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Corpo de alvo de ação que terminou com morte de guia é exumado na BA

Medida aconteceu nesta terça-feira (27), quatro dias depois da exumação do corpo de Vitinho, como o profissional era conhecido

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Redação iBahia

27/05/2025 às 15:13 - há XX semanas
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O corpo do homem que era o verdadeiro alvo da operação policial que resultou na morte do guia de turismo Victor Cerqueira Santos Santana, de 28 anos, foi exumado nesta terça-feira (27), em Caraíva, distrito turístico de Porto Seguro, no extremo sul da Bahia.


				
					Corpo de alvo de ação que terminou com morte de guia é exumado na BA
Corpo de alvo de operação policial que terminou com morte de guia de turismo em Caraíva é exumado. Foto: Reprodução/Redes Sociais

A medida ocorreu quatro dias após a exumação do corpo de Vitinho, como era conhecido o guia de turismo Victor Cerqueira Santos Santana. Ambas as exumações foram autorizadas pela Justiça, a pedido do Ministério Público da Bahia (MP-BA).

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Segundo o MP-BA, o objetivo da nova perícia é investigar a presença de projéteis de arma de fogo nos corpos de Vitinho e de Davisson Sampaio dos Santos, conhecido como Alongado, além de identificar possíveis edemas, hematomas e escoriações.

Os restos mortais dos dois foram encaminhados ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Eunápolis, onde passarão por análises técnico-científicas mais detalhadas. A intenção é esclarecer os fatos e verificar se há contradições na versão oficial sobre a operação policial que resultou na morte do guia.

Relembre o caso


				
					Corpo de alvo de ação que terminou com morte de guia é exumado na BA
Victor Cerqueira Santos Santana morreu durante uma operação policial, em Caraíva. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Victor Cerqueira Santos Santana foi baleado durante uma operação conjunta das polícias Militar e Federal realizada no dia 10 de maio, em Caraíva, distrito de Porto Seguro, no extremo sul da Bahia. A ação tinha como objetivo cumprir um mandado de prisão contra Davisson Sampaio dos Santos, conhecido como Alongado, suspeito de liderar uma facção criminosa na região. Alongado resistiu à prisão, foi baleado e morreu.

Victor, conhecido como Vitinho, foi apontado como "segurança" de Alongado. No entanto, familiares contestam essa versão e acreditam que ele tenha sido confundido com outro homem. Segundo os parentes, tanto Victor quanto o suspeito compartilhavam o mesmo apelido: Vitinho.

Na primeira nota divulgada, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que Victor também foi atingido por disparos e morreu em via pública. Um terceiro homem, cuja identidade não foi revelada, foi preso durante a operação.

Como foi a ação policial?

Segundo relatos de moradores e familiares de Victor Cerqueira Santos Santana, conhecido como Vitinho, a operação policial ocorreu por volta das 18h do sábado (10), momento em que o guia de turismo havia saído da pousada onde trabalhava para buscar um grupo de turistas na balsa que dá acesso a Caraíva. A intenção era acompanhá-los até a hospedagem.

Após buscar os visitantes, ainda próximo à balsa, Vitinho teria percebido a movimentação da operação policial e entrado em um comércio com o grupo, tentando protegê-los até que a situação se acalmasse.

De acordo com a família, em determinado momento o guia saiu do local para verificar se já era seguro seguir até a pousada. Foi então que ele teria sido abordado por policiais, algemado e levado para fora de Caraíva.

Já na versão oficial apresentada pela polícia, houve resistência durante o cumprimento do mandado de prisão contra o suposto chefe do tráfico local, e um confronto teria sido iniciado entre suspeitos e os agentes.

Em entrevista à TV Santa Cruz, o delegado Diego Gordilho, da Polícia Federal, afirmou que a operação ocorreu em um único ponto e que não há registros oficiais de ações paralelas em outras áreas.

O portal g1 entrou em contato com a Polícia Federal e com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) para questionar as divergências entre os relatos. Em nota, a SSP-BA informou que o caso está sendo investigado pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar, conforme o protocolo em situações de mortes em confronto com forças de segurança.

O que aponta o atestado de óbito de Victor?


