Nascida e consolidada como uma celebração quase que exclusivamente soteropolitana, a Festa de Iemanjá, como se conhece hoje, data de um século atrás.
Aos poucos, deixando a água doce, a tradição do dia 2 de fevereiro, essa sim, nasceu no Rio Vermelho e segue até os dias atuais. Ela surge quando pescadores locais resolvem ofertar à Rainha do Mar, já que naquele e nos anos anteriores, a dificuldade em encontrar peixes estava bastante grande.
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Hoje, além dos pescadores, centenas de de soteropolitanos e turistas marcam presenta na orla do bairro para homenagear Iemanjá. A festa voltou a acontecer após dois anos de interrupção, por causa da pandemia.
O iBahia esteve presente no Rio Vermelho e conversou com diversos devotos da Rainha do Mar. No início da manhã, a chuva afastou parte da população da praia, mas logo em seguida o sol apareceu. A festa conta com a presença de diversos turistas do interior do estado e de outras regiões do país.
Confira depoimentos:
- Suely Santana Barbosa, 40 anos
Suely participa há 10 anos da festa, uma tradição passada pela mãe. "Muito axé, muita força, muita paz para todos que estão precisando. É um privilégio poder voltar a fazer essa festa em homenagem a Iemanjá"
- Carolina Moura e Pedro Gonçalves, 25 anos, e Felipe Freitas, 33 anos
Turistas, os três amigos se emocionaram com as manifestações de fé na Festa de Iemanjá. Na praia desde às 5h30, eles relataram a experiência.
"Está sendo uma experiência única. Me conectar com a religião de matriz africana, ver as manifestações de fé das pessoas. Essa é a melhor parte, ver isso de perto", disse Camila.
"Extremamente especial. Uma energia muito grande. Ver a fé das pessoas é muito bonito, estou emocionado", pontuou Pedro.
Felipe, o único que já esteve presente em um 2 de fevereiro, falou sobre o retorno da festa. "Terceira festa de Iemanjá que eu venho. Eu acho a coisa mais linda, tem dois anos que não tem nada e depois disso poder ver todo mundo na beira da praia, cada um com sua fé".
- Luciana Santos, 44 anos
Mãe de Santo, Luciana foi com os filhos para a festa de Iemanjá. "Aqui em Salvador é a primeira vez. Muita felicidade, muita paz, muita leveza. Eu sou mãe de Santo e é uma tradição"
- Pai Davi de Oxóssi, 57 anos
"Nossa matriarca, nossa rainha, comemorando 100 anos, trazendo os presentes dela, batons, brincos, calcinhas, porque ela é uma mulher vaidosa e gosta de boniteza (sic). Quando faltou peixe para o pescador ela deu; quando a mulher sentiu a dor ela acolheu, quando o mendigo precisou do pão, ela deu. Então estamos aqui dando aquilo que está nos corações e no nosso alcance, sempre que sinto no meu coração estou aqui para homenageá-la", disse o pai de Santo.
- Lucimar de Souza, 47 anos
Trabalhando vendendo cerveja na Festa de Iemanjá, o candomblecista Lucimar de Souza aproveita para unir o útil ao agradável. Devoto, ele falou sobre sua relação com Iemanjá.
"Eu venho aqui desde as antigas. Eu amo Iemanjá, ela é minha vida, meu amor. Porque eu vendi um celular para comprar um presente para Iemanjá. Nunca vi ela, mas diz que ela tem um cabelão maravilhoso, ela é minha vida"
- Mariselda Alves, 52 anos
"Participo desde infância, é uma coisa de família. Sem essa festa não sei o que seria de nós. Agora que acabou o Covid, está sendo uma maravilha para nós. Estamos ganhando nosso sustento aqui. Sempre trabalhei e curti. Para mim, o movimento está ótimo, sem confusão nenhuma, todo mundo trabalhando direitinho".
- Jandiara Conceição, 46 anos, e Cileide Cerqueira, 42 anos
Participam desde pequena, já que veio de uma tradição de família. "Eu me encantei dentro do meu axé, que ela renasceu, minha mãe Iemanjá é uma coisa muito linda. Ela me trouxe à praia", explicou Jandiara.
"Está sendo muito gratificante, está sendo muito bom para a gente do axé", pontuou Cileide.
- Valdir Santos, 65 anos
"Desde a minha adolescência eu participo. Trabalho alugando barquinho para quem quer jogar flores no mar. E eu sou devoto desde pequeno, vem de família".
- Julieta de Obaluaê
"Muita energia, muita fartura, paz, prosperidade, harmonia. Uma festa que requer muita força da natureza, porque é no mar. Dois sem a festa aqui, mas em casa arrumei o barco, fizemos o ritual com poucas pessoas e continuamos. Esse ano podemos estar todos juntos"
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Redação iBahia
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