Com uma das mais belas vistas para o mar de Salvador, o bairro de Paripe, no Subúrbio Ferroviário, é tão grande que até o século XVIII nem era considerado como pertencente à capital baiana. Já no século XIX, ele teve uma participação importante no processo de ocupação da cidade, principalmente após sediar as principais fábricas da Bahia.
O pedagogo Derivaldo Lisboa, de 59 anos, mora no bairro há cerca de 30 anos e destacou detalhes importantes que fizeram e continuam fazendo parte da história da região.
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“O bairro de Paripe foi criado, primeiramente, para atender a construção de empresas de açúcar, em 1544. Depois, surgiram as empresas de cimento e mamonas. A partir daí, os funcionários desses negócios passaram a migrar e povoar essa região”, contou.
Ao falar sobre belezas e particularidades de Paripe, Derivaldo listou questões que impactam positivamente a vida dos moradores. “Nós temos as praias – Tubarão e São Tomé de Paripe -, que são algumas das nossas riquezas, que ainda ajudam as pessoas a se alimentarem com a pescas. Inclusive, ainda temos a colônia dos pescadores que se reúne para essa tradição de anos. Além disso, temos a questão da cultura, a capoeira, a dança afro, e aí podemos destacar também o ballet, o karatê”, descreveu.
Ele, ainda, complementou: “Houve uma transformação e eu já analisava na época, quando cheguei aqui, que se eu tivesse dinheiro compraria uma grande parte do bairro para montar um negócio”.
Após perceber o grande potencial da região, ele Lisboa decidiu criar a Associação Comunitária Nossa Senhora Medianeira, que promove ações educacionais e culturais para crianças, jovens e adultos de Paripe.
“Essa entidade teve a finalidade, inicialmente, de atender as demandas da educação infantil e a gente percebeu a necessidade de questões voltadas para a cultura, a arte e atendimento às pessoas da terceira idade. Então, é um polo de ações que tem nessa entidade”.
A associação gera muitos resultados positivos para a comunidade. Daniel Araújo, de 33 anos, é um artista que nasceu e vive até hoje em Paripe, e teve um despertar para o mundo da arte através do projeto. Esse incentivo resultou em grandes conquistas para ele.
No currículo, Daniel já conta com a participação em um série da Netflix e também vai estar na figuração da sequência do filme ‘Ó Paí Ó’, que vai ser lançado ainda este ano. Para ele, essas são motivos de muito alegria.
“É
muito gratificante e me deixa até emocionado, porque a gente sabe que quando a
gente é de um bairro periférico tudo torna-se um pouco mais difícil, tanto para
chegar como para sair. Quando você quebra tabus, segue, mesmo enfrentando todas
as dificuldades, e ainda consegue participar algo que dê esse destaque é motivo
de muita alegria. E isso também é um presente para os moradores do Subúrbio,
pois eles me apoiaram no início e agora estou trazendo o resultado de tudo que
foi produzido e feito aqui”.