A 20ª Parada LGBTQIAPN+ da Bahia será realizada neste domingo (10), no centro de Salvador. Mas, poucos sabem a origem dessa celebração. Tudo começou nos Estados Unidos, mas a potência do movimento foi tão grande que reverbera até hoje.
Há 54 anos, a cidade de Nova York era cenário da 'Revolta de Stonewall', que é considerada o marco do movimento de liberação gay e o momento em que o ativismo pelos direitos LGBTQIAPN+ ganhou às ruas e os debates públicos.
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Naquela época, Stonewall Inn era um dos mais conhecidos bares gays de Nova York, e o único que aceitava abertamente pessoas da comunidade LGBTQIAPN+. Vale ressaltar que até o ano de 1962, a relação entre pessoas do mesmo sexo era considerada crime em todos as cidades estadunidenses e até um tipo de distúrbio mental.
Porém, além de não ter licença para vender bebidas alcoólicas, o bar não cumpria algumas regulamentações como ter saída de emergência por exemplo. Tendo esses fatores em vista, a polícia era rígida com o estabelecimento que só funcionava normalmente porque seus donos tinham uma relação com a máfia, e pagavam uma propina para manter o bar de portas abertas.
Mas, no dia 28 de junho de 1969, a situação mudou. A polícia resolveu fazer mais uma operação no Stonewall e uma revolta se instaurou - a chamada 'Revolta de Stonewall'. Nove policiais armados invadiram o estabelecimento, e de forma violenta prenderam funcionários, agrediram frequentadores e levaram treze pessoas presas porque não elas estavam usando roupas 'condizentes' com o seu gênero, como mandava a lei da época.
A violenta operação no estabelecimento gerou muita indignação. Um dos presentes chegou até a atirar um pedaço de jornal com fogo para dentro do bar onde os policiais tinham sido encurralados pelos manifestantes. A situação gerou um principio de incêndio.
A partir desse ocorrido, parte da comunidade gay de Nova York, foi às ruas para protestar nos arredores do bar durante seis dias. O Stonewall Inn voltou a funcionar normalmente na manhã seguinte, porém os manifestantes continuaram a protestar por seus direitos naquela noite. Os protestantes mostraram orgulho de ser quem eram e desafiavam a ordem e a polícia, mostrando resistência.
Dessa forma, a revolta de Stonewall In levou à criação das primeiras paradas para celebrar o orgulho LGBT, como a marcha que aconteceu nos Estados Unidos em 1970, um ano após o dia da revolução e que acontece em várias partes do mundo todos os anos.
No ano de 2015, a Prefeitura de Nova York tornou o bar monumento histórico da cidade. E em 2016, o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, decretou que o bar seria o primeiro monumento nacional aos direitos dos LGBTQIAPN+.
Dos EUA para à Bahia
O Grupo Gay da Bahia (GGB) surgiu no ano de 1980, pouco tempo depois da chegada de Luiz Mott a Salvador. Ele saiu com seu namorado para um passeio no Porto da Barra e acabou levando um murro no rosto por estar de mãos dadas com seu companheiro.
O professor aposentado de antropologia pela UFBA é um dos fundadores da GGB e, em mais de 40 anos à frente da instituição, já conquistou muitas vitórias. A equiparação da homofobia ao racismo, a legalização do casamento de pessoas do mesmo sexo e o uso do nome social por parte de pessoas transgênero são algumas das conquistas do grupo, criado por ele aqui no estado.
O Dia do Orgulho LGBTQIAPN+ é celebrado em 28 de junho, e por muito tempo a Parada LGBT+ acontecia na mesma data. Porém, junho é um mês chuvoso em Salvador e a adesão era baixa por conta dos festejos juninos. Essa situação motivou o GGB a mudar a data da Parada LGBTQIAPN+ da Bahia para o mês de setembro.
Neste ano, o evento chega a sua 20ª edição, e após três anos sem ir às ruas por conta da pandemia da Covid-19, a parada traz como tema 'Inclusão e Diversidade no Mundo Corporativo Pós-Pandemia'.
Thiago Virgílio
Thiago Virgílio
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