Trotes para serviços de emergência crescem 32% em Feira de Santana

O número de trotes ao Centro Integrado de Comunicações (Cicom) de Feira de Santana cresceu 32% neste primeiro semestre. Entre janeiro e junho deste ano, foram 8.056 ocorrências registradas, contra 6.086 contabilizadas no mesmo período do ano passado.

O Cicom é responsável por receber das ligações para os números 190 (Polícia Militar da Bahia), 193 (Corpo de Bombeiros) e 197 (Polícia Civil).

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Os dados levantados indicam também que a maior incidência de trotes acontece no turno da tarde (41%), seguido pelo turno da noite (29%), e são praticados por crianças, principalmente, representando este público 63% dos registros.

Outro número que chama atenção é a quantidade de adultos responsáveis pelas chamadas falsas: 29%, número maior, inclusive, do que o de adolescentes com 8%. O principal gênero que pratica o trote é o masculino, com 71%.

O coordenador do Cicom, major Rosuilson Cardoso, explica que mecanismos tecnológicos permitem a identificação dos trotes. "O sistema identifica todos os números dos telefones, registra as suas localizações e também grava o áudio das chamadas, sendo possível, a partir desses recursos, identificar os causadores e buscar as suas responsabilizações penais", diz.

Os trotes representam ainda 14% das ligações recebidas pelo Cicom, com maior incidência aos sábados. Na maior parte das vezes, as ligações são realizadas a partir de celulares. Ainda conforme o coordenador do Cicom, as chamadas não se constituem apenas em falsas comunicações de crimes ou de emergências.

"Registramos ofensas dirigidas contra os atendentes e às instituições envolvidas, o que também pode ser considerado crime. Os pais podem ajudar a diminuir a quantidade de falsas chamadas passados para o CICOM disciplinando o uso de telefones celulares pelos filhos e os demais cidadãos devem denunciar aqueles que estão prejudicando este serviço de utilidade pública", pontua.

Entre os prejuízos causados à população que necessita de atendimento, o coordenador cita o congestionamento das linhas e a demora no registro. "As linhas ficam congestionadas e quem precisa de socorro imediato tem o contato impedido. Por este mesmo motivo, os atendentes precisam ser mais detalhistas e exigentes nos atendimentos, o que, em alguns casos, acarreta um registro mais demorado, além de, nos casos em que a falsa solicitação é atendida, ocorrer o deslocamento de viaturas e o emprego desnecessário de profissionais de segurança pública", completa.

Passar trote para serviços de emergência é crime

O advogado criminalista Daniel Vitor ressalta que, além de afetar a dinâmica dos serviços de emergência, o trote é crime tipificado no Código Penal Brasileiro. "O artigo 266 significa interromper ou perturbar serviço telegráfico, rádio telegráfico ou telefônico, impedir ou dificultar o restabelecimento e tem pena de um a três anos", ressalta.

"Além disso, a depender do que venha a ser dito no trote, também pode se enquadrar no artigo 340 do Código Penal, que diz provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção sabe não se tratar verificado, tendo este crime uma pena de detenção de 1 a 6 meses ou multa", reforça.

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