Mesmo sem confronto direto, o Bahia se tornou o principal adversário de Botafogo, Flamengo e Vasco nesta reta final de Brasileiro. Sem saber o que é derrota há um mês — a última foi em 19 de outubro, justamente contra o rubro-negro do Rio, por 4 a 1 —, o tricolor baiano aproveitou os tropeços recentes dos cariocas para se aproximar do G-7. Com uma vitória no domingo, contra o Sport, em Recife, pode terminar a antepenúltima rodada na frente de todos os três.
Entre altos e baixos, o Bahia encontrou seu melhor momento logo no terço final do campeonato: com cinco vitórias e apenas uma derrota, o time acumulou 19 pontos nas últimas dez rodadas, aproveitamento que nenhuma outra equipe atingiu nesse período. A ascensão credencia o Bahia a brigar pela zona de classificação à Libertadores, que frequentou até a 7ª rodada. Quando o técnico Paulo Cézar Carpegiani assumiu, no início de outubro, a situação era bem diferente: à época, o discurso era de briga contra o rebaixamento.
"Não vejo mudança radical de esquema tático ou de escalação com o Carpegiani. Alguns jogadores, como Zé Rafael e Mendoza, voltaram a atuar bem", avalia Rafael Oliveira, comentarista da ESPN.
O comentarista Raphael Rezende, do canal Sportv, acredita que bons nomes do elenco baiano passaram a render melhor após um ajuste coletivo. "É difícil mensurar o quanto essa ascensão é determinada por conceitos do Carpegiani, até porque ele acabou de chegar. Como o campeonato ficou muito achatado na pontuação, qualquer sequência positiva significa se afastar da parte de baixo e brigar lá em cima", observa.
Para o comentarista Fernando Campos, do canal Esporte Interativo, um dos principais méritos de Carpegiani foi recuperar o atacante Edigar Junio, que havia caído de produção após um bom primeiro semestre. Desde que o novo treinador chegou, Edigar marcou dez gols em nove jogos. Tal desempenho fez a torcida esquecer rapidamente do antigo titular, Rodrigão, devolvido ao Santos por problemas disciplinares.
"Carpegiani mais vez uma consegue cumprir bem o papel de técnico “bombeiro”, como fez com o Coritiba em 2016. Mas seu trabalho não é só motivação. Existe organização também. Ao recuperar o Edigar Junio, ele conseguiu formar um Bahia mais leve e veloz", analisa Campos, que vê o time baiano com fôlego na reta final: "Como o crescimento não é por acaso, acho que o rendimento continuará alto. A vitória contra o Santos (na quinta-feira, por 3 a 1) foi um momento de realização de que eles estão na briga".
RETA FINAL DESAFIA CARIOCAS
A ascensão do Bahia contrasta com as “patinadas” do trio carioca à frente. Botafogo, Flamengo e Vasco venceram apenas um jogo nos últimos cinco. O time de Zé Ricardo, embora invicto neste período, perdeu chances preciosas de ultrapassar os rivais e entrar no G-7 — a última delas na quarta, ao empatar com o Atlético-MG em São Januário. Depois da sucessão de empates, passou a ver o Bahia bastante próximo no retrovisor: apenas um ponto separa o time baiano do Vasco, que também vê sua oitava colocação ameaçada por Chapecoense e Atlético-MG, ambos a três pontos.
"Não acho assustadora a tabela do Vasco, mesmo tendo dois jogos fora. É um time que tem mostrado organização defensiva e bom futebol com o Zé Ricardo. Antes, o time era tão frágil que havia a sensação de dependência de São Januário, mas hoje não é assim", pondera Rafael Oliveira.
Flamengo e Botafogo, por sua vez, perderam três partidas neste mesmo período, viram a distância até o G-4 se tornar praticamente intransponível e ainda viram a sombra vascaína crescer. Apesar de ainda estarem na zona da pré-Libertadores, ambos já despertam impaciência da torcida e foram alvos de protestos nesta semana.
No caso rubro-negro, Oliveira acredita que as maiores dificuldades não estão na tabela, e sim no fraco rendimento recente contra qualquer tipo de adversário. O Botafogo, na opinião de Fernando Campos, também vive situação delicada.
"A sequência do Botafogo é complicada. O time se acostumou a jogar no limite, e há um desgaste físico acumulado pelas campanhas na Libertadores e na Copa do Brasil. Vários jogadores tiveram uma queda claríssima, como Bruno Silva. Jair Ventura terá que blindar o grupo e recuperar a organização", aponta Campos.
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Redação iBahia
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