O Papa Francisco lamentou a morte do Papa Bento XVI, que morreu neste sábado (31) aos 95 anos. Em uma cerimônia no Vaticano, o Pontífice argentino afirmou que seu antecessor era uma "pessoa nobre e muito bondosa" e disse ser grato "a Deus presenteá-lo à Igreja e ao mundo".
"Meus sentimentos vão para o querido Papa emérito Bento XVI, que nos deixou nesta manhã", disse Francisco, em sua tradicional oração de ano novo. "Emocionamo-nos ao lembrar dele como uma pessoa nobre, muito bondosa. E sentimos gratidão em nossos corações: gratidão a Deus por presenteá-lo à Igreja e ao mundo", completou.
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A declaração do Papa foi dada durante a homilia na tradicional cerimônia realizada toda véspera de ano novo para agradecer às graças recebidas. O texto de Francisco foi compartilhado posteriormente no Twitter.
"Apenas Deus sabe o valor e o poder de sua intercessão, os sacrifícios que ele ofereceu para o bem da Igreja", disse o papa argentino. Francisco foi o sucesso de Bento, que renunciou em fevereiro de 2013, tornando-se a primeira pessoa a fazê-lo em quase 600 anos.
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Adeus à Bento XVI
O religioso estava com a saúde debilitada há alguns anos e teve uma piora repentina nos últimos dias. O Vaticano havia dito na sexta-feira (30) que a condição era grave, mas estável, com atenção médica constante. Contudo, a situação se reverteu.
Desde a renúncia, em 10 de fevereiro de 2013, o teólogo alemão vivia em um pequeno mosteiro no Vaticano.
O velório está marcado para começar na segunda-feira (2) na Basílica de São Pedro, sendo que o funeral será na quinta-feira (5) na Praça de São Pedro, presidido pelo Papa Francisco.
Polêmicas
Embora o gesto mais marcante do legado tenha sido a própria renúncia, os quase oito anos no comando da Igreja Católica também foram marcados por outras polêmicas.
Entre elas, textos teológicos de fôlego, uma linha conservadora nas questões morais, e escândalos de disputas políticas e vazamentos de documentos do Vaticano – os chamados Vatileaks.
Papa Bento XVI anunciou a renúncia, em latim, durante uma reunião rotineira com os cardeais presentes em Roma.
Muitos papas da era moderna chegaram a cogitar a renúncia por motivos de saúde, entre eles Paulo VI e João Paulo II, mas nenhum deles havia concretizado essa decisão. Ele foi o primeiro em quase 600 anos.
Na ocasião, Bento XVI tinha 85 anos e disse que o motivo para deixar o cargo era a falta de forças na mente e no corpo.
A diferença de Bento XVI em relação a outros papas que renunciaram no passado é que ele deixou o cargo de forma consciente e voluntária, alegando não ter mais forças para governar.
Antes dele, somente Gregório XII, que renunciou em 1415, em meio a uma divisão política na Igreja. A ideia de Gregório XII era permitir a eleição de um novo pontífice que a unificasse.
Ainda mais notável, porém, foi o caso do Papa Celestino V, considerado santo pela Igreja. Em 1294, ele renunciou após apenas cinco meses no trono de Pedro, virou eremita e, no fim da vida, foi mantido prisioneiro de seu sucessor, o Papa Bonifácio VIII.
Diferentemente deles, Bento XVI tornou-se o primeiro Papa Emérito da história. Continuou se vestindo de branco e não renunciou à confortável vida no Vaticano, protegida de holofotes e multidões.
Mas adotou um estilo simples e, com exceção de algumas aparições públicas e comentários teológicos publicados por escrito, manteve-se isolado. Ao renunciar, ele prometeu obediência ao seu sucessor, que viria a ser o Papa Francisco, eleito em 13 de março de 2013.
Uma outra polêmica marcava a história de Joseph Aloisius Ratzinger. Ainda na adolescência, ele chegou a participar da Juventude de Hitler, o que gerou polêmica após sua eleição – a participação no movimento era obrigatória desde 1939 e o Vaticano justifica que, assim que pôde, o jovem Ratzinger optou pelo seminário.
Críticas
Segundo o g1, tanto como papa quanto como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé – órgão responsável pela disciplina e os dogmas – Bento XVI foi muito criticado por algumas alas da Igreja.
Dois grupos, em especial, viram nele uma espécie de algoz ao menos em alguns momentos de sua vida.
Primeiro, os que pediam mudanças progressistas nas doutrinas morais da Igreja, especialmente no que diz respeito à moral sexual. Assim como João Paulo II, Bento XVI adotou uma linha predominantemente conservadora nessas questões.
Em diversas ocasiões, ele manifestou, por exemplo, ser contrário ao aborto em qualquer circunstância, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, à distribuição de preservativos como política pública, ao fim do celibato dos padres e à flexibilização das normas da Igreja para pessoas em segunda união.
O segundo grupo que criticava o Papa era formado por representantes da teologia dita “de esquerda”, como os chamados teólogos “da libertação”. Esse movimento típico da América Latina nasceu nos anos 1960 e 1970 e conciliava a defesa dos pobres na política com o cristianismo. Parte dos membros dessa linha adotou um viés marxista e, durante o pontificado de João Paulo II, foi alvo de sanções disciplinares. No Brasil, ficou conhecido o teólogo Leonardo Boff.
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Redação iBahia
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