Sem clube, base, nem empresário, Luiz Gustavo, já aos 17 anos, tinha tudo para integrar o incontável grupo de brasileiros que crescem com o sonho da bola e depois tomam outro rumo para tocar a vida. Mas só até o Nordeste entrar na seu caminho.
Hoje com alemão fluente, o homem de confiança de Felipão à frente da zaga colhe os frutos da coragem dos tempos de menino. Deixou pra trás Pindamonhangaba, interior paulista, e subiu para a minúscula cidade de Porto Real Colégio, no leste alagoano, ciente da chance no Universal, da Série B estadual. Conheça a nossa página especial sobre Copa do Mundo
Acredite: como zagueiro, Luiz disputou a segundona alagoana de 2005. E, numa dessas andanças pelo interior, o garoto pisou no cruel gramado do Olival Elias Morais, na cidade de Boca da Mata, para enfrentar a equipe da casa Santa Rita. Em meio aos gatos pingados na arquibancada, lá estava João Feijó, um expert em ganhar dinheiro no futebol. "A história real é a seguinte: sem atividades em Maceió, fui de sandália havaiana até Boca da Mata (72km da capital) e acabei assistindo esse jogo. De zagueiro, vi ele e pensei: Esse cara tem futuro. Acabou o jogo, acertei com ele e depois compareceu no clube", conta o presidente do Corinthians Alagoano, responsável pela descoberta de jogadores como Deco, Pepe e Hulk, que só depois chegou ao Vitória.
A exemplo de todos os três, Luiz Gustavo em breve iria partir pra Europa. No clube de Maceió, que tem até versão em inglês do site oficial, recebia um salário mínimo e precisava ser lapidado pra pegar voo o quanto antes. "Ele tinha muito fundamento pra aprender. Bola longa, finalização... Mesmo assim, já jogamos ele direto pro profissional. O homem (Feijó) tem mercado aberto no mundo todo. Se chegar hoje e aparecer um negócio amanhã, ele vende", revela o coordenador da base do clube, Eduardo Neto.
Nessa época, passou a atuar de volante e foi moldado para agradar Tomas Fedel, olheiro do Hoffenheim, da Alemanha, então coligado de Feijó. O trabalho deu resultado. Luiz fez um bom alagoano pelo Corinthians, foi emprestado ao CRB pra ser testado na Série B nacional. E pronto.
Escalada - Convencido, Tomas indicou Luiz para os alemães. Não só ele: "Ele queria levar Reinaldo Alagoano (ex-Bahia) também. Reinado, que tinha tido um filho deficiente recentemente, não quis ir. Ainda ofereci Luiz Gustavo ao meu amigo Eduardo Maluf, dirigente do Cruzeiro (hoje no Atlético-MG). Ele me disse: 'Eu não sei nem a posição real do jogador...' Toda hora ofereço jogador aí pra Bahia e Vitória e ninguém acredita", diz Feijó. O passaporte do volante então foi confeccionado. Visto como capaz de ser zagueiro, volante ou lateral-esquerdo, Luiz Gustavo foi emprestado por um ano de graça ao Hoffenheim. E não voltou mais. Logo de cara, se destacou no retorno da equipe à elite alemã.
Então, Feijó acabou procurado para repassar a descoberta em definitivo pelo incrível valor de R$ 5,9 milhões. Lógico, não pensou duas vezes. Aí, acabou a participação do Brasil na carreira do canhoto de 26 anos, que hoje tem site oficial em alemão e inglês e exibe fotos cheio de vaidade. Luiz se curvou à obediência alemã e dois anos depois chegou ao poderoso Bayern de Munique, que pagou R$ 46,8 milhões pra ter seu futebol.
A vitrine do Bayern, em evidência sob o comando de Juup Heynckes, projetou Luiz Gustavo para a Seleção em setembro de 2011. Então técnico, Mano Menezes foi duramente criticado. Ano passado, Felipão mostrou ao Brasil que a convocação do antecessor não havia sido um erro. Titular na conquista da Copa das Confederações, Luiz segue intocável mesmo após a transferência para o Wolfsburg, em virtude do pouco espaço com o novo técnico do Bayern, Guardiola. Matéria original: Jornal Correio* Sem base, paulista Luiz Gustavo foi descoberto na Série B alagoana
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