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"Regra comercial estúpida", diz Xico Sá sobre veto aos emprestados

Colunista do Correio* critica claúsula contratual de empréstimo que proíbe atletas de enfrentarem equipes de origem

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29/06/2011 às 14:03 • Atualizada em 26/08/2022 às 19:34 - há XX semanas
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Lulinha, Dodô, Boquita e Souza são jogadores vinculados ao Corinthians e têm contrato de empréstimo com o Bahia. Na noite desta quarta-feira (29), estão impossibilitados de jogar por conta do acerto entre os clubes. Souza ainda está machucado e ficaria de fora do duelo de qualquer maneira, mas Lulinha e Dodô certamente seriam aproveitados no time titular se pudessem, já que Jóbson e Ávine não jogam, por suspensão e lesão, respectivamente. Boquita poderia sentar no banco. O jornalista e escritor Xico Sá, que tem coluna publicada toda quarta-feira no jornal Correio*, não gosta do veto contratual e faz duras críticas ao tipo de acordo, comum no futebol brasileiro. Confira o texto na íntegra logo abaixo da foto de Lulinha!
A vingança proibida - por Xico Sá Fazem de tudo para tirar a graça do futebol, mas o danado continua de pé, firme, sempre sacudindo nossos pobres corações doentes. Repare nessa nova onda: a maioria dos clubes firma em contrato que seus ex-atletas não podem jogar em caso de confronto direto dos times. É o caso de Lulinha, na peleja de hoje, do Bahia contra o Corinthians. O menino, praticamente dispensado pelo Timão, correu mundo, correu perigo, agora tenta mostrar de novo a cara ao país, recuperar o tempo perdido. Por uma regra comercial estúpida, não pode ir à campo em Pituaçu. Sempre foi um atrativo a mais para o futiba a chance de enfrentar o ex-clube. Principalmente quando o sujeito é renegado, entregue às traças, vendido, emprestado ou posto no olho da rua da amargura mesmo, como um vira-lata do amor e da sorte na madrugada do Mercado do Peixe. Esses cartolas miseráveis e suas cláusulas desonestas fazem de tudo para acabar com a graça do futiba. Pestilentos, bestas fubanas, febres do rato, istampô calango, bubônicas do nosso esporte. Jogar contra o ex-clube, miseráveis, sempre foi um belo atrativo para uma partida. O cara começa ali o jogo com pronunciamento humilde, franciscano, dizendo que não guarda rancor, que nem irá comemorar o possível gol, etc. A bola rola. A torcida percebe logo a fúria estampada na face do artista, o mocinho tentando uma bela vingança. Ele joga como nunca. A arquibancada nem respira. Até o gol, crime premeditado. O desabafo para as câmeras. Para aprenderem a respeitar quem merece. Qualquer gol, diante da honra de um homem, vira um gol de final de Copa do Mundo. Os misérias, essas pragas da cartolagem, acabaram com mais essa graça do futiba. Tudo bem, Lulinha, terás que se vingar pelo conjunto da obra, pelo campeonato inteiro. Mostra pra eles, menino, na moral de quem sabe que a vingança é um prato de papa, que se come pelas beiradas, queimando a língua! Frio de tudo não dá, não rola, a vingança, com todo perdão do samurai, jamais será um sushi. A vingança, no mínimo, é um bom acarajé, ardendo e suando o cocoruto. O amigo leitor, homem de boa vontade aqui na terra, deve estar pensando: por que esse sentimento de vingança, caro cronista? Calma, colega, é apenas um alerta para a sem-gracice que está ficando o mundo, aqui incluindo a parte que nos toca, o jogo de bola e a sua interferência no comportamento dos homens. Agora falei bonito, não foi? Vixe, gastei foi o latim da semana inteira. Não sobrou nem para aquela miserável que estou na cobiça, na botica, na tocaia grande, aquela morena com um chassis de Sônia Braga subindo no telhado na antiga novela. Lembra? Mas o que é do homem, tomara que continue valendo o ditado e sua crença, o bicho não come. Para cima deles, Bahêea, com ou sem Lulinha. É noite de confirmar a excursão vitoriosa pelo Rio de Janeiro e Curitiba. E, para a minha morena gabrielística, um último suspiro, com uma canção do Rei Roberto ao fundo: "Quando as crianças saírem de férias/ talvez a gente possa então se amar/...um pouco mais".

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