ESPORTES

Emocionado, Emanuel não sabe se jogará Olimpíadas do Rio

Prata no vôlei de praia em Londres, brasileiro está próximo dos 40 anos. "Não sei se vou ter (voz embargada) saúde" para 2016

foto autor

10/08/2012 às 11:02 • Atualizada em 01/09/2022 às 5:18 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News
Emanuel completará 40 anos em abril do ano que vem
Medalha de prata ao peito, ele vem como caminhar lento. Para, duas dezenas de jornalistas ouvem o porquê de o ouro não ter vindo, até que surge a pergunta inevitável: Emanuel, você vai conseguir jogar a próxima Olimpíada, no Rio? Após a derrota com o parceiro Alison na quinta, na final de Londres, por 2 sets a 1 para os alemães Brinck e Reckermann, o paranaense Emanuel Rego, melhor jogador de vôlei de praia de todos os tempos, presente em todos os cinco Jogos Olímpicos em que a modalidade esteve presente, dez vezes campeão mundial, e 39 anos, custa em suportar a íntima e profunda dúvida daquele momento: quer muito, mas não sabe se terá forças para seguir até Rio 2016. Ele se emociona, tenta segurar o pranto e solta as costumeiras poucas palavras, precisas e diretas, no tom paciente dos mestres. "Sou um atleta que gosta muito de Olimpíada. Mas não sei se vou ter (voz embargada) saúde", diz. E chora. A vontade de estar lá, mas não saber se aguentará, é tão forte que as palavras sobram. Os jornalistas silenciam. Emanuel não quer parar. Sua história se confunde com as Olimpíadas. Está certo que joga o ano que vem, afinal, junto com Alison defende o título mundial neste ano (estão em primeiro no ranking) e sabe que há pique para 2013. Mas ele ainda não conhece o peso dos 40, que completa no dia 15 de abril do ano que vem. A companhia é certa. Alison, 26, já garantiu que segue com a parceria – aliás, com a irmandade – para mais uma Olimpíada. "Ele sabe muito bem disso. A gente não é mais parceiro, a gente é irmão". Emanuel é o grande exemplo para Alison. Foi depois de vê-lo ganhar o ouro em Atenas 2004 que Mamute decidiu trocar as quadras pela areia. "Ele é uma lenda, é único. Se todos os atletas, em qualquer modalidade, pudessem se espelhar no Emanuel, teríamos grandes medalhistas", comenta Alison, ainda sentido por "não ter dado esse ouro pra ele". Mas ele suportará? Alison responde. "Não sei. Ele acabou de provar que aguenta. Há quatro anos atrás, quando ele e Ricardo se separaram, todos falaram que não dava mais. E os dois provaram que estão na Olimpíada, um com 37 e outro com 39 anos". Ricardo, baiano, ganhou o ouro em Atenas e o bronze em Pequim 2008 ao lado de Emanuel, que se igualou ao ex-parceiro por causa da prata que Ricardo ganhou em Sydney 2000 com Zé Marco. Alison segue: "Ele é um cara de 39 anos que acorda cedo, se dedica, não usa o nome em nenhum momento. É um cara humilde e merece respeito de todo mundo". Se há heróis no esporte, Emanuel é um deles. No estilo brasileiro, com vitórias e derrotas. É dele a estátua que a Federação Internacional i nstalou nos arredores da arena de jogo, que fica no quintal da rainha Elizabeth II, no jardim do Palácio de Buckingham. Sem a fria matemática alemã dos algozes de quinta, Brink e Reckermann, ganhadores da medalha de ouro. Os alemães tiveram o luxo de deixar de participar do Circuito Mundial para se dedicar exclusivamente aos treinos para Londres 2012. E levaram. Mas a garra e a qualidade técnica dos brasileiros foi superior, apesar do placar. O resultado final, em muitos esportes, algumas vezes engana. A partida de quinta foi um exemplo disso. Os derrotados marcaram mais pontos que os vencedores: 56 a 55, parciais de 23/21, 16/21 e 16/14. As duas duplas jogaram em alto nível. Os brasileiros pecaram em insistir no saque em Reckermann, que virava todas. Até o primeiro tempo técnico, por exemplo, com 11 a 10 no placar para os brasileiros, Reckermann acertou 100% dos ataques. Ainda assim, os alemães fecharam o primeiro set apertado: 23/21. No segundo, o Brasil se deu bem ao mudar a estratégia e sacar mais em Brink: 21/16 com tranquilidade. Até o terceiro set, quando Alison e Emanuel abriram 2 a 0, parecia que o jogo tinha virado. Mas Reckermann manteve um alto índice de acertos e eles abriram 14 a 11. Emanuel tirou suas últimas forças e empatou. Até que, num ataque dele, o árbitro deu bola fora e o ouro foi para a Alemanha. Mas bem que poderia ser dos quatro. Dupla brasileira perde o ouro para alemães. Emanuel segue até 2016?

Leia também:

Foto do autor
AUTOR

AUTOR

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Esportes