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Meninas do Bahia pretendem fazer história e acabar com hegemonia

Conheça a equipe que já marcou 67 gols em apenas sete jogos e caminha para final do Campeonato Baiano de 2013

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19/12/2013 às 9:12 • Atualizada em 27/08/2022 às 17:23 - há XX semanas
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Treino da última terça-feira foi realizado no Fazendão. Meninas também concentraram no CT Tricolor
A temporada da rapaziada tricolor em 2013 foi irregular e a torcida do Bahia quase não teve o que comemorar, mas a reta final deste ano apresenta um motivo para ser otimista. O time feminino do Esquadrão de Aço está a caminho da final do Campeonato Baiano, depois de passar com sobras da primeira fase e golear o Lusaca por 5 a 0 no jogo de ida da semifinal, na quarta-feira (18). As meninas do Bahia sonham em fazer história e esperam contar com o apoio da nação tricolor.
Há 12 anos, só um time manda no futebol feminino da Bahia. O domínio do São Francisco começou em 2001 e de lá para cá passou longe de ser ameaçado - em 2007 não houve campeonato. São 11 títulos em sequência no Campeonato Baiano e o time caminha para mais uma final na edição 2013 do torneio, depois de ter batido o Vitória da Conquista por 8 a 0 na outra semi. Do outro lado, o Bahia, que este ano fechou uma parceria com o Centro de Formação de Futebol da Bahia (CFFB), quer colocar um fim nessa hegemonia.
Responsável pelo projeto do CFFB, o Coach Quinho usa sua experiência nos EUA para desenvolver o futebol feminino
O técnico Quinho, ou Coach Quinho, como ele se denomina, é o principal entusiasta do projeto e montou um time forte para bater de frente com o São Francisco. "Temos sete atletas com passagens pela Seleção Brasileira na equipe e estamos fazendo algo histórico. Essa possível final está sendo bastante esperada e eu acho que todos vão abraçar o futebol feminino na Bahia caso isso aconteça. Sonho em ver o estádio cheio de torcedores apoiando essas meninas".
Raquel acumula passagens por grandes equipes e pela Seleção
Uma das grandes estrelas da equipe é a lateral-direita Raquel, que defendeu o Santos na época das Sereias da Vila e também já vestiu a camisa da Seleção Brasileira. Este ano, ela foi vice-campeã da Copa do Brasil de Futebol Feminino pelo Vitória de Santo Antão, de Pernambuco, e é uma das mais experientes do elenco tricolor.
"O clima aqui está ótimo. A gente veio para somar e, se Deus quiser, vamos chegar na final, com humildade, e lutar de igual para igual", projeta Raquel, que tem 27 anos e é natural de Fortaleza. Assim como ela, o Bahia conseguiu reunir outras peças de destaque do futebol feminino do país, mas distante dos holofotes e do mundo de dinheiro que existe no futebol masculino, elas vestem a camisa tricolor por paixão.
A zagueira Jujuba, por exemplo, chegou ao clube depois de um convite da goleira e amiga Dida. Com participação no Pan-Americano de 2011 e outras passagens pela seleção, a atleta de 22 anos quer ver o crescimento da modalidade no país. "Vamos tentar dar uma força para o futebol baiano e feminino no Brasil. O desafio não é tirar o título do São Francisco. É promover, abrir os olhos para que ajudem o futebol feminino na Bahia. Vejo o que o Bahia está proporcionando e agradeço o apoio. Temos que exaltar cada vez mais de um time que está abrindo as portas do futebol feminino".
A abnegação pelo esporte não está somente nas palavras, mas também no bolso. Mesmo as atletas de ponta do time não recebem salário, mas têm os custos de viagens e moradia na Bahia bancados pelo CFFB, que fechou a parceria com o Bahia. O Tricolor permitiu o uso da marca e tem colaborado com o time principalmente no quesito estrutura. Na última terça, por exemplo, a equipe treinou e concentrou no Fazendão, antes de golear o Lusaca. Geralmente, a equipe faz os trabalhos em um campo no bairro do Imbuí.
Jujuba quer ajudar a promover o futebol feminino no país
"Este é um trabalho de três anos feito em um mês e meio", conta Quinho, que motiva as garotas ao querer levantar o futebol feminino no Brasil. Irreverente, o treinador usa sua experiência adquirida nos Estados Unidos para moldar as meninas no que ele chama de "sistema american". "Tudo comigo tem que ser bem organizado".
Esposa do lateral-direito Apodi, ex-Bahia e Vitória, a goleira reserva Thaís Lobo, de 21 anos, veio do México só para disputa do estadual. Ex-jogadora do São Francisco, serve como espiã para o técnico Quinho. "Conheço todas as jogadas. São minhas amigas. Elas dizem que estão esperando a gente na final. A gente está sempre brincando, mas também batalhando todo dia, treinando, para pegar elas e poder ganhar".
