Em Salvador, a Santa Casa da Bahia é uma das instituições que atuam para salvaguardar a memória. A entidade mantém o Museu da Misericórdia, localizado no Pelourinho, com ações voltadas para pesquisa, divulgação e preservação do acervo. Tombado pelo IPHAN desde 1938, o prédio que abriga o museu e já sediou o primeiro hospital da Bahia se destaca pela singularidade de sua construção.
Parte do conjunto arquitetônico do Museu da Misericórdia, a loggia é uma varanda de inspiração italiana, coberta e recortada por arcos. O local conta com raro trabalho decorativo feito com a técnica de embrechado, com a utilização de quatro tipos de mármore europeu: italiano, português, espanhol e francês.
O Museu da Misericórdia ainda abriga a Igreja da Misericórdia, considerada uma importante representante das artes barroca, neoclássica e rococó, e um ossuário onde eram sepultados membros da Irmandade da Santa Casa. A azulejaria de 1712, que reproduz a Procissão dos Fogaréus, realizada por Irmãos da Santa Casa nas Quintas-Feiras Santas, também compõe o acervo composto por mais de 3 mil peças.
Segundo Osvaldina Cezar, museóloga do Museu da Misericórdia, todo o prédio possui a narrativa de uma representação histórica. “Isso nos permite falar de hábitos e costumes de uma época, sobre questões relacionadas à saúde e ao cuidado com a infância, bem como as atitudes diante da morte, que se constituem em patrimônios materiais e imateriais da nossa sociedade”.
Memória cultural e histórica – De acordo com Osvaldina Cezar, preservar essa memória é um passo importante para entender a atualidade. “Conhecendo o seu passado, você poderá entender melhor as relações da sociedade atual e pensar em melhores soluções e posicionamentos para o futuro”, destaca. E acrescenta: “Entendendo-se como participante do processo histórico, poderá compreender que todos os povos, independente de classe, credo, posição econômica e social são herdeiros de um passado cultural rico de histórias que se refletem, de alguma maneira, na individualidade de cada grupo”.
Mais - O compromisso da Santa Casa da Bahia com a conservação da história e da cultura nacional vai além do Museu da Misericórdia. O Centro de Memória Jorge Calmon, localizado na Pupileira, no bairro de Nazaré, guarda e preserva mais de 1.800 livros e mais de 1.000 caixas de documentos avulsos que datam do século XVII até os dias atuais. Destaque para a coleção de 11 livros de Banguê, que trazem dados dos enterros dos escravos nos séculos XVIII e XIX, classificada como um dos acervos documentais brasileiros que integram o Programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). O Centro de Memória é aberto a visitantes e é muito procurado por pesquisadores do Brasil e de outros países. A Santa Casa ainda mantém o Circuito Cultural do Cemitério Campo Santo, que tem como destaque a Estátua da Fé, e tem tombadas outras edificações que integram seu patrimônio, como o prédio histórico do Hospital Santa Izabel.
Sobre a Santa Casa da Bahia
A Santa Casa da Bahia foi fundada em 1549, mesmo ano da cidade de Salvador. A entidade foi a única do Estado a prestar aos baianos serviços nas áreas de assistência social e atendimento à saúde por cerca de 200 anos. Hoje, além de seguir com trabalhos voltados para esses dois segmentos de atuação, a Santa Casa desenvolve atividades de ensino e pesquisa, cultura e educação infantil, por meio de diversas unidades, projetos e programas. Integram o grupo de equipamentos da Santa Casa da Bahia o Hospital Santa Izabel, a Unidade Álvaro Lemos, a Casa de Saúde Solange Fraga e a Unidade de Acolhimento Infantojuvenil Casa da Ladeira. Também pertecem à instituição o Museu da Misericórdia, o Centro de Memória Jorge Calmon, o Cerimonial Rainha Leonor – Pupileira e o Cemitério Campo Santo. No Bairro da Paz, a Santa Casa mantém seis Centros de Educação Infantil, o Programa Avançar e outras iniciativas de ação social. A entidade ainda atua como administradora de unidades públicas de saúde, sendo responsável pela gestão dos Multicentros de Saúde Amaralina e Vale das Pedrinhas, Hospital Municipal de Salvador e Hospital Municipal da cidade de Catu.
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Redação iBahia
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