				
					Corpo de alvo de ação que terminou com morte de guia é exumado na BA
Atestado de óbito de Vitinho indica que ele sofreu politrauma e homorragia. Foto: Arquivo pessoal

Segundo o g1, o atestado de óbito de Vitinho indica que ele morreu em via pública, em Caraíva, às 18h. Também aponta que a causa da morte foi "politraumatismo torácico, choque hemorrágico e projétil de arma de fogo".

Acontece que a família traz outra versão. Os parentes afirmam que Vitinho foi levado pelos policiais, torturado e morto. Eles ressaltam que o rosto do jovem estava desfigurado e havia marcas de algemas nos pulsos e arranhões nos joelhos.

A PF e a SSP-BA foi questionada se houve algum confronto direto que pudesse explicar o politraumatismo torácico e o choque hemorrágico descritos no atestado de óbito. Na nota enviada pela SSP-BA, o questionamento não foi respondido. O g1 aguarda a resposta da Polícia Federal.

O que os familiares do guia de turismo contestam?

De acordo com familiares do guia, ele foi confundido com outro homem. Os parentes explicam que ele e o suspeito compartilhavam o mesmo apelido: Vitinho. O g1 confirmou que um jovem apelidado dessa forma é de fato investigado por tráfico de drogas na região e procurado pela polícia.

"A suspeita principal é de que tenha sido confundido com outro homem de nome João Vitor, conhecido como segurança de traficantes e apelidado igualmente de 'Vitinho', que possuía mandado de prisão e ficha criminal. Este homem continua em liberdade", diz um trecho da nota divulgada pela família.

A PF e a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) foram questionadas sobre a possível confusão em relação aos nomes. A SSP-BA enviou uma nota, mas não respondeu o questionamento. Já a Polícia Federal não respondeu à pergunta até a publicação desta reportagem.

Ainda segundo os familiares, há indícios de ocultação de provas, porque, segundo eles, pouco antes da operação, as câmeras da travessia do rio Caraíva teriam sido desligadas e agentes teriam apreendido imagens das câmeras dos estabelecimentos comerciais da região, com o objetivo de ocultar provas.

A família de Victor Cerqueira pediu uma "investigação imediata, transparente e independente, com a responsabilização rigorosa de todos os envolvidos".

Eles também contestam a versão da secretaria, que indicava que o guia teria morrido em confronto e estaria ligado ao tráfico de drogas.

"Dois suspeitos, um deles possuía mandado de prisão, acabaram atingidos após confronto relatado pelas equipes. Eles chegaram a ser socorridos, mas não resistiram aos ferimentos", diz o comunicado. Apesar disso, a família diz que Vitinho foi algemado e levado pelos policiais.

"O meu filho não foi morto em Caraíva, ele foi algemado e saiu algemado na frente de outras pessoas. Só foi chegar em Porto Seguro 3h da manhã, morto, com sinais de tortura. Pegou um menino inocente", disse Luzia Cerqueira, mãe de Vitinho.

O delegado Bruno Barreto, responsável pelo distrito de Caraíva, informou que Vitinho não tinha passagem pela polícia. Ele, inclusive, esteve na delegacia na última semana, quando registrou um boletim de ocorrência de injúria racial.


				
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Guia de turismo não tinha passagens pela polícia. Foto: Redes sociais

Como o caso é investigado?

Em nota ao g1, a SSP-BA disse que a ocorrência é investigada pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar, como determina o procedimento em casos de morte em confronto com agentes do estado.

Já o Ministério Público da Bahia informou que, no dia 12 de maio, instaurou procedimento para acompanhar as investigações sobre a ação policial que resultou na morte de Victor Cerqueira.

O que falta esclarecer?

A Secretaria de Segurança Publica (SSP-BA) e a Polícia Federal não responderam aos questionamentos sobre a confusão em relação aos nomes de Victor Cerqueira e o homem apontado pelos familiares da vítima como suspeito de tráfico de drogas na região, com quem ele pode ter sido confundido na operação.

Além disso, a PF e a SSP-BA foram questionadas se houve algum confronto direto que pudesse explicar o politraumatismo toráxico e o choque hemorrágico descritos no atestado de óbito do guia de turismo. Na nota enviada pela SSP-BA, o questionamento não foi respondido. O g1 aguarda a resposta da Polícia Federal.

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