Trabalhadores são alvo de fake news sobre sequestro de crianças na BA

Há 20 dias, o representante comercial Ivanildo Marques e o motorista Jucival dos Santos viram a vida deles mudar de ponta a cabeça. Uma foto tirada enquanto eles trabalhavam em Irecê, município a 478,8 quilômetros de Salvador, foi espalhada em diversos grupos de WhatsApp informando que os trabalhadores eram sequestradores de crianças. A sede da empresa em que trabalham é em Feira de Santana e atende várias cidades da região.

A foto divulgada nas redes sociais mostra os dois trabalhadores dentro de uma van, em frente a uma residência. Alguns áudios, que acompanham a imagem, reforçam a informação de que os homens estariam sequestrando crianças.

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Os dois funcionários trabalham com revenda de itens para cama, mesa e banho de porta em porta. Desde a divulgação das informações falsas, a dinâmica de trabalho mudou. Ivanildo e Jucival ficaram sem trabalhar por mais de duas semanas. Temendo a própria segurança, um boletim de ocorrência foi registrado. Em entrevista à TV Subaé, afiliada a Rede Bahia, em Feira de Santana, o representante falou sobre o caso.

"Divulgaram uma foto nossa dizendo que estamos sequestrando crianças e isso deixou a gente muito abalado, ficamos impossibilitados, com medo de trabalhar e acontecer alguma coisa. Desde quando esse problema aconteceu, não tivemos mais paz. Temos esposas, filhos e ficamos em uma situção difícil. Já procurei a delegacia, o que me deu um pouco mais de segurança", disse Ivanildo Marques.

Motorista e colega de Ivanildo, Jucival dos Santos contou sobre como têm sido os últimos dias. "A gente se sente ameaçado, já correram atrás do carro nos apontando como sequestrados, até de linchamento falaram. Isso está rodando em várias regiões como Irecê, Araci, Utinga, Humildes e São Gonçalo dos Campos", falou.

Em nota, a Polícia Civil (PC) informou que os depoimentos das vítimas serão colhidos e diligências estão sendo realizadas. “Os boletins de ocorrências registrados nos municípios de Irecê e Feira de Santana, foram recepcionados pelas respectivas unidades policiais responsáveis pelo caso. Os depoimentos das vítimas serão colhidos e diligências estão sendo realizadas para identificar os autores, bem como a motivação do crime”, diz o comunicado.

Quem espalha fake news pode responder criminalmente?

O advogado criminalista Marco Aurélio Andrade Gomes pontua que a divulgação de informações falsas pode caracterizar crime e quem propaga fake news pode ser responsabilizado pelo ato, sob as mesmas penas de quem produz.

"Existem os crimes de injúria, de difamação ou calúnia são crimes contra a honra. A calúnia é é a falsa imputação de fato criminoso a alguém, a difamação é imputar algo ofensivo a sua reputação e a injúria é a ofensa à dignidade. Nestes três casos, as penas podem variar entre três meses a dois anos e/ou multa", destaca.

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