O rapper, escritor e compositor Djonga traz a turnê de seu último álbum "Inocente Demotape” para Salvador. O show acontece nesta sexta-feira (26), às 19h, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Considerado um dos rappers mais influentes da atualidade, o artista concedeu uma entrevista para o iBahia durante uma viagem com a família para Fortaleza.
Conhecido por construir rimas com críticas sociais/raciais em batidas densas, como “fogo nos racistas" da música Olho de Tigre, o rapper surpreendeu com sua última produção, que trouxe um álbum inteiro com uma vibe diferente do que os fãs estão acostumados.
Leia também:
“Eu sempre tive vontade de fazer algo diferente do que eu to acostumado. A galera fala, as vezes, que eu tô tentando ir pra um caminho mais fácil, é o contrário. Talvez o fácil pra mim seja fazer as letras mais densas e foi um desafio fazer esse álbum.” disse o cantor
Djonga e a conexão com a Bahia
O rapper está ansioso para vir para a Bahia, principalmente porque a conexão que tem com o estado do nordeste vem de berço. “A Bahia é um lugar muito especial pra mim porque é o lugar de onde vem meu avô, que inclusive faleceu no dia que eu nasci. E é o lugar mais próximo ali da terra da minha avó, que é Teófilo Otoni” disse Djonga.
Além da ligação familiar, o cantor revelou que foi na Bahia que ele descobriu como seu trabalho estava sendo reconhecido: "Quando eu fui fazer show aí (na Bahia), no começo da carreira, foi onde, pela primeira vez assim, eu recebi um carinho que eu falei ‘mano isso aqui tá acima do que eu tô acostumado".
A família, que é um ponto muito importante para o cantor, está acompanhando ele em toda a turnê e, durante a vinda para Salvador, ele disse que existe a possibilidade de ficarem uns dias na capital baiana para "dar uma descarregada na energia" e passar em lugares que gostam.
Essência da carreira
O rapper gravou sua primeira música em 2014, mas esteve envolvido com música desde criança. "Já tinha feito poesia, já tinha escrito coisa, já tinha participado até de comercial, mas não dava tanta atenção, achava que ia ser qualquer outra coisa", disse. Até que gravou seus discos e a partir de 2016 começou a ficar conhecido.
O rapper refletiu sobre os momentos marcantes de sua carreira. Lembrou quando a avó subiu ao palco com ele no festival Afro Punk Bahia e quando a mãe subiu, pela primeira vez, em um trio elétrico, no carnaval de Belo Horizonte.
"O mais marcante de tudo é quando a gente percebe que com a música, com a arte que 'cê' faz, você já tá conseguindo proporcionar para as pessoas que 'cê' gosta, momentos diferentes do que elas 'tavam' acostumadas".
Outro ponto da carreira que emociona o artista é a relação dos familiares e filhos dele com os fãs. Além de trazer a consciência racial e social que ele canta, Djonga diz que já recebeu recados de jovens que passaram a se relacionar melhor com os pais depois de acompanhar o artista.
"Acho que hoje em dia, no tempo que as coisas mais importantes, tipo um contato real com alguém que 'cê' ama, tá tudo isso ficando pra traz, a transgressão verdadeira é estar próximo dessas pessoas." falou o rapper.
Djonga em Salvador
Os shows de "Inocente Demotape" está sendo marcante para o artista, ele revelou que se fosse possível, faria a turnê por mais tempo.
“A real é que a gente preparou um show que não é só música. É teatro, é performance, que é um bagulho que eu queria muito trazer pro palco. Está sendo um show totalmente diferente do que as pesoas estão acostumadas de mim.”
Para o show da Concha Acústica, o artista promete fortes emoções com mais de 2 horas de apresentação e um repertório que vai desde “Eresia” (2017), até o último álbum lançado.
A apresentação conta também com participações especiais de Laura 7, Isa Sabino, Thiaguinho Lisboa e o coral que são importantes para a carreira do artista.