Alec Butler, de 57 anos, descobriu na juventude que era intersexual - alguém cujo sexo anatômico, hormonal e genético não é nem completamente masculino nem feminino. Em relato divulgado pela 'BBC', Alec foi classificado como do sexo feminino ao nascer e criado como uma menina - chamada de Audrey."Eu tinha 12 anos quando a ficha finalmente caiu: minha barba começou a crescer e tive minha primeira menstruação. Foi algo realmente confuso para mim. Meus pais estavam um pouco assustados. Levaram-me para alguns médicos, mas ninguém na pequena cidade do Canadá em que vivia sabia o que era ser intersexual. Um médico disse que 'era melhor colocá-la em um sanatório até que ela aprenda a se vestir como uma menina e usar maquiagem'", contou o premiado roteirista e cineasta.
Segundo o homem, o afeto dos pais o fez superar as dificuldades e o preconceito na época em que tinha 12 anos. "Minha família inteira foi muito afetuosa. Eu tinha muita vitalidade, era engraçado e eu divertia as pessoas com minhas imitações de Elvis Presley. Minha família aceitou-me muito bem – a escola e a sociedade é que foram duras comigo", explicou."Quando terminei meus estudos, em 1978, sofri para arrumar um emprego. Mudei-me para Toronto e me apresentei como uma espécie de lésbica masculina. Era uma forma de formar uma comunidade, encontrar apoio e me sentir aceita. Eu não conhecia outras pessoas intersexuais – sequer conhecia essa palavra na época", completou Alec, que ainda afirmou ter sofrido ameaças e agressões.
"A vida não era fácil. Sofria ameaças diariamente na rua. Jogavam coisas em mim. Alguém tentou me empurrar na frente de um bonde. Em uma manifestação de orgulho gay, homens gay ameaçaram baixar minhas calças", relatou.Ainda na entrevista, o canadense contou que toma testosterona por uma questão de saúde: "eu ainda menstruo, apesar de meu médico ter dito que eu já deveria estar na menopausa".
Foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal |
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