Quando o repórter recebe a missão de escolher o personagem do jogo para uma matéria, sempre pensa em escolher algum atleta do clube local, seja por identificação da torcida, pelo público consumidor do jornal ou pela proximidade com o tema. Hoje, peço licença para fazer o mesmo, mas com uma pequena - e nada sutil - observação. O personagem da derrota do Vitória para a Chapecoense por 2x1, no Barradão, pertence ao clube baiano. Mais do que isso. Foi revelado nas categorias de base do Leão. Só que ontem ele entrou em campo vestindo uma camisa verde e com outro escudo no peito.
Sim, estou falando de Arthur Maia. Alagoano de Maceió, ele chegou ao Vitória em 2003, quando tinha apenas 10 anos, e nunca conseguiu alcançar o status de ídolo que se esperava no clube que o revelou. Quando completou a maioridade, ganhou como presente sua integração ao time profissional. Em três anos, não conseguiu se firmar, jogou apenas 37 jogos e fez apenas dois gols. Passou por Joinville, América-RN (onde teve bela passagem), Flamengo e até o japonês Kawasaki Frontale. Em 2016, Maia finalmente achou que teria chance no Leão. Ilusão. Entrou em campo apenas sete vezes e foi mandado para a Chapecoense. Ser preterido, definitivamente, não agrada a ninguém mas, ontem, Arthur Maia, aos 23 anos, teve a chance de mostrar ao Vitória que, sim, tem seu valor. De volta ao Barradão, ele começou a partida no banco de reservas e aguardou até os 24 minutos do segundo tempo para finalmente voltar a pisar no gramado que conhece desde os tempos de moleque. Maia precisou de dois minutos. Só isso. Foi o tempo que ele usou para cruzar a bola na medida para Sérgio Manoel abrir o marcador e colocar a Chapecoense na frente do placar. Aos 30, ele novamente apareceu e, de novo, foi responsável pela assistência que deu o triunfo ao time catarinense. É a famosa lei do ex, quando um atleta marca gol contra o ex-clube. Com Maia não foi com gol, mas aconteceu de forma decisiva do mesmo jeito, com assistência. A mágoa do clube que o criou não é suposição. Ao deixar o gramado do Barradão, ele mesmo fez questão de deixar isso claro. “Ganhar do Vitória aqui dentro é mais especial, sim. Não posso dizer que não é. Se eu disser isso, não estou falando a verdade. Todos sabem a história que tive aqui, as coisas que eu passei e como eu queria fazer um grande jogo aqui”, desabafou. Em tempos de um futebol cheio de “não me toque”, a sinceridade de Maia chama atenção. E, seja com palavras ou com a bola no pé, ele deu o seu recado.
Olhos fechados e dedos para cima: maia comemora, pela Chapecoense, o gosto de sucesso que poucas vezes sentiu no Barradão (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) |
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Redação iBahia
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