|
---|
Mesmo morando em outro continente, Limpo não esquece de sua terra natal |
Países como Brasil, Dinamarca, Suécia, Espanha e Sérvia conhecem os traços de Fábio Rocha, graffiteiro soteropolitano de 31 anos, conhecido como Limpo. Apaixonado pela mais genuína forma de fazer arte urbana, o graffiti (ou grafite), Limpo usa como arma de protesto e forma de expressão spray de tinta e muita imaginação. Assim como ele, que hoje mora na Suécia, muitos outros talentos que produzem
street art (arte urbana) saíram de Salvador para ganhar o mundo.
|
---|
A inspiração do graffiteiro vem do cotidiano sofrido de crianças e famílias nordestinas. "O graffiti me dá a oportunidade de retratar o dia a dia do meu povo, mostrar a aflição e fazer com que outras pessoas reflitam sobre o assunto", explica Limpo, que começou a produzir arte aos 8 anos. Na infância, ele fazia desenhos na pele dos amigos e dava um toque final com verniz de madeira. “Ficava bem parecido com uma tatuagem e dava para ganhar uma grana com isso”, conta. Na adolescência, ele conheceu um grupo de pichadores e começou a fazer intervenções em muros da capital baiana, mas isso durou pouco tempo. “Logo fui apresentado a Peace, que me convidou para participar do ‘Turbilhão Urbano’, onde comecei a fazer trabalhos mais elaborados”, conta.Na Suécia, o artista trabalha como ilustrador de livros infantis. Ele também produz ilustrações para uma marca de roupas ecológicas, promove aulas de graffiti e pinta quadros. Mas, mesmo morando em outro continente, Limpo não esquece de sua terra natal. "Pintar em frente à praia, tomando água de coco é muito bom. Ainda acho que Salvador é o melhor lugar para graffitar", pondera. Mas no Brasil, o trabalho do graffiteiro não é tão reconhecido quanto em outras regiões do mundo. “O problema é que no Brasil não temos estrutura para fazer grafite. Uma lata de tinta spray custa R$15,00 e um graffiti de qualidade gasta em média R$700,00 e o trabalho não é valorizado financeiramente”, conta.
Graffiti em Salvador - As ruas da capital baiana estão repletas de intervenções artísticas assinadas por grandes nomes do graffiti como o próprio Limpo e Rodrigo Vitório - mais conhecido por 'Peace'. São pinturas e desenhos registrados nos muros e paredes públicas, que se diferenciam muito das conhecidas e repudiadas pichações. O graffiti é, essencialmente, uma forma de arte contemporânea com características urbanas, que tem o objetivo de interferir na paisagem da cidade, transmitindo as diferentes ideias de seus criadores. Ao contrário dos pichadores, geralmente, o graffiteiro tem autorização para trabalhar nos locais escolhidos. Peace e Limpo são amigos de longa data e juntos fizeram parte do coletivo “Turbilhão Urbano”. Além deles, participavam Madureira, conhecido produtor cultural, e Sisma Costa, tatuador e graffiteiro. A partir do reconhecimento pelos trabalhos que fizeram, todos eles foram convidados a expor sua arte em outras regiões do Brasil e do mundo. Peace, atualmente, mora na Noruega e Sisma viajou, em maio, para Buenos Aires. O amor pelo graffiti move e inspira esses artistas que levam a beleza de seus desenhos até os olhos do transeunte. Em Salvador, a
street art de Limpo, Peace, Sisma e tantos outros está disponível, esperando para ser admirada. Basta estar atento aos traços e cores de uma das mais contemporâneas formas de fazer arte, o graffiti.