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Voleibol Brasileiro: 30 anos depois a história se repete

Educador físico e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie fala sobre a campanha da Seleção Feminina no mundial

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14/10/2014 às 15:52 • Atualizada em 27/08/2022 às 2:38 - há XX semanas
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Para aqueles apaixonados pelo voleibol e com mais de 40 anos de idade, como eu, não há como não comparar a derrota da seleção feminina de vôlei por 3x0 na semifinal para os Estados Unidos com a derrota da seleção masculina na final dos Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles, há 30 anos.
Nas duas situações éramos os favoritos, havíamos vencido nossos oponentes por 3x0 no confronto anterior e fomos derrotados por 3x0 no confronto posterior, sendo o decisivo. Os nossos adversários, novamente americanos, fizeram um jogo perfeito, mas nós...
Se aquela derrota foi a última oportunidade da geração - que ficou posteriormente conhecida como geração de prata - de conquistar uma medalha de ouro, para algumas jogadoras do vôlei feminino, bicampeã olímpica, também foi a última chance do ouro mundial.
Dificilmente daqui a quatro anos, no próximo mundial, poderemos ter tantas jogadoras na faixa dos 35 anos como Fabíola, Jaqueline, Sheila, Fabiana e Dani Lins, mas em dois anos, nos Jogos Olímpicos de 2016 (Rio de Janeiro), será perfeitamente possível “brigar”, com o apoio da torcida, pelo inédito tricampeonato olímpico.
Este mundial feminino foi uma verdadeira maratona de jogos, incluindo a disputa da medalha de bronze, no qual superamos a Itália e sua enorme torcida em um jogo emocionante e cheio de alternativas. As meninas brasileiras mostraram muita garra, determinação e superaram os desgastes e a distância de casa.
O lugar no pódio do voleibol feminino brasileiro e a conquista do Grand Prix Feminino este ano mantém a equipe do técnico José Roberto Guimarães (único campeão olímpico no masculino e feminino) na elite mundial da categoria. Se, por um lado, há tristeza com a derrota, isto não deve impedir as meninas de se aventurarem na prática esportiva, muito menos irá desestimular os pais a propiciarem uma oportunidade de prática esportiva às suas filhas.
O caminho trilhado por Maria Lenk, primeira mulher sul-americana a competir nas Olimpíadas de Los Angeles (1932) pode dar a falsa impressão que o envolvimento da mulher brasileira no esporte, atualmente, seria uma tarefa natural. Grande engano. Ser mulher atleta no Brasil não é nunca foi tarefa fácil.
Vítimas de preconceito e privadas, por muitos anos, de práticas que poderiam prejudicar a sua “natureza”, ser atleta no nosso País significa competir não apenas com adversárias, mas também contra a dupla jornada, o tempo escasso, as cobranças familiares fazendo com que muitas atletas acabem ficando pelo caminho.
Aproveitamos, então, para deixar uma importante dica aos pais: se quer fazer algo bom para sua filha incentivem a prática do esporte. Pesquisa feita pela socióloga americana Hilary Levey Friedman, da Universidade Harvard, cita que as profissionais que praticaram esportes quando meninas, se tornam mais aptas a serem líderes na vida profissional.
De acordo com um estudo da Fundação Oppenheimer, ligada à educação, só 16% das mulheres americanas praticam esportes competitivos, mas no universo das executivas bem-sucedidas esse percentual sobe para 55%.
E não se preocupe com os ingênuos e preconceituosos que acham que a prática esportiva descaracteriza a mulher, pois não existiu nada mais belo do que a garra, a dedicação e o olhar determinado das atletas brasileiras.
*Ronê Paiano é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie ministrando aulas nos Cursos de Educação Física e Pedagogia. Possui graduação em Educação Física pela Universidade do ABC (1986) e mestrado em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1998). Tem vasta experiência na Educação Física Escolar tendo atuado como professor e Coordenador da área de Educação Física e Esporte (1987 a 2005).

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