Não foi por falta de aviso. Os capítulos que o Vitória escreveu durante a temporada sinalizavam o destino dramático e triste do time no final do ano. O rebaixamento à Série B é o último dos fracassos rubro-negros em 2014. Antes, o torcedor se decepcionou com outras três competições. Elas sinalizaram o perrengue que o clube passaria no Campeonato Brasileiro, mas os ajustes necessários não foram feitos.
O primeiro baque aconteceu em fevereiro, quando o Vitória foi eliminado na segunda fase da Copa do Nordeste. O Leão não apenas saiu da competição como passou vexame ao ser goleado pelo Ceará por 5x1 em meio ao Carnaval. O mês de abril reservou outras duas decepções. Primeiro, a perda do título estadual para o rival Bahia. Depois, a eliminação na primeira fase da Copa do Brasil, nos pênaltis, para o modesto J. Malucelli.
As lamentações se estenderam ao Campeonato Brasileiro e os problemas do primeiro semestre se estenderam ao segundo. O Leão esteve na zona de rebaixamento em 20 das 38 rodadas e não conseguiu se impor em casa. O Vitória cai com o status de segundo pior mandante da competição, com apenas seis triunfos nos 19 jogos disputados e 40% de aproveitamento em seus domínios. Com o Barradão em reforma até o início de julho, só não foi tão mal quanto o Bahia, de apenas 38% em casa. O mau desempenho do Vitória na Série A deste ano frustrou a expectativa inicial dos rubro-negros, já que no ano passado o time brigou por vaga na Libertadores e terminou a competição em 5º lugar.
O clube passou por mudanças na gestão. Em dezembro de 2013, Alexi Portela Júnior deixou a presidência para seu aliado Carlos Falcão. A direção de futebol foi gerida por três profissionais desde então. Raimundo Queiroz foi demitido em abril. Felipe Ximenes assumiu e um mês depois saiu para o Flamengo. Ele foi substituído por Marcos Moura Teixeira, no cargo até hoje.
Apesar das trocas na diretoria, o comando técnico foi mantido entre a temporada passada e a atual. Ney Franco teve o contrato renovado e fez parte da montagem do elenco. Novos 24 jogadores foram contratados - um terço só de zagueiros -, mas a temporada chega ao fim e não se sabe qual é o time titular do Vitória. Entre as contratações mal sucedidas estão as do volante Josa, do meia Hugo e do atacante Souza, cujo passado no Bahia indicava o alto risco. Tinha tudo para dar errado, como deu. A bola pune.
Temporada teve promessa de luta pelo topo, oito zagueiros e Souza
A promessa do presidente do Vitória não se concretizou. "Os jogadores que chegarão vão dar alegrias para o torcedor e qualificar a equipe para lutar pelo topo da tabela. Os investimentos serão feitos para qualificar ainda mais o time e, com certeza, o segundo semestre será bem melhor que o primeiro", afirmou Carlos Falcão no dia 31 de maio, cinco meses após assumir a presidência na Toca do Leão. Apesar de ter contratado 24 jogadores na temporada, o Vitória não conseguiu montar um elenco qualificado e competitivo.
Muitas das apostas não deram certo e rescindiram como clube antes do final do contrato, caso de dez jogadores: os zagueiros Rodrigo Defendi, Alemão e Ferrari; os volantes Josa e Lucas Zen; os meias Luis Aguiar, Léo Costa e Hugo; além dos atacantes Souza e Caio. Este último é a única exceção, já que foi negociado pelo Internacional como Al Wasl, dos Emirados Árabes. O setor que mais recebeu reforços foi a cozinha. Oito zagueiros foram contratados no ano, e o Vitória teve a terceira defesa mais vazada da Série A, com 54 gols em 38 jogos (1,4 por jogo). Os erros de contratação fizeram o time contratar mais do que deveria e o elenco ficou inchado. No total, 42 atletas fizeram parte da equipe profissional do Vitória este ano. Além dos dez dispensados, outros 32 ainda fazem parte do elenco.
Vitória teve três técnicos no comando em 2014
O que aconteceu como comando do Leão este ano não é muito comum no mundo do futebol. O Vitória iniciou e terminou a temporada com o mesmo técnico, mas não foi ele que treinou o grupo durante todo o ano. Após o bom desempenho à frente do Leão na Série A de 2013, quando o time brigou até a última rodada por vaga na Libertadores e terminou o campeonato na 5ª colocação, o técnico Ney Franco renovou o contrato e participou da montagem do elenco de 2014. Depois de fracassar na Copa do Nordeste, no Campeonato Baiano e na Copa do Brasil, o treinador pediu demissão no dia 12 de maio. No mesmo dia, assumiu o Flamengo.
Por aqui, Carlos Amadeu comandou o time em duas derrotas e não foi efetivado. Em seguida, a diretoria contratou Jorginho, que teve a pausa da Copa do Mundo para tentar ajustar o time, mas não teve sucesso. Depois de dois triunfos, quatro empates e quatro derrotas, foi demitido no dia 21 de agosto. Sem sucesso no Flamengo, onde ficou dois meses, com sete jogos e nenhum triunfo, Ney Franco foi recontratado pelo Vitória e assumiu o time na vice-lanterna. Tinha a missão de salvar o rubro-negro do rebaixamento, mas não conseguiu cumpri-la.
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