Mais da metade da população mundial já vive em áreas urbanas. Somente no Brasil, a taxa de urbanização já bate a casa dos 85% e deverá ultrapassar os 90% até 2020. Com tanta gente morando nas cidades, não é de se espantar que o tema tenha ganhado tanta relevância. Ao longo de 2012, diversas iniciativas de governos, organizações, empresas e moradores mostraram possíveis soluções por cidades mais inteligentes, sustentáveis e humanas.
Cidades inteligentes
Porto Alegre é um dos destaques nacionais na área
O ano de 2012 foi marcado por iniciativas que promoveram e incentivaram iniciativas voltadas para as Cidades Inteligentes. Em Salvador, o TEDxPelourinho foi totalmente dedicado ao tema, e trouxe pensadores de diversas áreas e regiões do país para compartilhar suas experiências e mostrar como estão ajudando a transformar os centros urbanos em locais planejados para ser ocupados por pessoas, com ciclovias e centros revitalizados, com instrumentos de participação coletiva e empoderamento dos cidadãos, mais solidários, inclusivos, saudáveis, verdes e humanas.
Outra cidade que mereceu destaque no tema foi Porto Alegre. A capital gaúcha foi reconhecida pela IBM com uma das 31 cidades do mundo merecedoras do prêmio Smarter Cities Challenge Summit 2012. O reconhecimento veio graças ao projeto Cidade Cognitiva, que tem o objetivo de simular os impactos futuros sobre a vida do município, com as obras e ações realizadas no presente demandadas pelo Orçamento Participativo - sistema no qual a tomada de decisões sobre investimentos públicos é compartilhada entre sociedade e governo.
Quem também fez progressos da área, foi o Rio de Janeiro. A sede das Olimpíadas de 2014 tem investido em um moderno centro integrado de operações para antecipar e combater situações de calamidade. A tecnologia, desenvolvida em parceria com a IBM, deve ser aplicado nas demais cidades do país, segundo pretende o presidente da empresa no Brasil, Rodrigo Kede. O prefeito da cidade, Eduardo Paes, chegou a palestrar em uma Conferência do TED explicando quatro grandes ideias que devem conduzir o Rio (e todas as cidades) ao futuro, incluindo inovações arrojadas e executáveis de infraestrutura.
Mobilizações populares
Os rapazes do Shoot the Shit usam bom humor para resolver os problemas locais
Neste ano, o EcoD noticiou diversas iniciativas populares que têm transformado as cidades brasileiras. Em Salvador, a jornalista Débora Didonê e seus companheiros do projeto Canteiros Coletivos mostraram como estão transformando os espaços públicos da capital baiana utilizando somente pás, mudas e a conscientização dos cidadãos locais.
Quem também arregaçou as mangas e não esperou a prefeitura resolver os problemas de falta de estrutura urbana foi o grupo gaúcho Shoot the Shit. Formado pelos jovens Gabriel Gomes, Luciano Braga e Giovani Groff, o coletivo utiliza bom humor e inteligência para chamar a atenção para os problemas da cidade e convidar os cidadãos a tomarem atitude para solucionar os problemas.
O EcoD ainda entrevistou a especialista internacional em Economia Criativa e doutora em Urbanismo, Ana Carla Fonseca. Na conversa, Ana Carla defendeu que a criatividade deve beneficiar as cidades como um todo, e que para ser de fato evoluído, um centro urbano precisa cultivar aspectos como as inovações, conexões e a cultura.
Megacidades
Prefeitos das maiores cidades do mundo reunidos na Rio+20
Ao longo de 2012, representantes das maiores metrópoles do mundo se reuniram para trocar experiências sobre desenvolvimento sustentável e traçar metas para reduzir os impactos dos grandes centros urbanos no planeta. Entre os dias 30 de maio e 3 de junho, prefeitos das 40 maiores cidades do mundo se encontraram em São Paulo para participar da C40 (Large Cities Climate Leadership Group), encontro que visa trocar experiências e boas práticas que já estão sendo aplicadas em algumas cidades.
Um dos destaques desta edição foi a assinatura de um protocolo de intenções destinado a viabilizar suporte financeiro a grandes cidades, no intuito de que elas desenvolvam ações de sustentabilidade. O documento foi assinado pelo presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e pelo prefeito de Nova York, Michael Bloomberg (presidente da cúpula).
