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Produtos veganos: entenda os benefícios para você e para natureza

Saiba identificar esses produtos e conheça a diferença entre orgânico, natural e cruelty free

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Redação iBahia

30/08/2018 às 20:30 • Atualizada em 29/08/2022 às 3:52 - há XX semanas
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“O veganismo é um modo de vida que procura excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade com animais para alimentação, vestuário ou qualquer outro propósito”. É assim que a instituição Vegan Society define a prática, que é cada vez mais presente no Brasil.

De acordo com a pesquisa do IBOPE Inteligência, realizada em abril deste ano, 14% dos brasileiros se declaram vegetarianos, o que representa cerca de 30 milhões de pessoas, um número maior do que as populações da Austrália e da Nova Zelândia juntas. A pesquisa também mostra que uma parcela significativa da população se interessa por produtos veganos, ou seja, livres de qualquer ingrediente de origem animal: mais da metade dos entrevistados (55%) declarou que usaria mais produtos veganos se estivessem melhor indicados na embalagem, ou se tivessem o mesmo preço que os produtos que estão acostumados a consumir (60%). Nas capitais, esta porcentagem sobe para 65%.

Os inúmeros termos de classificação dos produtos dão ao consumidor um leque de opções. Para que não haja confusão em frente as prateleiras, a química Renata Lima, responsável pela Lola Cosmetics, esclarece qual a diferença entre os produtos veganos, orgânicos, naturais e cruelty free:

— O consumidor deve ficar atento aos selos específicos para cada tipo de produto, além da leitura dos ingredientes no rótulo. Produtos veganos são aqueles em que não são utilizadas matérias-primas de origem animal, mas isso não significa que não contenham materiais sintéticos. Os cosméticos naturais devem conter, pelo menos, 95% de substâncias naturais e 5% de matérias-primas orgânicas ou sintéticas. Os produtos orgânicos devem ser formulados com substâncias certificadas por um órgão que atesta a natureza e a sustentabilidade de toda a cadeia produtiva, com ao menos 20% desse tipo de ingrediente. Já os produtos cruelty free não fazem testes em animais, mas podem conter substâncias de origem animal ou sintética — explica.

A doutora Cintia Melo, dermatologista da Le Sense Clinique, enxerga os produtos veganos de origem natural como uma excelente opção para quem tem alergias ou outros problemas de pele. Segundo ela, eles são bons aliados na rotina de beleza:

— Substâncias quimicamente sintetizadas nem sempre são ruins, mas algumas podem ter efeito cumulativo na pele e, a longo prazo, gerar danos. Já os produtos naturais, que são mais delicados e livres de conservantes, podem trazer benefícios com o uso contínuo. Além da produção ecologicamente sustentável, o risco de alergias pode ser menor nesse grupo devido a presença de biomoléculas, que costumam ser mais aceitas pelo organismo — sugere a doutora.

A Lola Cosmetics é uma das empresas nacionais que fazem produtos com essa proposta, tendo na linha itens para o cabelo, corpo e maquiagem. Renata conta que fazer uso dos itens veganos de origem orgânica é o mesmo que proteger os animais e o meio ambiente:

— Quando alguém opta por cosméticos veganos deixa de contribuir indiretamente para criação de animais que são destinados a viver como cobaias em testes extremamente nocivos, além da própria exploração animal para a obtenção das matérias-primas. Se esses cosméticos forem orgânicos, fazer o uso deles é sinônimo de menor impacto socioambiental. Para conceder um selo orgânico, as certificadoras acompanham toda a cadeia produtiva das matérias-primas, garantindo a preservação e a sustentabilidade do meio ambiente, como a não utilização de pesticidas e processos naturais no plantio, no cultivo e na colheita — comenta.

Renata também conta que é mais difícil produzir cosméticos veganos e que o processo de fabricação costuma ser mais caro do que o dos produtos tradicionais. Os custos e os impasses da certificação também influenciam no lançamento do produto:

— O custo de produção de um produto vegano pode ser de cinco a dez vezes superior ao custo de produção de um convencional. Existe menos oferta de matéria-prima vegana no mercado que proporcione os mesmos resultados dos convencionais. Assim, muitas vezes é necessário fazer associações de ingredientes para alcançar o resultado desejado. Além disso — explica a química — o processo de certificação é um trabalho longo e demanda um investimento alto. Os ingredientes e a produção são auditados para garantir a qualidade e a preservação do meio ambiente — esclarece Renata.

A empresária e youtuber de beleza Bruna Tavares tem suas próprias linhas de cosméticos, e faz questão de inserir propostas mais sustentáveis em cada uma:

— Minhas três linhas são cruelty free, mas somente a de edição limitada é vegana. Nas outras duas, a maioria dos produtos tem essa proposta com as devidas certificações, mas alguns ainda contém cera de abelha. A ideia é substituir tudo ao longo do tempo por opções sintéticas — conta.

Como referência em maquiagem, Bruna percebe que alguns produtos melhoram com a fórmula vegana. Por outro lado, como empresária do segmento de beleza, ela enxerga os desafios de elaborar esse tipo de cosmético:

— Acho que todas as pessoas podem optar por produtos veganos sem sentir a diferença. Existem questões na produção como mudança de textura e preço, já que opções sintéticas quase sempre são mais caras e difíceis de achar. Para mim, os grandes desafios foram transformar os batons líquidos em veganos e conseguir a certificação. Demorou, mas o resultado ficou excelente. Não é mais caro para o consumidor final e a fórmula é até melhor. No começo foi tudo mais complicado, mas hoje os fornecedores de matéria-prima estão mais atentos e trazendo opções veganas com facilidade e melhor custo-benefício.

Bruna Tavares, que também é responsável pelo blog Pausa Para Feminices, percebe que os cosméticos veganos estão ganhando espaço, mas que ainda faltam produtos com essa proposta nas marcas brasileiras:

— Hoje, o mercado internacional está muito completo nesse sentido; o nacional ainda está aprendendo a entender a importância dessa ideologia. Muitas marcas já fazem questão de buscar o veganismo nos produtos e acho que esse é o futuro dos cosméticos — acredita Bruna.

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