Dezoito pessoas morreram e centenas ficaram feridas em confrontos entre policiais e camponeses sem terra nesta sexta-feira (15) no Paraguai, próximo à fronteira com o Brasil. Segundo o ministro do Interior, Carlos Filizzola, o tiroteio aconteceu durante uma operação policial de reintegração de posse de uma fazenda invadida em Curuguaty, no departamento (estado) de Canindeyú, próximo à fronteira com o Paraná. “São sete policiais e nove ou dez camponeses (mortos)”, disse Filizzola. O fato aumentou a tensão em torno da questão agrária no Paraguai. A operação ocorreu na fazenda do empresário Blas N. Riquelme. Centenas de policiais chegaram ao local em veículos e helicópteros, com um mandado da Justiça determinado a retirada dos camponeses do terreno. O confronto armado ocorreu em uma região de selva que foi cercada pela polícia, segundo o Ministério do Interior. O presidente Fernando Lugo lamentou as mortes em um pronunciamento na residência presidencial de Mburuvicha Roga, na capital do país. “Manifesto meu firme apoio às forças de ordem e me solidarizo com as famílias das vítimas fatais que entregaram suas vidas durante o cumprimento de uma missão”, disse o presidente. Lugo afirmou que o governo está trabalhado para “devolver a calma e a segurança” à região. Porém, ao mesmo tempo, o Congresso Nacional convocou uma sessão extraordinária para analisar a situação. Uma das possibilidades em discussão é a declaração de estado de exceção na região. A medida autorizaria o uso das Forças Armadas para conter a violência local. Ela já foi usada no país em outubro de 2011 (a pedido do Congresso) e 2010 (por ordem de Lugo) para combater guerrilheiros do Exército do Povo Paraguaio (EPP). De acordo com a versão on line do jornal Ultima Hora, de Assunção, Lugo já teria determinado que as Forças Armadas participem das operações em Curuguaty. A atuação de membros do EPP na resistência armada à desocupação da fazenda até agora é descartada pelo Ministério do Interior. Parlamentares chegaram a cogitar a discussão no Congresso sobre uma medida para destituir Filizzola de suas funções. O ministro afirmou, por sua vez, que não pretende deixar a pasta. “Não vou renunciar ao cargo”, afirmou. Ele disse ainda que "não é a primeira vez" que o mesmo grupo invade as terras de Riquelme. Os camponeses envolvidos no confronto fazem parte da chamada Liga Nacional de Carperos (Liga Nacional de Acampados, em tradução livre). Em um comunicado, a Mesa Coordenadora Nacional de Organizações Camponesas (MCNOC), que reúne setores dos sem terra, criticou o governo nacional. “Rejeitamos os assassinatos de camponeses e de policiais e de centenas de feridos em uma mostra de irresponsabilidade do governo e destacamos que não será desta maneira que se dará uma resposta aos graves problemas da população paraguaia”, diz o texto. A MCNOC tem reivindicado uma política de reforma agrária no país e critica a expansão do agronegócio no Paraguai.
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