Na quinta-feira (18), a artista drag queen Hellena Malditta foi convidada pelo iBahia, em live para o Fervo das Cores, para bater um papo sobre os desafios de viver da arte transformista no Brasil e a sua participação no reality Drag Race Brasil, que a consagrou enquanto finalista.
Quem é a artista Hellena Malditta?
A performer não-binarie nasceu em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e foi criada em Salvador.É ativista da causa LGBTQIAPN+, e começou a carreira em 2017, também atuando enquanto cabelereira e graduanda em Design de Moda. Em 2021, ganhou o título de Miss Beleza Gay e se tornou um dos ícones da cena drag da Bahia. Em seguida, foi convocada para um dos maiores realitys em arte drag no mundo, o Drag Race Brasil, chegando na final da competição.
Perguntada sobre a realidade de artistas transformistas no Brasil, Hellena destaca que ainda há um grande percurso a seguir para a valorização dessas profissionais, visto que a população LGBTQIAPN+ enfrenta mazelas históricas, e isso se aplica à valorização artística da classe.
"Drag é para se divertir, mas também é um trabalho e as pessoas vivem disso. É preciso compreender que existe todo um empenho para realizar a produção e, muitas vezes, o cachê não paga a produção que fazemos, porque são diversos gastos, como peruca, roupa, espumas e maquiagem. O mais importante disso tudo é ser respeitada e acolhida, porque o valor nem sempre supre a nossa demanda", ressalta.
Durante a conversa com Jonattas Neri, Malditta destacou que a manifestação artística é um fator político e que pode salvar vidas, sendo possível sonhar e encarar desafios cotidianos, como o preconceito.
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"Euconsegui achar uma força que eu não tinha. Quando participei do programa e também pude falar sobre HIV, PREP e preservativos através de um look, essa abordagem chegou aos Estados Unidos e muitas pessoas de fora ficaram sabendo do SUS", afirma a artista que também virou tema de TCC.
Ela destacou que o afeto é outro desafio para as artistas drags, uma vez que dentro do próprio movimento LGBTQIAPN+ ainda existe uma reprodução do machismo estrutural que insiste em classificar o modo como uma pessoa deve se portar, evitando a feminidade.
"Existe uma recusa do amor para àquelas pessoas que não estão dentro do padrão másculo, eu costumo dizer existe o movimento GGGG, que são os gays que, infelizmente, ainda operam numa lógica machista", enfatiza.
Participação no Drag Race Brasil
Hellena foi a única representante do Nordeste e chegou até a final do concurso, ganhando mais de 100 mil seguidores no instagram.Na disputa pelo título de "Drag Superstar", doze concorrentes enfrentaram provas de canto, dança, atuação e comédia.
"Eu fiz a inscrição já no último dia, passei a madrugada com maquiagem no rosto. Depois de dois meses recebi um e-mail falando que eu tinha sido aprovada para uma seletiva. Logo depois, eu fui convocada", detalhou a artista que foi para a Colômbia realizar a gravação do reality show.
Eu não tinha muito reconhecimento do meu trabalho. Antes havia os meus clientes que falavam sobre a minha polidez em cada look realizado, mas a consciência da capacidade e o carinho do público veio depois", finalizou.
Jonattas Neri
Jonattas Neri
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