Uma iniciativa voltada para as artes está mudando a vida de diversas pessoas, no sul da Bahia. A Escola de Talentos é um projeto que atua na cidade de Itabuna, a 435 quilômetros de Salvador, com aulas gratuitas de dança, música e teatro que atendem crianças, jovens, adultos e idosos de todas as idades.
O projeto, iniciado em março deste ano, incentiva o reconhecimento artístico e a descoberta de novos talentos, além de promover transformação pessoal através da inclusão social pela arte-educação. Hoje, 803 alunos estão matriculados nos 15 cursos oferecidos: bateria, ballet, jazz, canto, técnica vocal, dança popular, dança de salão, danças populares e urbanas, flauta, hip-hop, percussão, teclado, violão, violino e teatro. Cada aula tem duração de 1 hora cada e é possível fazer mais de uma modalidade ao mesmo tempo.
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As práticas acontecem de segunda a quinta-feira, das 8h às 22h, no Centro de Cultura Adonias Filho, localizado na Rua Isolina Guimarães, no centro de Itabuna. Até o momento, há somente este polo, que funciona no recentemente reinaugurado espaço cultural da cidade.
Segundo o coordenador do projeto, Salomão Galvão, o objetivo é levar um polo para cada bairro da cidade, para facilitar o acesso da população. “O projeto tem como objetivo que cada bairro da cidade também tenha um módulo desse, para facilitar a inclusão social e acessibilidade também daquelas pessoas que não têm condição de se deslocarem. Então, esse é o objetivo maior do projeto, [...] é levar a cultura para a população itabunense”, diz ao iBahia.
Saiba como participar das aulas gratuitas
Para participar do projeto é simples: basta comparecer ao Centro de Cultura Adonias Filho com xérox do RG, do CPF e de um comprovante de residência. Candidatos menores de idade devem estar acompanhados pelos pais ou de uma pessoa responsável, também munida de documentação.
Segundo a coordenação do projeto, a Escola de Artes está sendo capaz de impactar positivamente a vida de diversas pessoas. “É muito positivo isso, porque eu tenho conversado com todos os pais e eles falam notoriamente da mudança dos filhos [...]", diz Salomão.
“Por exemplo, eu tenho pessoas que chegaram aqui que queriam se suicidar, ou que perdeu o filho, que a vida tinha terminado, pessoas que estavam em casa deprimidas. E aí, você coloca numa aula de teatro, você coloca numa aula de dança de salão, e começa a sua sensibilização, começa a fazer um movimento físico [..] e a colocar isso para fora. Então, hoje eu vejo uma realidade totalmente diferente dessas pessoas", completa.
Alunos relatam os impactos positivos do projeto
Nossa equipe conheceu alguns alunos da Escola de Artes para compreender os resultados do projeto na vida deles. Camila Lima, de 19 anos, faz aulas de bateria e está empolgada com as aulas: “Nossa, eu estou adorando. É incrível fazer aula de bateria, que eu amo. Eu acho que eu aprendi bastante coisa, inclusive, a não desistir”.
As práticas artísticas também estão contagiando a terceira idade. Virgínia Conceição, 74, é uma médica aposentada que agora conseguiu realizar o sonho de estudar violino, graças ao projeto. “Eu amo música. Não tive oportunidade de fazer quando jovem, porque não tinha condições financeiras. Depois, casei, tive filho [...] e agora chegou a minha oportunidade e estou aqui, aproveitando”, diz a idosa.
O artista independente Gabriel Teixeira, 20, autointitulado Deep, se aventura como rapper e faz aulas de hip-hop na Escola. O jovem relatou ao iBahia como o projeto tem o ajudado a alavancar sua carreira: “É muito bom, porque nós éramos artistas que não tinham esse espaço pra estar sempre cantando nossa música. É uma divulgação, porque todo dia a gente tá aqui cantando nossas músicas, tem gente que vem aqui fazer outras aulas, mas tá olhando pra gente. A gente não fazia tanta apresentação quanto a gente faz hoje", diz o artista.
Aos 75 anos, Climene Santos faz dança de salão e conta como as aulas estão sendo positivas. “A dança é algo que nos estimula muito na nossa vida porque ela nos proporciona, além da alegria, o movimento e a dinamização do nosso corpo [...] Foi uma grande mudança. A mudança de eu interagir no meio das colegas. de eu poder me movimentar e também da alegria de estar aqui cada dia.”
Helen Carlos, 50, faz aulas de percussão. “Pra mim, particularmente, está sendo a realização de um sonho. A oportunidade que eu tenho de estar aprendendo de forma fácil, prática, de forma acessível principalmente, instrumentos que eu sempre tive vontade de desenvolver [...]”, conta a aluna.
Os professores dos cursos também apontaram a importância do projeto. “É importante primeiramente para dar oportunidade para esses talentos que a gente tem em Itabuna. Acho que por ser uma cidade com uma diversidade cultural muito grande, ao mesmo tempo não tão revelada, a gente traz à tona de novo isso”, afirma Edymarlly Santos, que dá aulas de teatro na Escola de Talentos.
A professora de dança de salão Roberta Santos acrescenta: “A Escola de Talentos veio para somar [...] nós temos aqui inclusive alguns alunos depressivos, com outros tipos de problemas de saúde, que não têm uma rotina gratificante. Então aqui não está sendo só uma simples aula, eles vêm, fazem amizade, têm o contato, têm o toque, têm o carinho dos professores e dos amigos.”
A Escola de Talentos é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Itabuna através da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC), em parceria com o Governo do Estado e o Centro de Cultura Adonias Filho. O coordenador do Centro, Maurício Leite, relata: “A FICC trouxe o projeto e a gente gostou bastante, porque esse é um projeto que leva pra comunidade [...] e são oficinas que são ofertadas gratuitas, o mais importante é isso. Onde é que uma criança de uma periferia ia ter um contato com violino, que é um instrumento caríssimo?”
O gestor do projeto enfatiza esse cenário. “Eu tenho alunos aqui que queriam violino e no primeiro dia de aula eu fiz questão de ver a reação: teve aluno aqui que chorou quando pegou o instrumento”, diz Salomão Galvão.
O projeto vai abrir matrículas no dia 5 de agosto, para os cursos de teatro, dança urbana, dança popular, flauta, violino, percussão e hip-hop. A abertura das inscrições será divulgada no site da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC).
Brenda Santos
Brenda Santos
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