Quase 40 anos de trabalho com a literatura, mais de cem livros lançados e vários prêmios conquistados, Ana Maria Machado foi a escolhida para ser a homenageada na 6ª edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira, no Recôncavo baiano, que começou na quinta-feira (13) e segue até a domingo (16). Em entrevista à imprensa, a escritora falou sobre o interesse dos jovens pela leitura, a importância dos educadores na formação de leitores e a 'febre' dos youtubers e blogueiros que escrevem livros.
Na conversa, que ocorreu nesta sexta (14), Maria Machado agradeceu o convite para voltar à cidade baiana e como homenageada: "Foi totalmente inesperado. Eu vim em Cachoeira há dois anos para uma homenagem a João Ubaldo [Ribeiro] e adorei a cidade. Aí dois anos depois eles me ligam querendo me homenagear. Só posso agradecer".Com um forte trabalhado para o público juvenil, a escritora contou que o Brasil cresceu muito nos últimos anos no incentivo de leitura às crianças. "Elas continuam lendo muito e cada vez mais. Existe todo um trabalho que foi feito de distribuição de livros nas escolas, a questão do acesso ao livro infantil no Brasil ficou praticamente resolvido. As crianças leem muito. Quando vai chegando os jovens, eles vão saindo das escolas, se interessando menos, eles vão tendo uma relação com professores que nem sempre é uma questão bem resolvida. Em grande parte das vezes esses professores nem leem. Esse professor que não lê vai afastando os alunos da leitura. Muitas vezes, a leitura é cobrada para fazer uma prova", disse.
Questionada sobre o aumento nas vendas de livros publicados por profissionais da internet - como é o caso de Felipe Neto, Kéfera Buchmann e Bruna Vieira -, a participante da mesa "O Mar, um Mapa, a Audácia" afirmou não julgar os leitores de exemplares do tipo. "Eu não julgo, é um fenômeno contemporâneo. Os jovens leem muito, mas não leem aquilo que as escolas querem que eles leiam. Eles estão lendo aquilo que eles descobrem. Isso é de tal maneira um modismo. Mas a gente já viu fenômenos desse tipo que se cria e depois diminui. É uma idade que tem muito modismo. Eu acho que não é só um modismo, é a inauguração de um jeito novo que ainda vai se ajeitar. Cada um ler o que quer. Se eles estão lendo o que não são os que nós escolhemos, mas estão lendo, que bom. Essa leitura de uma literatura popular já foi o folhetim, quadrinhos. Li quadrinho e sou leitora até hoje. Os blogueiros estão aí, na moda. O fato dos jovens estarem lendo eu já acho bom. Eu acho uma pena a pessoa ter oportunidade e lê bobagem."No bate-papo na Flica, a integrante da Academia Brasileira de Letras também falou do atual momento de crianças leitoras "cada vez mais conectadas com a tecnologia". "Elas antes tinham contato com o quintal, que também era uma distração. Não acho que a tecnologia mudou isso. Eu acho que quem lê no Brasil é uma minoria e isso que deve ser resolvido." Ana Maria Machado foi livreira, editora, jornalista e militou ativamente para transformar o Brasil num país cada vez mais de leitores. Além disso, decidiu se dedicar em um trabalho com professores para incentivá-los na atuação unindo a educação com a literatura. Com uma programação gratuita envolvendo a cultura e literatura até o próximo domingo (16), a Flica é um evento do Governo do Estado da Bahia, realizado pela iContent (empresa da Rede Bahia) em parceria com a Cali. Assista, na íntegra, a mesa com Ana Maria Machado na Flica 2016:
Escritora Ana Maria Machado em mesa da Flica 2016. (Foto: Egi Santana/ Divulgação) |
Foto: Egi Santana/ Divulgação |
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Redação iBahia
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