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Gordofobia? Manequim plus size da Nike gera discussão

Jornalista britânica escrever coluna acusando a empresa de visar lucro ao 'tratar um obeso como potencialmente saudável'

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Redação iBahia

14/06/2019 às 16:12 • Atualizada em 29/08/2022 às 4:37 - há XX semanas
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A decisão da Nike de incluir um manequim acima do peso, o chamado " plus size ", na sua principal loja no Reino Unido ganhou repercussão mundial — graças, ironicamente, a uma crítica contundente à iniciativa.

O jornal britânico "The Telegraph" publicou uma coluna assinada pela jornalista Tanya Gold que acusa a empresa de incentivar a obesidade e vender às mulheres "uma mentira perigosa" ao defender a aceitação de seus corpos. O texto causou revolta e levantou discussões sobre preconceito.

Foto: Divulgação/Nike

Tanya classifica o manequim feminino como “imenso, gigantesco, vasto” e “ obeso ”. A articulista insinua, ainda, que a mulher acima do peso retratada pelo boneco não conseguiria correr por ser, possivelmente, pré-diabética e contar com problemas ósseos.

“Me preocupa ver a Nike , que promove o atletismo, tratar um manequim obeso como potenciamente saudável visando lucros”, escreveu a jornalista.

"Ninguém está incentivando a obesidade"

Para a modelo plus size e rapper Preta Rara, as colocações estão cobertas de premissas equivocadas: — Tanya Gold está totalmente enganada. A gente não vende a ideia de que é preciso engordar. O que falamos é que as pessoas precisam ser felizes dentro do corpo que elas têm. Ninguém está incentivando a obesidade, que é uma patologia clínica. Nem todo gordo é obeso. Além disso, existem magros que não são saudáveis.

Preta, que também é historiadora, avalia que o mercado da moda ainda precisa evoluir na inclusão dos plus size , mas celebra a decisão da Nike e acredita que as grandes marcas estão despertando para a importância de contemplar este público.

— Existem atletas gordos e pessoas gordas que gostam de se exercitar. Ainda não é o ideal, pois existem homens e mulheres que não conseguem vestir os tamanhos oferecidos, mas é um grande passo — afirma. — Outra questão é entender que o gordo e a gorda compram. Iniciativas como a da Nike ajudam a desmistificar esse preconceito . Há ainda a representatividade de entrar em uma loja e encontrar um manequim que representa seu corpo.

A modelo Débora Ambrósia compartilha do mesmo sentimento: — É muito frustrante entrar em uma loja e ouvir que não vendem o nosso tamanho. Eu me emociono quando vejo uma manequim de loja que me representa.

"Nem todo gordo é doente"

Tássia Marcondes, que também é modelo plus size , critica a associação direta entre o sobrepeso a problemas de saúde. — Nem todo gordo é doente e nem todo magro é saudável . Ela está generalizando. Há doenças causadas pelos padrões distorcidos de beleza, como a anorexia, por conta de pessoas que não conseguem se aceitar — argumenta Tássia. — Tanya insiste que uma pessoa gorda tem diabetes e hipertensão, o que nem sempre é o caso. Conheço muitas que têm uma alimentação bem melhor do que pessoas magras.

Segundo a nutricionista Bia Rique, chefe do Serviço de Nutrição na 38ª Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia do Rio, afirmações como as da jornalista do "The Telegraph" refletem preconceitos. — A sociedade vive uma prescrição moral do corpo e da comida, onde o simples fato de estar acima do peso é relacionado a doenças, enquanto estar em forma cria a ilusão de saúde. Claro que a obesidade aumenta muito a probabilidade de doenças crônicas como diabetes e hipertensão, mas também há pessoas magras doentes. Não se pode generalizar — alerta a médica. — Essa crença decorre da visão de que nossa saúde depende apenas das nossas decisões individuais. Existem questões genéticas e outros fatores, sociais, econômicos, culturais e políticos que influenciam o sobrepeso ou a obesidade de uma pessoa.

Quanto ao uso de manequins plus size, Bia se mostra a favor: — É importante que a publicidade mostre diversidade de corpos para que todos se sintam aceitos e consigam construir espelhos menos cruéis. Vivemos um momento em que as mídias sociais e as campanhas publicitárias ainda propagam corpos ideais completamente irreais, gerando frustração em crianças e adolescentes.

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