O episódio 56 do podcast Geração GFM mergulha no universo da soul music e da música baiana. Na edição deste domingo (17), que pode ser ouvida na GFM 90,1 e vista no YouTube, Thiago Mastroianni e Dino Neto conversam com o cantor e compositor Adelmo Casé, que revisita sua trajetória e fala sobre mercado musical, clássicos da música negra e muito mais.
Com uma longa trajetória na cena musical soteropolitana, atuando em bandas de soul, funk e black music, Casé foi revelado nacionalmente em 2002, no reality show "Fama", da Rede Globo. Durante o podcast, o artista pontuou que "seria uma ingratidão enorme" dizer que a participação no programa não abriu portas.
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"Até então, eu era o Adelmo Funk Machine da Bahia. Eu participei da seleção, foram 1.800 fitas enviadas e 40 foram selecionadas para fazer os testes lá. (...) Foi um teste que certamente foi emocionante e traumático para alguns. Ficamos isolados do mundo durante o programa. O benefício foi enorme, era um estudo intensivo do que é música, e isso abriu muitas portas porque mostrou pro Brasil o meu talento não só como intérprete. (...) A projeção que isso me deu se reflete no que eu escuto até hoje, 21 anos depois. As pessoas ainda comentam sobre o programa, dizem que eu era muito ético", relembrou, citando uma de suas principais características no programa: o fato de se manter distante de conflitos.
Após o programa, Adelmo Casé lançou a banda Negra Cor, com a qual realizou diversos projetos. Um deles, a nível nacional, foi a participação no programa Som Brasil em homenagem a Gonzaguinha, na Rede Globo, em 2008. A apresentação rendeu elogios do jornalista e compositor Nelson Motta, um dos maiores nomes do cenário cultural brasileiro.
"Me perguntaram se eu tinha visto a entrevista de Nelson Motta na TV Bahia, porque ele tinha falado de mim como um dos artistas da Bahia que tinham chamado atenção dele. Ele disse que eu era uma das maiores vozes da soul music no Brasil atualmente. Eu fiquei enlouquecido. Ele veio pra Salvador lançar a biografia do Tim Maia na época, eu fui lá me apresentar e levar o livro pra ele assinar. Ele sugeriu que eu fizesse uma releitura de Tim Maia, trocamos uma ideia e eu montei o show 'Tim Maia Elétrico', com clássicos e Lado B", disse.
A axé music morreu?
Na conversa com Thiago Mastroianni e Dino Neto, Adelmo ainda comentou o atual contexto da música baiana. Para o cantor e compositor, a perda de destaque da axé music se deve à ausência de uma visão comercial, como a que existe em gêneros como o sertanejo.
"Falam que o axé foi um movimento, mas pra mim foi um momento da música baiana. Antes do axé mais comercial, com Sarajane, Luiz Caldas, Daniela Mercury, a base desse axé são os blocos afros, a levada do samba reggae, que depois colocaram as caras mais brancas pra fazer o mainstream. (...) O que acontece na minha opinião é uma antropofagia musical muito grande dos ritmos que a gente já tinha, o eletrônico chega muito forte, a célula musical do pagode. Recentemente a gente veio beber da fonte do sertanejo também. A nossa raiz de samba reggae ficou pra trás. (...) O que o axé music não conseguiu, não quis e não achava que era importante fazer foi essa continuidade do produto. Qual foi o último produto comercial midiático que se lançou? Claudia Leitte, há quase 20 anos", observou.
Sobre o Geração GFM
Com muito bom humor e leveza, Thiago Mastroianni e Dino Neto conduzem entrevistas com ícones dos anos 80 e 90, toda semana, em duas versões: uma especial para o rádio 90,1, e outra edição com bate-papo na íntegra no Youtube.
Você também pode ouvir no formato podcast, disponível nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts, Pocket Casts e RadioPublic.
