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Primeira mesa realizada no dia debateu a contemplação no mundo moderno |
Perdemos o hábito de refletir sobre as nossas próprias vidas? A velocidade do mundo contemporâneo impede o pensamento mais profundo, elaborado? Na tarde deste sábado (26), os escritores Joca Reiners Terron e Tom Correia tentaram responder a questionamentos como esses, na mesa 'A Velocidade da Contemplação Moderna', no penúltimo dia da Flica. "Essa proposta da mesa é um paradoxo, porque não vivemos em uma época de contemplação. Vivemos um momento mais convulsivo do que contemplativo", acredita Terron. Nascido em Cuiabá no ano de 1968, o escritor tem a reflexão como tema recorrente em suas obras. Para ele, o ritmo das grandes cidade não permite mais o exercício da introspecção. "O ritmo de quem vive em cidade grande é diferente do de quem mora em Cachoeira, por exemplo. Contemplação é você almoçar com sua mulher sem estar ali. É um outro plano", acrescenta.
Veja também: "O pornô afasta o parceiro um do outro", diz Sylvia Day na Flica O escritor baiano Tom Correia tem opiniões similares. "A velocidade atrapalha em tudo. Como não tenho processo criativo, não consigo esquematizar um conto, assimilo a velocidade muito bem", afirma. E Correia entende de velocidade da informação. Jornalista, o autor concilia a profissão com o trabalho literário, e ainda colabora com a revista eletrônica 'Verbo 21', atuando como colunista. Imaginação e contemplação caminham sempre juntas. Pelo menos é o que acredita Joca Reiners Terron. Com vários livros publicados, o autor conta que escreve desde a infância, fase da vida na qual descobriu a literatura como um mundo alternativo, rico e possível. "Memória e imaginação são tudo o que temos de ficção. Aos sete anos, sofri um acidente, bati a nuca e desmaiei. Fiquei em coma e tive uma crise de amnésia. E assim pude reinventar a minha realidade por meio da imaginação", conta. Temas mais concretos também tiveram a sua vez na mesa. Tom Correia expôs sua visão acerca da cidade de Salvador, que, segundo ele, está predestinada ao caos. "Passei anos odiando as coisas que via, e mesmo agora acho que muita coisa não tem concerto. Por mais que tentemos organizar a cidade, ela está predestinada ao caos. Mas acho que podemos adotar uma forma estética de viver e fugir dos padrões", avalia. A programação da Flica termina neste domingo (27), às 10h, com a mesa 'NDongo, Ngola, Angola, Bahia', composta por Pepetela e Makota Valdina.
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