Outro encontro decisivo aconteceu durante a Rio+20, quando os líderes das 59 maiores cidades do mundo se comprometeram a reduzir em até 248 milhões de toneladas as emissões de gases do efeito estufa até 2020. Na mesma ocasião, os prefeitos firmaram o compromisso de engajar 100 metrópoles no caminho do desenvolvimento sustentável até 2025.
Arquitetura e urbanismo
As árvores da Rua Gonçalo de Carvalho a transformaram na "Rua mais bonita do mundo"
Outra vertente que mereceu destaque nas cidades foi a da arquitetura e urbanismo. O Brasil passou para a quarta posição no ranking mundial de construções sustentáveis, de acordo com o órgão internacional Green Building Council (Conselho de Construções Verdes), e o número de edificações com selos LEED não parou de crescer.
Outra motivação para o aumento das construções ecológicas é a Copa do Mundo de Futebol de 2014. Devido à exigência da Fifa de que os locais de jogos possuam certificado internacional de construção sustentável, todas as arenas esportivas estão realizando ações que vão desde a transformação do entulho de demolição em material reaproveitável, até o uso racional de água.
Mas nem só de grandes construções vivem as cidades do Brasil. Um dos destaques do ano foi a Rua Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre, que ganhou fama internacional após ter fotos de suas árvores compartilhadas em blogs e redes sociais. Em pouco tempo, seus quase 500 metros de túnel verde ficaram conhecidos não só pelas árvores, mas também pela ação dos moradores locais pela preservação, e o local foi batizado de "a rua mais bonita do mundo".
Políticas e iniciativas governamentais
Mais de 200 prefeitos eleitos assinaram a carta de compromisso do Programa Cidades Sustentáveis
Nesse quesito, o ano já começou com a sanção, em janeiro, da Política Nacional de Mobilidade Urbana. Aprovada pela presidente Dilma Rousseff, a nova lei visa integrar, melhorar e tornar mais acessíveis os diferentes modos de transporte, visando a mobilidade de pessoas e cargas no país. A nova regulamentação traz, entre suas principais medidas, a exigência que todos os municípios acima de 20 mil habitantes elaborem seus planos de mobilidade urbana.
Mais propostas para cidades sustentáveis foram apresentadas no Fórum Social Temático 2012 (FST), realizado em Porto Alegre. Durante o debate, o Programa Cidades Sustentáveis lançou uma plataforma com sugestões em níveis internacional, nacional e local para melhorar a qualidade de vida nas cidades e incluir os centros urbanos na busca de soluções para problemas ambientais globais.
Outro destaque foi a adesão de mais de 200 prefeitos eleitos nas últimas eleições municipais ao Programa Cidades Sustentáveis. Com a assinatura da carta de compromisso, eles se comprometeram a promover o desenvolvimento sustentável nos seus municípios durante a gestão.
Rankings
Rankings listaram as melhores e as piores cidades para se viver
Ao longo dde 2012, também foram apresentados alguns rankings que classificaram cidades de todo o mundo. Uma das listas foi feita pelo guia turístico Frommer´s, que preparou um Top 10 com as Melhores Cidades do Mundo Para Caminhar. Encabeçando a lista estão Florença (Itália), Paris (Franças), Dubrovnik (Croácia) e Nova York (EUA).
Já o ranking feito pela empresa de consultoria Mercer, listou as 10 melhores cidades do mundo para se viver, e foi desenvolvido com base em cinco categorias: estabilidade política, serviços bancários, escolas, restaurantes e desastres naturais. No topo da lista estão Viena (Áustria), Zurique (Suíça), Genebra (Suíça), Vancouver (Canadá) e Auckland (Nova Zelândia).
Quem também avaliou as cidades de todo o mundo foi revista britânica The Economist. Segundo a publicação, que elaborou um estudo com 140 cidades ao redor do planeta, Melbourne (Austrália) é a melhor cidade do mundo para se viver. Por outro lado, o documento também apontou os piores locais para se morar, como Abidjã (Costa do Marfim), Teerã (Irã) e Lagos (Nigéria). Localizadas, em sua grande maioria, na África e Ásia, as piores cidades do mundo são, em geral, grandes metrópoles violentas, com alta densidade populacional, altos índices de criminalidades, congestionamento, poluição, baixa educação e cultura.
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