Há muitos motivos para preferir a redonda, a boa, a número um e até a que não precisa de motivos para se tomar. Bebe-se “porque sim”. Mas, independente das preferências, difícil mesmo é encontrar alguém que seja a favor da proibição da venda de bebidas alcóolicas dentro dos estádios. Afinal de contas, por que não?
Ontem, no primeiro Ba-Vi com o retorno da cerveja aos bares dos nossos estádios, os torcedores degustavam com lúpulo e cevada a decisão do governo da Bahia de derrubar a resolução da CBF, que, em 2008, proibiu o consumo de bebidas em partidas de futebol.
Torcedor rubro-negro, Ronaldo Chaves tomou sua cerveja tranquilamente em Pituaçu |
Com a cerva rolando solta nas cantinas de Pituaçu, deu até para entrar mais cedo. Bebedores inveterados, os rubro-negros Marcelo Santos, 29 anos, e Sandro dos Santos, 26, brindavam a decisão de revogar a lei com a alegria de quem não tem restrição quando o assunto é cerveja. “A gente é desbloqueado, bróder. Topamos qualquer operadora”, brincou Marcelo. “Essa história de que consumo de cerveja causa violência não faz sentido. Se o cara tá afim de bagunçar, ele bagunça de qualquer jeito”, emenda o amigo.
Equilibrando-se com quatro copões de cerveja em duas mãos, a antropóloga, professora universitária e tricolor Jamile Borges, 43 anos, ironizou. “Se fosse assim, as reuniões nos Alcóolicos Anônimos tinham que ter detector de metais e revista policial”, disse. “Agora, falando sério, a lei tem que encontrar um meio termo. Não se pode penalizar o cidadão de bem que vem para cá tomar sua cervejinha”.
De folga, os policiais militares Sandro Costa, 36, e Márcio Lamarca, 39, acreditam que a proibição é muito radical. “Durante 90 minutos de jogo não dá tempo do cara ficar bêbado. Além do mais, sem cerveja lá dentro o cara bebe todas aqui fora para compensar. Já entra turbinado”, argumentou Sandro, provocado pelo colega quando informou a idade. “Rapaz, você tá derrubado. Teve derrame, foi?”. “Só se for o derrame de Skol pra dentro”, retrucou ainda do lado de fora, enchendo a cara de cerveja e bom humor.
Muitos acreditam que a volta da cerveja vai melhorar o acesso às catracas na hora de entrar. “O pessoal ficava lá fora enchendo a cara até dez ou 15 minutos antes do jogo. Aí, entrava todo mundo de uma vez. Você percebeu que hoje (ontem) não teve muvuca?”, perguntou o funcionário público Jorge Abras, 47 anos. Motivos para defender a liberação não faltam. Mas, um deles é campeão. “Pelo menos agora a gente pode tomar uma para aliviar a tensão”, explica Jorge, que, rubro-negro, comprou ficha no caixa logo após o gol rival.
Até os mais embriagados deram exemplo. Visivelmente bêbado quando o jogo ainda estava 1 x 0 para o Leão, um senhor com a camisa do Vitória ansiava por mais uns goles. “Saindo daqui vou tomar uma caixa de Schin que apostei com um amigo Bahia. Mas é bico molhado. Vamos tomar juntos. O cara torce para o time errado, mas é meu amigo”, disse, apoiando-se no balcão do bar para não cair. Matéria original: Jornal Correio* Clássico da cerveja: torcida vibra por retorno de bebidas alcoólicas ao bares dos estádios
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