Entre as revelações da equipe tricolor está a atacante Juliana, apelidada de Ronaldinha. Aos 19 anos, a carioca está há apenas algumas semanas na Bahia e não pretende voltar. "O destino me trouxe até aqui e estou adorando. É muito trabalho e queremos chegar nessa final. Sei que se chegarmos vai ser pau a pau".
Artilheira - Com 14 gols, Fabi, de 24 anos, é a artilheira do Campeonato Baiano 2013. Natural de Teixeira de Freitas, mora em Salvador há dois anos e defendia o São Francisco antes de chegar ao Tricolor. Como será enfrentar o ex-clube numa possível final? "A gente tem que confiar na nossa equipe. O time já é bastante unido, apesar de ter gente chegando por agora. A gente pode sim bater de frente com qualquer equipe".
Jacoba chegou ao Bahia com incentivo do marido baiano
A gringa - A holandesa Jacoba chegou ao Bahia de forma inusitada. Morando em Salvador desde janeiro e casada com um baiano, teve no marido o maior incentivo para tentar fazer parte do time tricolor. "Eu sempre joguei na Holanda, mas em nível amador com as minhas amigas. Meu marido Rafael (Moreira) é um grande torcedor do Bahia e sempre fica olhando o site. Ele viu o convite chamando as meninas para jogar e aí eu fiz o teste. Nunca pensei que fosse possível", conta, já dominando o português.
Titular praticamente em toda primeira fase, Jacoba perdeu a vaga no time na reta final, mas segundo Quinho apenas pelo fato dele pensar algo diferente para os últimos jogos. "Ela é muito tática e isso é bom para as outras meninas", elogia o treinador.
Jacoba pensa em retornar para a Holanda e quer aproveitar a oportunidade no Bahia para, quem sabe, chegar a jogar profissionalmente em seu país, onde o futebol feminino é mais desenvolvido. "Estou querendo e treinando para isso. Têm muitas profissionais que vieram da Seleção aqui e tenho o grande sonho de aprender mais. Vocês brasileiros têm mais técnica que os holandeses, que são mais físicos. Acho que posso aprender muito, crescer e voltar para jogar na Holanda", projeta a única estrangeira do elenco tricolor, que também é designer.
Time do Bahia já marcou 67 gols em apenas sete jogos. Maior goleada do torneio é do São Francisco: 32 a 0 no Redenção
Milena tem 14 anos e tem entrado durante os jogos
Promessa - Aos 14 anos, Milena Bispo é apontada como uma das grandes promessas do time feminino do Bahia. Com semblante tímido na hora de falar, ela se mostra completamente desinibida com a bola do pé. "Estou aprendendo muito. As jogadoras mais experientes estão passando coisas boas, nos jogos me tranquilizam, pois é uma responsabilidade muito grande jogar no profissional defendendo a camisa do Bahia".
Morando em Cosme de Farias, Milena concilia a rotina de treinos com os estudos. Escola de manhã, treino à tarde e mais estudo em casa de noite. "Minha família me apoia muito, sempre me incentiva para eu não desistir. Mas tenho que estudar, se não minha mãe corta tudo", diz aos risos a jogadora tricolor, que já defendeu Galícia e Vitória.
Torcida - As meninas do Bahia viveram uma experiência única na última rodada do Campeonato Brasileiro, quando Bahia e Fluminense se enfrentaram na Arena Fonte Nova, no dia 8 de dezembro. Na preliminar daquele jogo, elas golearam a ABRUP por 19 a 0 e fizeram a alegria de quem chegou cedo ao estádio.
"Nossa, a emoção foi demais. Fiquei arrepiada. A torcida do Bahia é maravilhosa, nunca vi torcida igual", lembra Ronaldinha. "Na Fonte foi arrepiar, é alucinante", se empolga Fabi, para depois pedir uma força nos próximos jogos. "Essa torcida para a gente é muito imporntate". A jovem Milena acredita que "a torcida do Bahia vai ser mais um jogador em campo".
"Jogar com torcida... Não tem coisa melhor. No Vitória de Santo Antão a torcida. Quando eu joguei no Santos também. Émuito bom jogar em casa. Seria legal chegar na final do campeonato e ver a torcida toda do Bahia comparecer", afirma Raquel, para depois fazer um pedido já na pegada tricolor: "Bora Bahêa".
Próxima partida do Bahia é em Terra Nova, no domingo, contra o Lusaca. Na partida de ida, triunfo por 5 a 0
A próxima partida do Tricolor é contra o Lusaca, em Terra Nova, no domingo (22). O time pode perder até por cinco gols de diferença que está na final. Caso confirme a vaga, joga novamente no dia 28 de dezembro e decide o título no dia 5 de janeiro. Em possível duelo contra o São Francisco, que pode perder até de oito do Vitória da Conquista também no domingo, o primeiro jogo do Bahia será em casa e o atual campeão entraria com vantagem de jogar por dois empates nas finais. Realizar a partida de uma provável decisão em Pituaçu é o grande desejo do clube, mas não há nada certo.

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