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Academia Brasileira de Letras escolhe, na quinta, novo integrante

Nas redes, torcida é por Conceição Evaristo, que pode ser a primeira mulher negra 'imortal'

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Redação iBahia

29/08/2018 às 22:30 • Atualizada em 29/08/2022 às 9:26 - há XX semanas
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A Academia Brasileira de Letras (ABL) escolhe hoje, a partir das 16h, um novo imortal para ocupar a cadeira 7, vaga desde a morte do cineasta Nelson Pereira dos Santos em abril. Com onze candidatos no páreo, a eleição promete ser uma disputa movimentada, na qual se destacam os nomes da escritora Conceição Evaristo, do diretor Cacá Diegues e do colecionador de manuscritos Pedro Corrêa do Lago. Completam a lista de candidatos Raul de Taunay, Remilson Soares Candeia, Francisco Regis Frota Araújo, Placidino Guerrieri Brigagão, Raquel Naveira, José Itamar Abreu Costa, José Carlos Gentili e Evangelina de Oliveira. O escolhido irá ocupar a cadeira 3, que tem como patrono Castro Alves e já foi ocupada, além do fundador Valentim Magalhães, por nomes como Euclides da Cunha.

Antes mesmo de formalizar sua candidatura no final de maio, o nome de Conceição Evaristo já mobilizava as redes sociais e militantes dos movimentos negro e feminista. Uma petição online em apoio à eleição da escritora reuniu mais de 18 mil assinaturas.

Foto: Reprodução

Vencedora do Jabuti por “Olhos d'água”, Conceição é doutora pela Universidade Federal Fluminense. Nascida na favela do Pendura a Saia, em Belo Horizonte, conciliou os estudos com o trabalho de empregada doméstica na juventude. Durante a última Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), ela também deu gás à “campanha” com participação intensa em debates e eventos na programação paralela do evento. Se for eleita, a mineira de 71 anos seria a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira nos mais de cem anos da instituição, fundada em 1897. No Twitter, há um “twittaço” marcado para as 18h com a hashtag #ConceicaoEvaristoNaABL.

Para o presidente da ABL, o poeta, ensaísta e tradutor Marco Lucchesi, a mobilização em torno do nome de Conceição demonstra que a Academia é vista como uma instituição representativa para o país.

— A Academia é uma instituição brasileira, não está em Marte ou em Júpiter, está no Brasil. E como todas as outras instituições, vive os desafios inerentes em relação à cultura do próprio país. A questão das minorias não é específica da Academia, é do país. É importante, sem sombra de dúvidas, e a Academia está perfeitamente aberta a ela. Ao mesmo tempo, é preciso que se faça o ritual do pleito — afirma Lucchesi, que critica o discurso de que “a Academia estaria fechada numa torre de marfim”: — A própria renovação da casa vem apontando pra novos horizontes. Temos uma aproximação muito grande com a África, levamos nossos livros para países africanos, além de termos um projeto que promove a literatura nas prisões.

Apesar da torcida por Conceição, dentro da ABL, há outros candidatos bem cotados. O colecionador e editor Pedro Corrêa do Lago. Neto de Oswaldo Aranha, o carioca de 60 anos já foi presidente da Fundação Biblioteca Nacional,é mestre em Economia pela PUC-Rio e vencedor de um Prêmio Jabuti ao lado da mulher, Bia Corrêa do Lago, com o livro “Coleção Princesa Isabel — Fotografia do Século XIX”.

Outra candidatura com grandes chances é a do cineasta Cacá Diegues. Diretor de “Bye Bye Brasil” (1980) e “Xica da Silva” (1976), o alagoano de 77 anos era amigo de Nelson Pereira dos Santos e foi convencido por um grupo de imortais a participar do pleito após a retirada da candidatura do escritor Alberto Mussa.

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