O surf é um esporte radical de aventura na natureza. A prática nasceu através de pescadores na Polinésia, que utilizavam tábuas de madeira para retornar das respectivas embarcações até a margem. Para o empresário e instrutor de surf Carlos Silva, o Litinho, a modalidade vai muito além disso. E esses ensinamentos são passados diretamente para Marcelinho Sangalo.
Fundador da Escola Forte Surf, em Praia do Forte, Litinho cedeu uma entrevista ao iBahia onde falou sobre trajetória, paternidade, relação com o filho de Ivete Sangalo e perspectivas para o futuro. Ele destaca que a prática do surf “é como se fosse um mergulho no universo espiritual” e que para estar dentro das águas – suspenso sob uma prancha -, os surfistas ou alunos precisam estar 100% conectados consigo mesmo e focados naquele no momento.
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Carlos Silva, de 39 anos, conheceu as ondas com 11, e desde muito novo tinha o desejo de viver do esporte. O pontapé inicial aconteceu após Klaus Peters, empresário alemão que desenvolveu um resort em Mata de São João, pedir para que ele se tornasse professor dos hóspedes do empreendimento dele.
"Eu trabalhava com Klaus Peters como 'office boy' no escritório dele e eu na onda do surf despertei algo nele. Eu trabalhava com Klaus 3h por dia e ele pediu que eu atendesse também os clientes dele dando aula de surf. Dessa parada [sic] eu comecei a querer mudar a vida a partir do surf, montei uma escola na vila e comecei a dar aula para a criançada, mas isso não me dava renda", contou Litinho.
O projeto inicial, localizado na vila de Praia do Forte, era social e gratuito. Mas, Litinho começou a ter dificuldades em manter uma renda. A partir daí ele decidiu novamente dar aulas para os turistas e a cobrar um valor por isso.
"Voltei a ganhar uma renda para segurar a vida e isso tudo sem me afastar do esporte. Minha viagem foi sempre essa: 'manter o estilo do surf'. E eu fui em busca de me aperfeiçoar nas aulas, aprender a fidelizar os clientes, busquei conhecimento com os caras que estavam na frente e hoje eu consigo me manter disso e realizar meu sonho", dividiu o profissional que se define não como um professor, mas como um guia espiritual.
Força e coragem
Litinho não tinha em quem se inspirar durante a juventude. Ele até se arriscou em competições, no entanto, por perceber que os torneios não trariam sustento para a família, revolveu parar cedo. O mestre mesmo contou que em tempos atrás, a região Nordeste como um todo não tinha patrocinador.
Atualmente, ele não é só uma fonte de inspiração para toda uma geração, como é responsável por lapidar jovens promessas. O que para ele é motivo de honra.
"Não tinha ninguém para me espelhar na minha época [no Brasil]. A gente olhava muito para os gringos. Quando o país começou a comandar o esporte que surgiram os professores e virou esse sucesso. Antes se falava muito do Havaí, mas víamos coisas soltas nas revistas [...] somente depois da 'tempestade brasileira', ganhar olimpíadas e mundial que todo mundo deseja ser surfista. É muito prazeroso, gratificante [ser inspiração]. Sou super realizado e muito feliz com meu momento".
Ele ainda destaca que a grande mídia e o multicampeão Gabriel Medina foram os responsáveis pela modalidade se tornar o sucesso que é atualmente.
Relação com Marcelinho, Ivete e família
Litinho foi o responsável por ensinar Marcelo Cady, de 14 anos, a pegar ondas. Nas redes sociais é possível ver uma relação bastante próxima do mestre das ondas com a família Sangalo. Orgulhoso do garoto, ele revela que não foi difícil fazer com que o herdeiro de Ivete se apaixonasse pela modalidade.
"É muito bacana a nossa relação. Ele curte muito a natureza e foi muito fácil fazer ele gostar de surf, tudo isso sem pressão [...] O processo foi muito divertido e a gente só vai fazendo o ‘lifestyle’ que o surf proporciona. Ele curte demais isso".
O profissional também já teve a oportunidade de levar ensinamentos do surf para Ivete. A cantora, inclusive, já declarou algumas vezes toda a admiração que sente por Litinho. Vídeo abaixo.
“Lito é um cara competentíssimo, nosso amigo mesmo e ele botou Marcelo na verminagem do surf. Ele surfa certo. Eu surfo, óbvio, mas ele [Marcelinho] arregaça", disse ela no vídeocast do marido Daniel Cady.
Futuro
Além de todas as funções, uma das quais Litinho mais se orgulha é a paternidade. O herdeiro do surfista sempre teve uma relação lúdica com o mar. No entanto, o talento do garoto logo chamou a atenção. Com pouca idade, o pequeno Davi Lucca, de 9 anos, já não é mais uma promessa e sim uma realidade.
O que é motivo de orgulho para o papai coruja. O desejo de Litinho é que, sem pressão, o garoto desenvolva o enorme potencial sem perder a magia da infância.
"Ele cresceu muito próximo do esporte e isso foi fazendo ele seguir meus passos. Ele leva o surf de uma forma muito leve e divertida, para mim é muito prazeroso isso. O esporte na vida da nova geração é transformador, todo o contato com a natureza é muito rico e Davi puder vivenciar algumas experiências que o surf proporciona não tem nem como mensurar. Fomos para Portugal ano passado e ele retornou muito maduro, responsável, isso é muito rico".
"Eu desejo acompanhar meu filho nas competições, ver ele crescer, viver desse 'lifestyle'. Eu também gostaria de conhecer e surfar na Indonésia", completou ele.
Lucas Sales
Lucas Sales
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