O universo da moda sempre foi um aliado dos LGBTQIAPN+, e cada vez mais as empresas do segmento estão enxergando-os de uma forma diferenciada, entendendo as particularidades e pensando em estratégias que atendam a diversidade do público.
A forma de se vestir, infelizmente, ainda é uma maneira de atribuição de gênero. No entanto, discussões sobre moda sem gênero, por exemplo, têm sido cada vez mais constantes e necessárias.
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Gustavo Narciso, diretor executivo do Instituto C&A – pilar social da marca no Brasil, é um dos potencializadores desse debate em uma das maiores empresas do segmento no país. Em entrevista ao Fervo das Cores, do portal iBahia, ele destacou a importância da criação de roupas que ignorem o fator do gênero, rompendo barreiras de peças que foram criadas em um molde para o feminino ou masculino.
“As grandes marcas têm acompanhado um pouco dessa macrotendência, que desafia a sociedade brasileira. Desde a infância, nas escolas, nos banheiros, somos divididos em homem e mulher... E a moda sem gênero ainda é um grande tabu que precisa ser quebrado. Ela, inclusive, dá a possibilidade de que várias pessoas se expressem através de uma peça”, disse.
Para além de incorporar elementos femininos em peças masculinas ou o contrário, a moda sem gênero permite que roupas sejam usadas de forma confortável e atraentes por todos, com os mais diferentes tipos de corpos e desejos. “Ela traz essa versatilidade e isso acaba gerando uma moda mais sustentável, porque com apenas uma peça você consegue atender um mercado muito maior”, frisou Narciso.
LGBTQIAPN+ e a moda
O mercado da beleza, do glamour, é um espaço que, naturalmente, é mais inclusivo para pessoas LGBTQIAPN+ - ou, ao menos, na maioria das vezes. Sobre o assunto, o ativista corporativo afirmou que isso se dá ao fato de que “é um local que lida muito com o que as pessoas entendem na sociedade como “feminino” e por isso eles acabam sendo receptivos e inclusivos com os LGBT’s – ou parte deles”.
Apesar dessa superficial aceitação, é importante que o segmento tenha um olhar cuidadoso, analisando não apenas o produto, como também a experiência do consumidor e dos funcionários. Em relação a isso, Narciso citou: “Inicialmente, por ser um mercado inclusivo, a gente entendia que essas pessoas estavam felizes, mas isso não impediu que elas sofressem discriminação e preconceito dentro do setor. E isso não só olhando para o colaborador LGBTQIAPN+, como também sobre o aspecto do consumidor”.
“Eu acho que cada vez mais as marcas têm entendido um pouco mais desse mercado, como dialogar com ele, não só sobre a perspectiva do produto. Isso vai muito além de colocar um arco-íris na roupa. Estou falando de criar uma experiência completa, que permeei desde a atração do consumidor, com uma abordagem respeitosa, mas que também permitam uma experiência nos canais de compra mais competente”, ressaltou.
Um exemplo
Negro e gay, Gustavo Narciso busca através do trabalho dar visibilidade a outros inúmeros profissionais que precisam cada vez mais ocupar os espaços de destaque. No Instituto C&A, ele tenta tirar as barreiras que impedem as minorias de alcançarem os objetivos no mundo da moda.
“O papel do Instituto nisso tudo é provocar a marca cada vez mais a evoluir. Neste ano, a gente fez uma campanha no dia 17 de maio, dia de combate à LGBTfobia, trazendo dez marcas de pequenos empreendedores LGBT’s para venderem na C&A. Nossa campanha não foi uma campanha do arco-íris. Foi uma campanha diversa, pensada sob a ótica de mentes que fazem parte do público”, pontuou.
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Elson Barbosa
Elson Barbosa
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