria dos clientes preferiram manter os acessos. "As pessoas realmente quiseram esperar a próxima festa", acrescenta Sandro Ferreira.
Trabalhadores do Carnaval
Aliando planejamento, montagem e os dias de festa, os camarotes empregam mais de 1.000 pessoas. Com o cancelamento da festa e a pausa dos eventos, muitos profissionais precisaram buscar outros meios para garantir renda. Segundo um estudo da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (ABRAPE), com paralisação do setor de cultura e entretenimento já foram perdidos 450 mil empregos formais e informais no país.
"O que as pessoas ganham para trabalhar no Carnaval às vezes é a renda delas por dois, três ou quatro meses. Na pandemia, teve muita gente que a gente ajudou, porque realmente não tinha de onde tirar dinheiro para se sustentar. Doamos cestas básicas por um tempo até que eles começassem a encontrar outra coisa para fazer", relembra o gestor do Nana.
Michel Cohen também precisou desligar boa parte dos funcionários. "É uma situação muito difícil. Estamos tentando abrir uma linha de conversa com o poder público para a gente começar a desenhar protocolos para a reabertura do nosso setor. A gente não quer simplesmente que nossos eventos voltem, a gente quer dentro de protocolos, medidas de segurança, comece a retomar aos poucos", avalia.
Expectativas para o futuro do entretenimento
Com o avanço da vacinação e o controle da pandemia, a expectativa dos empresários é aconteça o Carnaval de 2022 e que as pessoas estejam ainda mais propicia as festividades.
"O primeiro evento que for liberado vai ser inesquecível, porque depois do isolamento vai ser uma grande celebração. E acho que não tem festa que celebre mais que o Carnaval", aposta Luciana.
"Esse é o momento de tentar se resiliente, entender e pensar que graças a deus estamos com saúde e esperar por dias melhores. E acredito que quando isso tudo normalizar virão muitos momentos festivos. As pessoas estarão desejando se ver, se abraçar e curtir a vida", acrescenta Michel Cohen.
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Redação iBahia
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