Prática comum nas eleições brasileiras, as candidaturas de filhos de políticos estão em alta na Bahia este ano. Na sucessão estadual, há pelo menos 11 deles na corrida por uma vaga na Câmara dos Deputados ou na Assembleia. Na linha de frente estão os novatos, grupo formado por quem nunca concorreu a cargos públicos de expressão e que, em 2014, tenta. É o caso de Paulo Henrique (PSL), que disputará seu primeiro mandato de deputado estadual na condição de herdeiro de uma das mais tradicionais famílias de políticos da Bahia. Ele é filho do ex-prefeito de Salvador João Henrique (PSL) com a deputada estadual Maria Luiza Orge (PSC) e é neto do senador João Durval Carneiro (PDT), ex-governador da Bahia. Acostumado à transmissão de votos familiar, Paulo Henrique quer receber a herança de eleitores não só do pai e do avô, mas também da mãe, que desistiu da disputa. “Ela concluiu oito anos como deputada e acreditou que já tinha dado a sua contribuição para a vida pública, e a família me escolheu para continuar o legado”, afirma.
Após renunciar para assumir uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o ex-deputado estadual João Bonfim trabalha para doar seu eleitorado para o filho, Victor Bonfim (PDT). Ao contrário de Paulo Henrique, Victor tem alguma rodagem política, embora restrita a Guanambi, no Sudoeste, onde é vereador. Outro filho de parlamentar que pretende seguir os passos do pai é Thiago Simões (PSL), filho do deputado federal Geraldo Simões (PT). Embora não tenha o sobrenome paterno - ele foi registrado com o Feitosa da mãe e o Oliveira do pai -, Thiago optou por um “nome fantasia” para fazer dobradinha com o petista, candidato à reeleição, de olho em uma vaga na Assembleia. Na lista de novatos que aproveitaram o vácuo deixado pelos pais, está Luciano Simões Filho, cujo pai homônimo é deputado estadual pelo PMDB, mas desistiu de concorrer à releição. O herdeiro do parlamentar peemedebista afirma que vai “continuar o mandato do pai, mas com ideias próprias”. Para Simões Filho, a transferência de votos será natural e deve atingir 100% nos redutos controlados pelo pai, como Pilão Arcado, América Dourada, Campo Alegre de Lourdes. Segundo o herdeiro, os acordos foram feitos por ele mesmo em alguns municípios, e pelo pai, no resto. “Mas em tudo eu pedi seu aval. Ele será meu conselheiro em tudo”, disse. TrampolimHá ainda a ala dos que aproveitaram o vácuo do pai para saltar de posição no poder. Filho do ex-deputado Mário Negromonte, nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Município, Negromonte Júnior (PP), que é deputado estadual, espera chegar à Câmara Federal com a bênção dos quase 170 mil eleitores do patriarca. “Nós já estávamos trabalhando essa transferência de votos desde o final de 2013, quando houve possibilidade de meu pai ir para uma candidatura majoritária”, afirmou Negromonte Júnior. Na mesma linha, outro que espera fechar a gaveta na Assembleia para abrir uma no Congresso é o deputado estadual Cacá Leão (PP). Filho de João Leão, atual candidato a vice-governador na chapa do PT, Cacá quer os mais de 200 mil votos do pai em 2010. Ajuda Vereador de Salvador pelo PSC e candidato a deputado estadual, Heber Santana é filho do ex-deputado Eliel Santana, presidente estadual da legenda, suplente do senador João Durval e candidato à mesma vaga na chapa de Geddel Vieira Lima (PMDB). Ter um nome conhecido na política é uma vantagem, confessa Heber, que também é sobrinho do deputado federal Erivelton Santana (PSC). Apesar do pai não disputar uma eleição diretamente desde 2002, ele espera herdar votos antigos. “Não adianta imaginar que só nome vai me ajudar a vencer, mas o bom testemunho dele faz com que as pessoas criem expectativa em torno de mim”, conta. RodadosNa lista de herdeiros políticos, há os que já foram novatos e hoje ganharam espaço próprio. É o caso do deputado estadual Tom Araújo (DEM). Filho do ex-prefeito de Conceição do Coité Hamilton Rios, Araújo comandou a cidade do semiárido aos 22 anos. Em 2010, quando se elegeu deputado estadual, teve a maior votação da oposição: quase 63 mil votos. Agora, quer a reeleição. “A disputa para deputado não é regional, mas o histórico da família ajuda muito”, confirma. Filho do vereador licenciado Edvaldo Brito (PTB), que é ex-vice-prefeito de Salvador e atual secretário estadual para Assuntos Estratégicos, o deputado federal Antônio Brito (PTB) foi catapultado a Brasília graças ao pai, mas hoje se diz responsável pelo retorno do mentor à política, em 2008, quando foi eleito para a vice-prefeitura. “Ele tem um nome respeitado em todo estado. Quando chego nos lugares, lembram dele como uma pessoa limpa. É sempre bom fazer essa dobradinha”, disse, em relação às fotos de campanha em que aparecem juntos, assim como ocorre com quase todos os seus parceiros de capitanias hereditárias da política. Entre os candidatos herdeiros, há ainda outros dois nomes emblemáticos. Um é o Leur Lomanto Jr (PMDB), filho do ex-deputado Leur Lomanto e neto do ex-governador Lomanto Júnior. Este ano, quer renovar o mandato na Assembleia. O outro é o deputado federal Fábio Souto (DEM), filho do candidato da oposição ao governo, Paulo Souto. Depois de 12 anos em Brasília, o parlamentar quer voltar ao Legislativo estadual.
Matéria original: Correio 24h Pelo menos 11 candidatos tentam herdar os votos de pais políticos
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